Reencontro Sombrio - Renascido

Capítulo 12 - Acertos do coração

"Não me lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser."

Clarice Lispector

A noite se aproxima e a coragem de contar tudo que aconteceu nos últimos anos ao Nick vai evaporando. Será que ele vai me entender? Será que ainda vai querer algo comigo depois de tudo?

É melhor ser sincera agora antes de sentimentos maiores estarem envolvidos, se é que já não estão! Tento me acalmar, inspirando e expirando, como nos exercícios de ioga. Minha concentração acaba quando a Khaila baté pedindo para entrar.

– Nossa Mel! Você tá Emma feito papel. Esta sentindo alguma coisa? Quer um remédio? Um copo com água ou um chá? – pergunta preocupada.

– Não amiga! Minha doença do momento se chama "conversa séria com Nick". Se bem que um chá para os nervos ajudaria ou então um balde para vômito. – digo ficando mais nervosa.

– Conversa seria? Não me diga que vocês vão finalmente se entender!? – baté palmas alegre com a descoberta.

– Vamos nos entender dependendo do resultado dessa conversa, daí meu nervosismo! – digo andando de um lado para o outro respirando fundo. – Sério, acho que vou deixar esse papo para depois! Não estou me sentindo bem.

– Não senhora! Finalmente meu casal favorito vai se acertar e serei condenada se deixar você amarelar agora. – me puxa em direção ao sofá. – Você senta ai enquanto preparo um chá de camomila, que vai tomar todo.

– Você precisa é da sua própria vida amorosa para esquecer um pouco a minha!

– Diz isso mesmo sabendo que ninguém me interessa ou vice–versa!

– Não foi o que vi todas as vezes que o Alexander chegava lá em casa e você estava por perto. – digo tentando ver qual sua reação.

– Definitivamente esta começando a ver coisas que não existem querida! – responde balançando energicamente a cabeça. Era o que eu pensava!

Sai sem me deixar respondê–la, indo buscar meu chá. Enquanto implicava com ela até esqueci dos meus problemas com meu homem. Meu homem! Nunca imaginei que fosse chamar o Nicholas assim, como o mundo da voltas.

Minha amiga traz meu chá, tomo de um gole só, preciso me acalmar o quanto antes, e deve estar chegando. Enquanto isso melhor conversar com a Khaila, assim foco em outra coisa.

– Me conta como as coisas estavam aqui, de verdade? – peço.

– Amiga já falei antes, estavam normal! Ninguém desconfia que suspeitamos de alguém dentro, ou se isso acontece estão disfarçando bem. Muita gente pediu mais detalhes sobre o que aconteceu com você, mas depois de contar sempre a mesma história pararam de perguntar.

– Na direção, tudo bem? Os clientes não falaram nada sobre eu ter sumido assim?

– Não Melinda! Todos sabem o que aconteceu, pelo contrário, ofereceram o máximo de apoio possível. O seu Mário ter ficado aqui nas duas primeiras semanas ajudou muito a manter todos calmos. A história de que viram você morta na calçada se espalhou, foi difícil manter a calma nos primeiros dias, enquanto você estava, você sabe!

– Enquanto estava em coma, sem saber se ia sobreviver. Entendi!

É complicado saber que estive tão perto da morte e nem ao menos lembrar de muita coisa sobre isso. Se não fosse o apoio dos meus amigos e da minha família nem sei o que teria me acontecido.