Luz da lua (terminado)

Suspiro de vida

As garras estriavam o chão como se afiassem e se preparavam para rasgar. Os rosnados eram audíveis e fortes. Black riu-se e então os rosnados se tornaram mais audíveis e em torno dele se viu um círculo de caça formado por lobos. Uma alcateia pronta para defender um valioso membro do grupo. O sorriso antes arrogante se tornou amarelo e a confiança já não era tão evidente afinal.

O brilho prateado iluminado pela lua cheia, davam a eles plena visão do seu território, os sentidos mais apurados do que nunca. Todos apenas esperando um único movimento em falso para atacar. Os passos da fera eram calmos e direcionais ao homem que tinha agora uma arma na destra e uma lâmina na canhota. Era habilidoso com ambas e certamente não recuaria naquela luta.

Na primeira aproximação da fera ele dispara a arma acertando o ombro da fera, mas sem tempo é atacado pelos lobos. Ele usava a lâmina e a arma, mas certamente os animais eram predadores natos. Os caninos rasgavam facilmente as roupas grossas e a capa que usava. Os braços e as pernas tinham danos causados pelos lobos, os uivos dos lobos que eram feridos soavam e a fera dentre eles não perde tempo em atacar o caçador. Infelizmente caçar sozinho nunca era uma vantagem e Black aprenderia naquela noite o poder de uma alcateia...de uma família de lobos.

Mais um grito de dor é dado por Chichi. Ela tenta se levantar mais a dor forte a fez desistir da ideia, perto dela haviam dois lobos que faziam sua guarda

"vai ficar tudo bem" – ela murmurava para si mesma todo o instante. a respiração estava ficando mais descompassada e ofegante. O corpo coberto de suor. Ela prende os cabelos negros com uma fita. Ouvia muito ao longe os rosnados e os disparos... estava ficando desesperada e aquilo não estava ajudando no seu atual estado. Ela precisava se proteger e principalmente proteger ao seu filho. Um impulso era tudo que precisava e como se ouvisse sua prece a mata a deu esse impulso e ela se levantou e juntando todas as suas forças caminho e se afastou dali o mais rápido que podia. Vários passos e novamente ela trinca os dentes sentindo o amargor da dor latente nas ancas que se dilatavam.

—Ajuda a mamãe — murmura com lagrimas nos olhos e tocando o ventre e novamente segue a caminhada afastando-se, os lobos a seguiam como guarda

Os que eram feridos abriam precedentes para os que estavam plenos. Black sentia o sangue escorrer por seus braços pelos rasgos dos caninos e agora estava mais perto do fim do que nunca. Não era honroso, mas ele tinha que se proteger e fugir. A besta na mão era mais eficiente que a arma e sem dúvidas acertar a fera era mais importante que os lobos e assim ele priorizava seu ataque, mas consciente Kakarotto não tocou nos ferimentos, por mais que aquilo estivesse rasgando seu corpo de fora para dentro. Ele só tinha um objetivo matar Andrew Black e com um ataque coordenado tudo que Black sentiu foi o peso enorme da fera sobre si. As garras das patas dianteira apoiada sobre os ombros dele agora enfincavam em sua carne arrancando gritos desesperados e dolorosos. Os olhos azuis estavam cara a cara com os negros azulados e os caninos mais sanguinários do que nunca mergulharam no pescoço rasgando a garganta de Black. A fera sai de cima dele meio cambaleante a visão estava um tanto afetada pelos ferimentos a prata. Ele caminha em posição feral na mata retornando à onde havia deixado Chichi. O corpo tentava se manter firme e olfato tentava rastreá-la para se guiar em meios as arvores. Doía...como doía. Cada arranjo de prata em seu corpo o fazendo sangrar com as feridas abertas, o caminhar estava um tanto débil quando chegou a clareira e não a via ali. O cheiro dela estava por todos os lados, ele se encosta nas pedras e o corpo cede no chão. Ele podia ver a trilha do seu próprio sangue por onde vinha as forças se esvaiam rápido, ele precisava acha-la, o uivo alto ecoa como um chamado na mata, os lobos que a acompanhava escutam e respondem ao chamado anunciando a posição que estavam. Chichi está agora sem a menor condição de caminhar, encostada contra a parede da caverna ela apenas sentia as fortes de dores que vinham uma atrás.