Uma linhagem de caçadores

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Quando finalmente o horizonte ganhava um tom do cinza, Kakarotto sentira que seu corpo regredia ao estado de humano, até por fim voltar a ser um homem novamente. Os olhos negros, no entanto, a olhava com certo apreço agora. Aquilo era uma completa loucura, quer dizer...nunca viu de fato aquilo acontecer e olha que durante muitos séculos ele cruzara com feras como ele, bruxas...até mesmo ninfas filha das matas, mas nunca antes viu aquilo ser real, principalmente pelo fato de que ela era muito jovem e o caminho que ele seguia era sombrio demais para deixar-se levar por aquilo não podia ceder aquilo jamais, era inconcebível! Ele terminaria suas noites naquela cidade e partiria dali...tinha que ir até a matriarca dos lobos, ele tinha que estar errado... não podia tê-la condenado a vagar ao lado dele...

Não tivera nem tempo de pensar, pois uma matilha de lobos prateados surgi ali o encarando como feras que eram.

—Merda – ele rosnou, era uma boa hora para ter garras ainda.

Os animais porem farejavam algo no ar e ao se aproximarem da garota ficaram próximos dela e um a lambeu na marca e olhou para Kakarotto e então um uivou ecoou nas matas e os outros o seguiram.

Ele não segurou um sorriso de lado meio torto. Era até surreal aquilo, ela tinha uma matilha...definitivamente era uma garota interessante...

—Cuidem bem dela – ele disse ao sair dali a deixando adormecida se entranhando por fim na floresta.

...

O sol estava preste a despontar quando ele chegara ao quarto na estalagem. Sentia o frenesi dentro de si e o cansaço ao mesmo tempo.

Deitou-se então na cama e tentou descansar ao menos um pouco.

Chichi, quando acordou estava em meio aos seus lobos e ainda estava se perguntando se o que tivera foi um sonho ou aquilo foi real, ela levou os dedos ao pescoço e percebera a protuberância leve que havia ali e franziu o cenho. Que fera era aquela afinal? Ela percebeu que dormiu de qualquer jeito ali, então se cobriu rapidamente fechando a capa e correu em direção a sua casa. Quando chegou ao lugar foi o mesmo murmúrio de sempre por ela passar a noite fora.

—O que foi isso no seu pescoço? – perguntou o seu irmão mais velho.

—Me machuquei – ela mentiu a fim de não dar corda.

—Parece mais uma mordida – ele respondera com a língua afiada e a mãe a puxou olhando o ferimento.

—Tem razão! – ela disse - como conseguiu algo assim? - A matriarca perguntou.

—Já disse, me machuquei – Chichi disse saindo das mãos da mãe.

—Aposto que foram os cães dos Malores – o irmão disse com certa malicia – ela gosta desses tipos de animais pulguentos, isso que dá...animais não são confiáveis, te mordeu e você ainda mente os defendendo.

—Me deixa! – ela gritou saindo da casa e acaba subindo em uma arvore ali por perto mesmo.

Estava zangada, irritada, frustrada, queria um espaço seu, um momento de processar sua estranha noite. Ela então se recostou no tronco grosso ao equilibrar-se em um galho alto.

—Manhã ruim? – a voz sussurrara em seu ouvido a fazendo desequilibrar-se e ver a queda certa que seria muito feia, mas a mão forte a segurou e a puxa para si num abraço de costas.

Ela ia gritar, mas ele tapara sua boca até ela se acalmar a virando e ela finalmente o olhou nos olhos negros de brilho azulado.

—como você... Ou melhor o que está fazendo aqui? – ela perguntou assustada e perplexa com a presença dele ali, seria um maníaco?

Luz da lua (terminado)Onde histórias criam vida. Descubra agora