O duque volta a suas terras

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A velha matriarca caminhava com seu leque em punhos, sorrateira com sua taça de vinho na mão oposta a destra do leque. Ela observava ao longe a ação de Lorde Andrew e sem dúvidas viu uma imensa vantagem com um certo brilho nos olhos, ainda mais porquê a matriarca dos Cutelos estava a analisar pedidos de corte para a sua neta, e tudo que lhe importaria era a linhagem e o status. Nome era tudo sem dúvidas e ter um Black em sua arvore genealógica a trazia um poder quase imensurável.

Ela viu que a sua neta se aproximava e fez-se de desentendida, com uma malicia excepcional.

—O que foi criança? – perguntou a velha sorrateira.

—Eu...só não estou me sentindo bem vovó, gostaria de poder me retirar se não se importa – fala Chichi tentando não transparecer o abalo interno que realmente sentia naquele instante.

—E faria essa grande desfeita a ilustríssima condessa? Comporte-se menina. Achei que a muito tempo havia se tornado uma mulher. Não é forte o bastante? – disse a mulher dando a neta a intender que havia contemplado o que ocorrera com ela minutos antes.

—Eu...eu não sei mais se sou – fala a garota baixando os olhos- eu não nasci pra isso vovó... – dissera chichi tentando convencer a matriarca de que o melhor era deixa-la ir embora daquele lugar de uma vez.

—Então deixe com sua avó...repouse seus temores em mim querida. Afinal não sou eu que cuido de sua tutela e seus interesses? – disse a mulher abrindo elegantemente o leque empunhado.

—Sim vovó – Chichi anuiu e a velha senhora lhe limpara os olhos molhados delicadamente a fazendo entender que tudo ficaria bem, que ela a cuidaria e guardaria.

—Agora se sirva de mais vinho para se aquecer, fara frio essa noite – disse a matriarca.

Os olhares da matriarca rapidamente se cruzam com os de Black e com um consente de ambas as cabeças, ele se aproximou da senhora.

—Perdão Lady Cutelo. Não foi minha intensão ofender a honra de sua adorável neta – disse Andrew justificando-se, muito embora era perceptível a matriarca a falta de sinceridade nas palavras, não a parte da honra, mas a parte que ele desejava a pequena herdeira.

—Mas o fez...Chichi é uma garota amável e dócil, mas também tem um espirito difícil de se lidar e precisa de um marido de pulso para conte-la e doma-la, não vou mentir, ela tem o espirito dos Cutelos – fala a velha senhora com um ínfimo sorriso torto.

—Gostaria de ser esse homem – falou Black bebericando a taça de vinho – sem dúvidas as peculiaridades dela me atraem...saberia lidar com ela, afinal...sou Black – o sorriso era malicioso e perverso ao mesmo tempo.

—Então certamente aguardo sua proposta amanhã em minha casa – disse Lady Cutelo e com um aceno se afastou de Black voltando ao salão de convivência da condessa.

(...)

Sem dúvidas aquilo estava indo longe demais. Seu peito ardia quando entrou em seu quarto. As unhas ariscas coçavam em volta do corte em seu peito como se quisesse arrancar a pele que ardia e pulsava. Uma vã tentativa de se livrar do que lhe causava imensa dor no corte.

—Droga de lâmina de prata! – ele bradara num murmúrio vendo o sangue escorrendo em si.

Ele rasgara a bufante manga branca de seu traje sobre a cama e esfregara gemendo de dor pelo ferimento. Os dentes trincaram da dor, mais uma vez e cansado daquela droga... mais uma vez ferido por bobagens.

Luz da lua (terminado)Onde histórias criam vida. Descubra agora