Momma and Surprises

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Agosto chegava ao fim, e com ele minha casa ficava mais movimentada do que o normal.

É claro.

Beau fazia aniversário dia 27, faltava uma semana e eu não tinha ideia do que fazer. Das outras vezes eu também falava que não tinha ideia, mas na verdade, bem lá no fundo eu meio que tinha uma noção. Porém, dessa vez a situação estava realmente difícil.

Em um ano Beau amadureceu muito, minha mãe diz que é porque durante esse tempo todo Beau teve uma convivência maior apenas comigo. Ela é a criança mais recente da família então sempre conviveu com muitos adultos, mesmo que todos sempre a mimassem muito. Quando nos mudamos e percebemos que diariamente seríamos só nós dois criamos um laço de responsabilidades, tanto ela quanto eu. Até digo que estávamos amadurecendo juntos, aprendendo coisas novas juntos e vivendo uma vida nova juntos. 

Em certos momentos, ela conseguia perceber que eu tinha dificuldades pra fazer algumas coisas e oferecia ajuda, na maioria das vezes eu negava por ela ser muito pequena ainda pra tentar me ajudar com meus problemas. Mas ao longo do tempo ela foi me mostrando que realmente estava mais amadurecida do que eu pensava, começamos a ter conversas formais cedo e eu penso que ela também se sinta tão responsável quanto eu em relação a casa. 

Estamos sempre nos cobrando e ajudando, mesmo que parta das menores cobranças possíveis — esqueceu de arrumar a cama, se tirou do lugar põe de volta, comer na hora certa, estudar na hora certa, brincar e etc — E isso, não posso negar, me fazia um pai muito realizado.

Enfim, voltando ao assunto inicial, eu definitivamente não sabia o que fazer. Então ninguém mais, ninguém menos que Anne — minha mãe, ela mesma — Estava vindo passar um ou alguns dias na minha maravilhosa residência. E talvez, só por isso eu estava desesperado checando todos os cômodos possíveis da casa. 

Havia acabado de chegar do colégio com Beau, e esse é o momento em que nos damos o privilégio de bagunçar. As roupas que tiramos podem esperar um pouco antes de serem guardadas e as louças podem ser lavadas depois também. Bagunce, mas bagunce com moderação.

Enquanto eu ia nos banheiros, sala e cozinha, a menina olhava meu quarto e o seu. Todo mundo sempre me perguntava o porque de termos quartos separados, já que os cômodos são grandes o suficiente pra duas pessoas, mas eu gostava de manter essa separação. 

Como qualquer pai e filha não temos uma relação perfeita, muitas vezes brigamos e discutimos, então ter o quarto junto poderia acabar piorando tudo em situações como essa. Até como pessoas, todos às vezes precisam de um momento sozinho, apenas com si mesmo pensando sobre tudo ou nada.

Ao que Beau descia ofegante avisando que já estava tudo arrumado lá em cima, mandei a garota ir se arrumar ou ao menos tomar um banho, que fez com que a mesma voltasse a subir, mas dessa vez fazendo um bico em desgosto.

Assim que eu tirei as últimas roupas espalhadas de cima do sofá e taquei todas no cesto, a campainha tocou. Era ela. Antes de atender fiquei parado por uns 5 segundos, acalmando todo o meu corpo que estava agitado pela organização mais rápida da minha vida. Respirei fundo e logo abri a porta.

— Ora, ora... Se não é o meu bebê mais lindo e — Ao que terminava de me abraçar deu um cheiro perto de meu pescoço, apenas confirmando de onde vinha — Fedido.

— Mãe, você que avisou em cima da hora...

— Então eu já chego nessa casa escutando reclamações? — Disse ainda de pé na porta com uma bela bolsa pendurada em seus braços. Aquela eu reconhecia, havia dado de aniversário.

— Não, eu só—

— Harry, como se eu não te conhecesse. Você saiu de dentro de mim e eu sei muito bem que o senhor estava desesperado arrumando tudo agorinha mesmo.

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