Questions

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A festa havia sido maravilhosa, toda a correria e o esforço deram certo, muitas pessoas importantes pra mim — e principalmente pra minha filha — estavam lá. 

Foi ótimo rever parentes e amigos que vinham de longe, eu amava estar junto dessas pessoas mas desde que me mudei isso ficou um pouco mais complicado por conta da distância, e quando finalmente tínhamos a oportunidade de nos ver parece que o tempo voava.

Acabei acordando antes de Anne, Gemma e Robin então tomei um banho e coloquei uma roupa confortável pra passar na padaria e preparar uma boa mesa de café da manhã, queria que eles ficassem totalmente à vontade aqui. 

Na verdade, eu era assim com todo mundo e admito que puxei esse dom da hospitalidade de Anne. Comprei alguns pacotinhos de chá, ovos, mel pras panquecas e pão, é claro.

Deixei o carro estacionado no meio fio e fui dar uma olhada em Gucci que dormia como um anjinho, quem vê o filhote desse jeito nunca imaginaria que ele é profissional em mijar nos pés das pessoas. 

Ao entrar em casa encontrei Beau sentada no sofá, o que era estranho, já que ela sempre gostava de acordar mais tarde nos fins de semana. E o mais estranho ainda é que ela nem sequer havia ligado a TV, estava apenas sentada encolhidinha no canto do sofá, olhando pro nada.

—Hey! Bom dia filha... —Fiquei esperando por uma resposta, mas nada veio. Ela continuava parada, e eu nem ao menos conseguia ler sua expressão.

Ok, isso é muito estranho.

Deixei as compras no balcão da cozinha e logo fui em sua direção, de forma calma. Ela nem sequer me olhou. Me sentei ao seu lado no sofá, colocando meus braços em volta de suas costas, nos aconchegando naquela fria manhã. 

Eu nunca tinha visto a menina daquele jeito, principalmente nas manhãs pós aniversário — que geralmente eram as mais felizes — então aquilo estava começando a me deixar aflito. 

Não sabia se o certo era deixar ela ali, e esperar a menina tomar seu tempo para me responder, ou se tentava falar mais uma vez com ela. 

Eu fiz algo de errado? Aconteceu algo de errado? Se sim, então eu queria saber o que era. 

Uma garotinha tão pequena não podia guardar coisas pra si mesma, eu deveria saber como orientá-la em qualquer situação que fosse. Então apenas tentei uma comunicação novamente.

— Ei... Raio de sol — Esperei que Beau me olhasse de volta. —Tá tudo bem?

Mas seu olhar direcionado a mim não durou muito tempo, foi desviado assim que ela me respondeu de forma cabisbaixa: — Tá... Eu só- só tô pensando aqui.

— O que tanto ocupa essa cabecinha, hein? — Perguntei, passando meus dedos sobre alguns fios de cabelo que caíam em seu rosto.

— Nada demais.— A voz era fina e rouca de quem acabara de acordar, porém um pouco embargada.

— Então... quer dizer que você acordou cedo num domingo, que por coincidência é o dia seguinte do seu aniversário, e além disso nem sequer mencionou em abrir os presentes... E ainda quer que eu acredite que não é nada demais? — Nos encaramos. Silêncio.— Você sabe que pode me falar tudo, e eu sempre vou fazer o máximo pra te ajudar. Eu tô aqui pra isso, sou seu pai, te amo mais do que qualquer outra pessoa nesse mundo.

A menina continuava com o olhar direcionado ao chão, mas algo em sua expressão mudava. Talvez agora ela estivesse disposta a falar.

— Eu... Eu não acredito em fadas. — Falou. As mãos entrelaçadas, os dedinhos brincando em seu colo nervosamente.

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