Decisions

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Durante toda a semana, desde aquele dia, apenas uma coisa se passava em minha cabeça. 

Quando eu acordava, quando me pegava distraído olhando pra alguma parede coberta por uma cor nada atrativa, até mesmo quando eu fechava os olhos pra deitar. Eu só conseguia lembrar daquele momento e do clima instalado ali, lembrava da maciez, da proximidade e do gosto.

Não era pra ser assim.

Depois de terça, Louis veio trabalhar na quinta, e o que eu tanto achava que ia tornar seus outros dias aqui um misto de sentimentos, mesmo não sendo tão bons - confusão, talvez um pouco de vergonha colorindo nossas bochechas e transbordando em nosso olhar ao lembrar de um certo momento e até um frio na barriga - acabou me provando totalmente o contrário, sendo nada como eu havia imaginado.

O ambiente parecia ser preenchido por dois não tão conhecidos, poucas palavras, poucos sorrisos, poucos olhares. Era estranho. Tudo beirava o "sim" e "não", "onde está tal coisa?" aqui ou ali. Depois de tentar puxar assunto, Louis finalmente comentou que havia dito pra William sobre estar trabalhando em minha casa. Sua reação tinha sido ótima, exatamente como a da Beau, o que nos gerou uma pequena troca de risadas por tentar imaginar eles dois comentando sobre isso e criando maneiras de passarem dias e dias juntos, mas foi só isso.

E afinal, se os dois que eram nossa maior preocupação, estavam de bem com essa situação, o que deixava Louis tão receoso e distante?

Tudo bem, tinha o beijo. 

Mas depois do acontecido, deixei claro pra Louis que eu não senti que foi errado em momento algum e que não me arrependia - já que desde o primeiro dia em que bati os olhos em Louis, naquela escola, tive vontade de beijá-lo, essa é a mais pura verdade - até porque foi consentido pelos dois. Mas também disse que se ele se sentisse desconfortável com tudo aquilo e quisesse parar de trabalhar aqui eu concordaria, nada mais do que o justo.

E mesmo que não tivesse dado muito tempo dele se pronunciar sobre, visto que Jeff e Beau tinham chegado no exato segundo em que Tomlinson ia falar, ele ainda estava ali. Ele ainda estava ali e não havia um pingo de ressentimento em seus olhos ou em sua expressão, não havia arrependimento. 

Não era difícil deduzir o que se passava depois de observá-lo pelo canto do olhar toda vez que eu tivesse uma oportunidade, só não era bom perceber aflição, apreensão, receio.

Eu queria parar tudo o que definitivamente não estava acontecendo ali, ir até ele e perguntar o por quê. Mas aparentemente o chão insistia em prender meus pés e toda a coragem que eu imaginava ter, então eu só ficava no mesmo lugar parado pensando: Era drama demais? Era errado? Eu passei do ponto e rasguei a faixa de limites?

Bom... Talvez uma parte das nossas mil dúvidas e pensamentos no dia da coincidência, quando encontrei Louis aqui ainda no estágio experimental, teria a ver com essa aproximação. Talvez a desculpa usando nossos filhos fosse uma forma de não cruzar os limites porque eu sabia que seria difícil com alguém como Louis a minha frente.

Mas ele ainda estava ali.

E isso me instigava, de certa maneira.

Até que em um certo momento nos esbarramos, e talvez essa aproximação forçada tenha sido o suficiente para que Louis deixasse sair o que estava pesando dentro dele. Ou pelo menos uma parte disso.

Pude contar no máximo cinco segundos até que o mesmo abrisse a boca e soltasse as palavras. Larguei os seus pulsos que ainda estavam presos entre minhas mãos, impedindo que ele caísse com o impacto bruto de nossos corpos e assim, frente a frente, cara a cara, eu ouvi o que ele tinha a dizer.

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