Questions II

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Depois de algumas horas as crianças já tinham aberto todos os presentes, e ficaram apenas ali na frente brincando e decidindo quais eram os melhores. Quando Beau abriu o presente de Louis e William foi um dos momentos mais fofos do dia.

Era um golfinho de pelúcia com o nome dela bordado numa letra cursiva e linha azul escura em uma de suas nadadeiras. Ainda havia uma cartinha junto ao presente, explicando o significado de ter sido um golfinho, e nela dizia que era porque o animal é o guardião da vida e nos ensina a soltar as emoções através da respiração, espalhando alegria no mundo. 

Ele é puro, alegre, sábio, carrega amor e harmonia, e através dos sons que emite, cria uma comunicação e conexão própria com outras pessoas.

Exatamente como Beau.

Ao que o sol começou a se pôr, o clima se tornou mais frio e todos fomos pra dentro. Agora, enquanto as crianças ainda brincavam tranquilas no cantinho da sala, eu e Louis arrumávamos o lugar forrando uma toalha vermelha em cima da mesinha de centro e colocando umas canecas de chocolate quente ali e marshmallows pra mergulhar na bebida. 

Sentamos em cima das almofadas que rodeavam a mesinha, como se fosse um piquenique, um piquenique do nosso jeito — dentro de casa, confortáveis e quentinhos — e o momento foi extremamente harmonioso. Às vezes eu e Louis trocávamos olhares divertidos, mostrando que um ou outro estava sujo de chocolate, enquanto as crianças denotavam em minutos todo o marshmallow, que quase derretia na boca de tão macio.

O fim do piquenique foi a parte mais chata — é claro, tudo o que é bom dura pouco —. Mas mesmo que eu pedisse muito pra não se incomodar, Louis fez questão de me ajudar a lavar e guardar as louças.

Então aqui estávamos nós na cozinha novamente, eu lavando e ele secando. Eu me sentia confortável com isso, parecia uma ação que fazia parte de uma rotina. Mesmo com poucos dias de trabalho Louis já sabia onde vários objetos ficavam, e eu torcia pra que as crianças não percebessem, já que elas são muito espertas e estão sempre prestando muita atenção em tudo.

— Eu amei o presente que vocês deram à Beau. É muito lindo, principalmente a cartinha que você escreveu. — Falei, já um tanto emotivo. Em seguida ri da reação de Louis quando reforcei o 'você escreveu'.

— Ei! Eu só ajudei a ditar, William queria escrever algo bonito. Eu fui falando e ele colocava tudo em ordem. Só precisei soletrar algumas palavras, mas na maior parte ele seguia sem dúvidas. Parece que você tá fazendo um ótimo trabalho como professor, Harry. — Louis sabia como arrancar sorrisos de mim na maior parte do tempo, mas nada me fazia tão completo e feliz quanto elogios em relação ao meu trabalho, meu sonho.

— Oh. Obrigado!? — Falei de maneira boba. — Agora sério, isso deixou ela muito feliz e... — Mais uma vez comecei a divagar em pensamentos indesejados sobre as perguntas de de manhã, o que fez com que eu me perdesse no meio da fala.

O que eu menos queria estava prestes a acontecer, comecei a sentir meus olhos se enchendo de água. O sorriso que antes estava pregado nos lábios de Louis, agora diminuía e as louças que ele segurava foram largadas no balcão instantaneamente.

— Harry? — Falou mais baixo sem que chamasse atenção das crianças. — Styles? Tá tudo bem? — Virei o rosto para que ele não visse uma lágrima descer, mas um toque seu no meu queixo foi o suficiente para que nossos olhares estivessem interligados de novo. — Você quer conversar? Eu... Se não, tudo bem, mas... Eu posso tentar ajudar. Senta aqui, vem. — Puxou duas cadeiras que ficam perto do balcão da cozinha, e nos sentamos lado a lado.

— Não quero te perturbar com os meus problemas. Me desculpa, eu não sei porque—

— Harry, por favor. — Louis agora me olhava sério. — Nossos problemas se tornam melhores quando a gente começa a dividir eles. Eu posso não ser a melhor pessoa pra isso mas... Também tenho muitos problemas, de repente... a gente consegue se ajudar?! Quem sabe... — Eu realmente faria isso? Faria. 

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