Capítulo dois ― Jimin.

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Vagamente abro os meus olhos, enxergo tudo com certa dificuldade, mas me espanto ao ver que estou no meu antigo quarto na minha antiga casa em Busan. Por quanto tempo eu fiquei desacordado? Minha cabeça doía muito e era insuportável, decido descer e pegar algum remédio com minha mãe.

  ― Bom dia mãe, a senhora tem remédio pra dor de cabeça?

  ― Bom dia filho, tenho sim, ali a segunda gaveta do armário branco.

  Fui buscar o remédio quando escuto minha mãe gritar, fazendo minha dor de cabeça piorar.

  ― Por que não está de uniforme? Daqui a pouco você tem aula!

  ― Mãe eu já me formei da faculdade faz tempinho... A senhora está bem?

  ― Faculdade? - riu pegando a colher de pau e batendo em sua mão esquerda me olhando com ar ameaçador. ― O que eu falei sobre drogas, Jeon Jungkook? Você só tem 17 anos, é melhor se arrumar e ir pro colégio.

  Corri até meu quarto apressado fazendo até eu tropeçar nos degraus da escada, pego meu calendário que estava em cima da escrivaninha e olho a data de hoje,  14/02/2014. Solto o objeto que estava nas minhas mãos e sento na minha cadeira completamente chocado.

  O que estava acontecendo?

  Na escrivaninha tinha também uma estrela dourada e nela tinha escrito "Não desperdice essa chance".

  A Lisa era real? Eu realmente voltei ao passado?

  ― JUNGKOOK VOCÊ VAI SE ATRASAR!

  Era estranho estar revivendo tudo isso, pois a minha ansiedade não era pra ter amigos novo, era pra reencontrar Jimin, era pra ouvir sua voz outra vez, era ter ele perto de mim. Mas eu estava confuso, o que fazer quando o ter perto? Lógico que não posso contar o que está acontecendo, além dele me achar um louco, eu não o manteria por perto, eu tinha que agir como se fosse a primeira vez, só que fazendo tudo certo.

  Chego perto do portão do colégio e o vejo, no mesmo lugar, na mesma posição tendo entre os dedos a borboleta rosa. Encosto nele devagar e diferente da outra vez, eu o chamo.

  ― Oi...

  Ele se vira pra mim assustado e da um curto sorriso, eu estava com saudades disso.

  ― Oi, precisa de ajuda?

  ― Sou novo por aqui, poderia me mostrar o colégio?

  ― Sim, sim. Vem, vou te mostrar o colégio.

  Andamos pelo refeitório, segundo pátio - que ele diz ser pros mais novos, mas que fica lá às vezes -, enfermaria e por último me levou para minha sala, ele ficava na sala ao lado por ser do segundo ano ainda. E fiquei preocupado dele ficar sozinho de novo, não posso cometer os mesmos erros que antes.

  ― Quer passar o intervalo comigo?

  Pergunto de uma vez, o assustando-o.

  ― Eu adoraria. - sorriu para mim e foi para sua sala.

  Entro na minha sala e vou sentar no mesmo banco que tinha sentado antigamente, algumas meninas me olham e  conversam entre si, a popular IU e suas "pau mandada" Jennie e Jisoo (o trio popular do colégio) eu simplesmente odeio elas. Jennie chega até minha mesa enrolando uma mecha de cabelo com o dedo.

  ― Você é novo por aqui? Minha amiga IU amou você.

  Ela diz com voz enjoada com falsa timidez.

  ― Que bom. - digo seco e ela suspira revoltada soltando 'gruninhos' raivosos.

  ― CARALHO NOVATO - chega um ser chamado Kim Taehyung atrás de mim, me dando um susto pelo grito repentino. ―, você conseguiu o que todos os garotos tentam a anos, ter a atenção da IU, você é foda.

  ― Eu não quero a atenção dela, eu sou gay.

  ― E eu sou mulher - riu como se tivesse dito a maior piada do dia.

  ― Se você se sente assim, eu não vou lhe julgar.

  Taehyung fecha a cara e sai de perto de mim e logo a professora de matemática chega na sala se apresentando.

  Quando o sinal do intervalo toca eu saio correndo para a sala do Jimin e me assusto ao ver IU e as meninas praticando bullying com o meu garoto. Enfurecido vou até elas e tiro Jimin de lá segurando sua mão, percebo alguns sussurros delas, mas ignoro.

  Chegamos ao refeitório e sentamos numa mesa afastada de todos e vazia. Ele estava envergonhado, eu sentia isso.

  ― Por que fez isso? - perguntou baixinho.

  ― Eu só te tirei de perto delas, elas não estavam sendo amigáveis com você. - respondo sincero pegando meu suco de maçã e bebendo um pouco.

  ― As pessoas costumam ignorar os outros, eu só... fiquei surpreso.

  Sorri com a timidez do mais novo e fiz um breve carinho em sua cabeça, afastando alguns fios de cabelo do seu rosto.

  ― O que você gosta de fazer no tempo livre, Jimin?

  ― Tocar piano. - sorriu ― É maravilhoso sentir a música, sentir ela curando cada ferimento meu, por mais profundo que seja.

  ― Um dia quero ouvir você tocar, se não for muito incômodo, lógico.

  Jimin sorriu baixo e encarou a mesa.

  Eu sabia que ele não trazia o que comer, e nem dinheiro, eu só não sabia o porquê, então trouxe um lanche a mais para ele.

  ― Toma, eu trouxe achando que ia sentir mais fome que o normal, e como estamos virando amigos decidir lhe dar algo. - sorri e entreguei a ele.

  Eu sentia sua surpresa e sua felicidade. Jimin era alguém calmo, paciente, sincero, meigo, simpático, e todos os adjetivos bom, eu poderia ficar horas e horas falando dele, do jeito que ele sorri, da maneira que ele fala. Eu faria tudo diferente, eu não deixaria Jimin sozinho.

  Eu não vou deixar a estrela de Jimin se apagar.

Just a Chance - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora