2/?

3.2K 328 36
                                    


Caminhamos em direção ao balcão, a atendente ficou me encarando, achei que fosse por causa do chinelo. Se esses ricos soubessem o quanto é bom usar um chinelinho, aposto que não estariam me olhando assim. 

-Wendy, você ta bem ? ~ele me perguntou. 

-Estou um pouco desconfortável. Todo mundo me olha estranho. 

Chegamos ao balcão.

-Oi, eu gostaria de olhar uns biquínis para minha amiga. ~o Luiz disse sorrindo , e que sorriso fofo. 

-Eu acho que não temos no tamanho dela Senhor. ~ela disse um pouco desconfortável.

-Eu te avisei. ~sussurrei pra ele. 

-Mas nem foi olhar.~ele disse a atendente.

-Mas Senhor, só vestimos até o 38. 

-Então traga o 38. ~eu belisquei o Luiz porque eu não visto 38, obviamente. 

-Luiz, eu não visto 38. 

-Não? ~e foi ai que eu percebi que ele tem 0% de noção disso. Então eu apenas ri. 

Depois de 30 min a atendente volta com maiôs. Dizendo que aqueles eram as roupas maiores da loja. 

Luiz me obrigou a vestir um, que era lindo, mas nem de longe era o modelo que eu gosto. Entrei no provador, crente que não ia caber.

Sem nenhuma surpresa não serviu, nem subiu nas minhas pernas. Por um momento eu até achei que a culpa era minha sabe? Afinal eu que estou fora dos padrões. Minutos depois eu respirei fundo e comecei a me elogiar em silêncio. Um papo meu comigo mesma sabe? Lembrei o que a Dra. Viviane me ensinou:''Não é  você que tem que servir a roupa, é a roupa que tem que servir você''. A culpa não é minha. A culpa é deles que não tinham roupa para todo mundo.  Eu ein. Enquanto eu pensava isso, ouvi o Luiz conversar com a atendente :

-Tem certeza que esse é o maior número?

-Senhor não temos roupas pra esse tipo de gente, você já devia imaginar, não temos nenhuma atendente assim.. desse jeito. Nem entrevistamos ou contratamos esse tipinho, ou melhor, tipão. 

-Primeiro, isso é gordofobia. E você não vai ofender se falar que ela é gorda, vai ofender se falar tipinho e essas coisas. Que vergonha. 

-Não é gordofobia se eu não falar na cara deles. Por isso eu não peço números maiores. 

-Quero falar com a gerente agora! ~ele falou exaltado.

-Eu sou a gerente Senhor! 

-E por que veio nos atender então? 

-Gente como o Senhor eu que atendo. 

-Então você é a gerente? Pois não será mais. ~ele disse e ouvi passos próximos ao provador. 

-Ta pronta Wendy? Não vamos comprar nada aqui!

Que o Luiz é rico eu já sabia, mas ele era dono dessa loja? Pra achar que manda e desmanda aqui? Eu não falei nada. Sai do provador, ele pegou na minha mão e saímos da loja. Eu fingi que não tinha ouvido nada o Luiz parecia com raiva. Então nos afastamos. Ele ficava bufando de raiva e balançando a cabeça negativamente. 

-Luiz, O que a esposa do Albert Einstein disse quando ele tirou a roupa na sua lua de mel?~disse enquanto caminhávamos.

-Quê? 

– Nossa, que físico! ~eu disse e comecei a rir feito louca. Ele demorou mas logo me acompanhou na risada. 

-Sua risada é bonita, devia rir mais e tirar essa cara de emburrado que fica o tempo todo, credo! ~eu disse meio sem pensar, e ele ficou corou na hora.

GORDA [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora