Caminhamos em direção ao balcão, a atendente ficou me encarando, achei que fosse por causa do chinelo. Se esses ricos soubessem o quanto é bom usar um chinelinho, aposto que não estariam me olhando assim.
-Wendy, você ta bem ? ~ele me perguntou.
-Estou um pouco desconfortável. Todo mundo me olha estranho.
Chegamos ao balcão.
-Oi, eu gostaria de olhar uns biquínis para minha amiga. ~o Luiz disse sorrindo , e que sorriso fofo.
-Eu acho que não temos no tamanho dela Senhor. ~ela disse um pouco desconfortável.
-Eu te avisei. ~sussurrei pra ele.
-Mas nem foi olhar.~ele disse a atendente.
-Mas Senhor, só vestimos até o 38.
-Então traga o 38. ~eu belisquei o Luiz porque eu não visto 38, obviamente.
-Luiz, eu não visto 38.
-Não? ~e foi ai que eu percebi que ele tem 0% de noção disso. Então eu apenas ri.
Depois de 30 min a atendente volta com maiôs. Dizendo que aqueles eram as roupas maiores da loja.
Luiz me obrigou a vestir um, que era lindo, mas nem de longe era o modelo que eu gosto. Entrei no provador, crente que não ia caber.
Sem nenhuma surpresa não serviu, nem subiu nas minhas pernas. Por um momento eu até achei que a culpa era minha sabe? Afinal eu que estou fora dos padrões. Minutos depois eu respirei fundo e comecei a me elogiar em silêncio. Um papo meu comigo mesma sabe? Lembrei o que a Dra. Viviane me ensinou:''Não é você que tem que servir a roupa, é a roupa que tem que servir você''. A culpa não é minha. A culpa é deles que não tinham roupa para todo mundo. Eu ein. Enquanto eu pensava isso, ouvi o Luiz conversar com a atendente :
-Tem certeza que esse é o maior número?
-Senhor não temos roupas pra esse tipo de gente, você já devia imaginar, não temos nenhuma atendente assim.. desse jeito. Nem entrevistamos ou contratamos esse tipinho, ou melhor, tipão.
-Primeiro, isso é gordofobia. E você não vai ofender se falar que ela é gorda, vai ofender se falar tipinho e essas coisas. Que vergonha.
-Não é gordofobia se eu não falar na cara deles. Por isso eu não peço números maiores.
-Quero falar com a gerente agora! ~ele falou exaltado.
-Eu sou a gerente Senhor!
-E por que veio nos atender então?
-Gente como o Senhor eu que atendo.
-Então você é a gerente? Pois não será mais. ~ele disse e ouvi passos próximos ao provador.
-Ta pronta Wendy? Não vamos comprar nada aqui!
Que o Luiz é rico eu já sabia, mas ele era dono dessa loja? Pra achar que manda e desmanda aqui? Eu não falei nada. Sai do provador, ele pegou na minha mão e saímos da loja. Eu fingi que não tinha ouvido nada o Luiz parecia com raiva. Então nos afastamos. Ele ficava bufando de raiva e balançando a cabeça negativamente.
-Luiz, O que a esposa do Albert Einstein disse quando ele tirou a roupa na sua lua de mel?~disse enquanto caminhávamos.
-Quê?
– Nossa, que físico! ~eu disse e comecei a rir feito louca. Ele demorou mas logo me acompanhou na risada.
-Sua risada é bonita, devia rir mais e tirar essa cara de emburrado que fica o tempo todo, credo! ~eu disse meio sem pensar, e ele ficou corou na hora.
