Primeira Parte

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As vezes eu fico pensando "que porra eu fiz para a humanidade?''. Não é possível que esse cara esteja vindo aqui, gastando a gasolina - ficando com o carro parado- só para me encher a paciência . Eu respirei fundo, devo até ter tirado um pouco do oxigênio dele e o olhei. 

-Não. Obrigado! ~respondia friamente e continuei andando.

-Coé, olha o temporal que vai cair, e sua casa não é muito perto. 

-Pois que caia um temporal na minha cabeça Luiz eu não estou nem ai!!! Seria até bom ficar um tempo longe de vocês, mesmo que pra isso eu tenha que ficar doente. EU NÃO TE AGUENTO MAIS!!! ~eu gritei e cuspi essas palavras na cara dele,eu realmente já estava cansada de tudo isso. Aposto que era outra piadinha. 

-Cara, eu não tô te zuando, entra logo! ~ele disse já impaciente.

-VAI A MERDA LUIZ! EU NÃO TÔ NEM AI PRA VOCÊ E ESSA SUA CONSCIÊNCIA PESADA! ~eu gritava. Nessa altura eu já tava imaginando que não era mais piada e sim a consciência pesada.

Ele saiu pisando alto, e bufando de raiva, entrou no carro e bateu a porta tão forte que eu achei que fosse quebrar. Eu sei que ele não se importa, pra que fazer esse showzinho? Desnecessário!  

Ele foi embora e eu voltei a caminhar, a passos lentos, para casa. Hoje eu estava cansada. 

No meio do caminho, eu sinto pingos de chuva. Reviro os olhos pensando no que aquele imbecil tinha dito. Só espero que não chova tanto antes que eu chegue em casa.

Enquanto pensava nisso senti meu celular vibrar.

*ligação ON* 

- Oi mãe. 

- Filha está tudo bem? 

- Sim mãe, o pneu furou e eu estou indo a pé. 

-Ah sim. Eu estou saindo para o trabalho de novo. Quando chegar em casa me mande mensagem para eu saber que ficou bem. Não se pode brincar com essa chuva que está vindo.

- Assim que eu chegar eu te mando mensagem mãe. Beijo, te amo!

-Beijo filha, também te amo! 

*ligação OFF* 

Toda a minha força vem da minha mãe. Ela da duro para nos manter e me ama, mesmo com os meus defeitos. E eu amo tudo isso. Eu só estou aqui por ela. 

Assim que caminhava a chuva ia engrossando e tudo que eu pedia era para que ela esperasse só até eu chegar na esquina da minha casa. Eu estava em uma rua funda, com relação as outras. Se chovesse qualquer tantinho ali ia inundar e eu não ia conseguir sair de lá. Mas como sou eu é obvio que choveu antes que eu saísse daquela rua. De uma vez caiu um pé d'água tão forte que em instantes a rua foi se enchendo. Eu tive tanta raiva que comecei a chutar a água que ia subindo, de acordo com que chovia mais. Choveu tanto em tão pouco tempo que quando eu percebi, a água que eu chutava batia no meu joelho. Tava decidida a ir embora mas antes eu ia chutar, descontar minha raiva, aquele rio de água que se formava. 

E como nada é tão ruim que não possa piorar, entre a água tinha uma pedra enorme que eu meti o pé enquanto eu chutava. Meu Deus como doeu.Quando a dor bateu eu quase caí. Eu comecei a chorar e quando percebi a água já estava na minha coxa. Fui, mancando, até uma calçada alta que tinha um banco. Me sentei nele e fiquei esperando,qualquer coisa eu subia nele. Eu me recostei no banco e fiquei lá, sentindo aquela chuva caindo em mim e a dor do meu pé que latejava. 

GORDA [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora