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E quando eu sentia suas lagrimas caírem sobre os meus ombros eu senti meu coração acelerar. Esse coração ta estragado. Respirei fundo e tentei me soltar dele para conversarmos mas ele não queria me soltar. Passou alguns minutos e ele finalmente me soltou. Limpou suas lágrimas e se sentou na escada. 

-Ela me deixou Wendy! ~eu podia ver o quanto ele sofria quanto a isso. 

- Me conta o que houve Luiz!

-Ela viu a conta do cartão e perguntou para quem eu tinha comprado ai eu falei qualquer coisa e mudei de assunto. Ela foi até a loja e viu nossa foto. ~ele tirou do bolso um monte de papel rasgado. Era nossa foto. ~Ela disse que se eu não me afastasse de você era melhor esquecê-la. E ai saiu e me deixou.  

Eu nunca me senti tão culpada por algo. Respirei fundo e senti que o meu mundo estava preste a cair. Eu tinha feito aquilo. O cara mais marrento que eu conhecia esta aos prantos na minha frente, por minha causa. 

-Eu tive uma ideia. Mas você precisa parar de chorar e ir nessa viagem. ~enquanto eu falava isso com Luiz me dei conta de que teria que me afastar dele pra ele ser feliz. 

Subimos as escadas para o quarto dele para arrumamos as malas dele.

Ele praticamente se rasteja pelas escadas. Eu só rolava os olhos e fingia que não via. Quando entramos no quarto dele  e ele tirou o moletom os pedacinhos da foto cairam no chão. Senti meu coração cair junto. 

-Vai tomar um banho. Você não quer ir assim pra viagem né? ~disse e sorri. Ele tirou a blusa na minha frente e pegou uma toalha, fiquei olhando pro chão para não parecer que estava encarando a barriga dele.

- Pode mexer no meu guarda-roupa pra juntar minhas roupas se quiser. ~ele disse enquanto passava pela porta 

Eu olhei para cima e la tinha uma mala. Subi numa cadeira e a peguei. Pus sobre a cama e abri seu guarda roupa, quanta roupa. 

Eu sabia que o professor concordaria, afinal, Luiz é seu sobrinho. Bom, eu planejei o seguinte. 

Na primeira noite colocaremos o Luiz e a Priscila na mesma cabana e quando ela entrar ela estará decorada com luzinhas e tudo mais. E ai, ele se declarará e pronto. Vai ser a última vez que eu irei conversas com ele. 

Enquanto arrumava a mala decidi deixar algo para que ele se lembrasse. Procurei um papel e uma caneta. Achei um post-it e comecei a escrever. Enquanto terminava ele saiu do banheiro. Prendi no fundo do guarda- roupas. Ele saiu do banheiro e eu sai do quarto. 

Passou uns minutos e ele saiu do quarto com a mala. Seus olhos ainda estava inchados e ele ainda estava acabado. 

Desci primeiro e fiz um café da manhã pra ele. Nada demais, só para ajudar ele a parecer mais forte. 

Ele não queria ir, mas eu precisava dar um jeito no que eu tinha feito. Guardei no bolso os pedacinhos da foto rasgada e assim que ele terminou de comer nós fomos encontrar o professor. 

No meio do caminho ele pôs uma música triste, quase dei um soco nele. 

-NINGUÉM VAI FICAR TRISTE AQUI NÃO! ~troquei e coloquei Idol do BTS, que eu sabia mais ou menos a coreografia. Enquanto dançava, eu vi ele sorrir pela primeira vez aquele dia. 

Rapidinhos chegamos ao ponto de encontro e la estava, minha mãe e o professor gargalhando. Achei estranho, mas superei. Tinha mais pessoas. 

-Wenddy! ~~ouvi Rodrigo me chamando. Meu coração se aqueceu. Mas ele não estava sozinho. 

-Oi Rô 

-Essa é a tal Wenddy? ~a menina perguntou. 

-Sim. ~ele respondeu. 

-Cê sabe que sua vó vai odiar ela ne? ~ela disse isso na minha cara, e o dia que já não tava bem, ficou pior. 

-Ela sabe que a gente não ta mais na Coreia.

Eu não tava entendendo absolutamente nada daquela conversa. Então sai e deixei eles conversando. Respirei fundo e tentei relevar isso, fazer com que não me afetasse sabe? Pois bem, conversei com o professor e ele meio que gostou da ideia, ele não gostava da Priscila mas o Luiz era feliz então ele concordou. 

Começou a chamada para sabermos quem ia no ônibus ou ia nos carros. E como esperado meu nome foi um dos últimos a ser chamado. Tudo bem, eu iria no carro com o Luiz. 

-Wenddy, ônibus. ~congelei na hora que ele falou isso. 

Eu olhei desesperada para o Luiz. Eu entendi o que tinha acontecido quando vi que ele conversava com a Priscila. 

Respirei fundo e entrei no ônibus. Quando olhei para o corredor só tinha uma vaga no fundo, até ai tudo bem, a questão era: o corredor ficava mais apertadinho no fim. Eu calculei e torci para conseguir passar naquela merda. Fui andando com cuidado e quando começou a ficar menor eu fui vendo que eu não passaria. Eu tentei de todas as formas, mas simplesmente não conseguia, eu não passava. Entrei em desespero quando comecei a ouvir a risada alta de todo mundo do ônibus. Eu me odiei tanto. Era como se tudo voltasse, como se a terapia não funcionasse. Então em meio aquilo tudo eu senti alguém com a mão no meu ombro. 

-Tão rindo do que seus idiotas? Tomem vergonha bando de homem velho rindo do desespero de alguém. ~a voz não era do Rodrigo. Na verdade eu nunca tinha ouvindo. 

Assim que esse fulano falou isso, todo mundo se calou. Pareceu até mágica. 

-Pode ficar no meu lugar. ~ele me cedeu o lugar dele. Assim que eu sentei, olhei pela janela e o Luiz discutia com a Priscila. Quando peguei no celular, mensagem do Rodrigo ''ta tudo bem?'', eu quis jogar meu celular nele. Olhei para ele, com lagrimas nos olhos, sorri e disse que sim. Encostei a cabeça na janela, pus meus fones, e só consegui chorar. Chorei quietinha no meu canto, para ninguém se incomodar. 

Eu estava sozinha. Como nunca estive antes. 

GORDA [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora