Luiz ficou la sentado do meu lado durante um bom tempo, até o fim da aula na verdade.
Assim que a aula acabou e saímos, percebemos que chovia muito, Luiz olhou para mim com uma cara de ódio. Sorri de forma simpatica mas forçada.
- Parece que suas previsões estavam erradas ein Wendy? ~ele disse se referindo a quando eu disse que não iria chover.
- Ta achando que eu sou meteorologista? Espero que tenha fechado todas as janelas do seu carro ~era notório o deboche na minha voz.
Coloquei a mochila sobre minha cabeça e comecei a andar procurando Rodrigo.
- Ei Wendy ~ Rodrigo me gritou. - Quer uma carona? Minha mãe veio me buscar.
Meu coração derreteu de amor. Estava prestes a aceitar até me lembrar do episódio da casa dele. Eu ficava constrangida com a situação.
- Não precisa Rô, eu chamei um taxi.
Ele assentiu com a cabeça e entrou no carro.
Esperei o carro virar a esquina para continuar minha caminhada na chuva.
Enquanto eu estava imersa em meus pensamentos de "pré-formatura" um carro passou e me molhou de água suja. Assim, nada contra a água da chuva, ela era limpinha, o problema era justamente a outra água ser suja. Eu xinguei o motorista até a sua 587ª geração. Ninguém merece.
Andei um pouco até sentir alguém colocar um guarda-chuva sob minha cabeça.
- A gatinha se molhou? ~sorriu de lado.
- O que você quer Luiz? ~ainda estava estressada com o motorista.
- Só não queria te ver andando na chuva. Desculpa! ~ele disse triste olhando para o chão.
- Desculpa eu! Obrigada por se preocupar.
- O que você tem? ~ele perguntou notando meu estresse.
- Um carro passou correndo na poça e eu me molhou toda ~não pareceu grande coisa quando eu disse em voz alta.
-Então...
Antes que ele pudesse terminar de falar, meu celular toca. Era minha mãe.
- Filha, eu vim almoçar com o Bruno, se você chegar em casa e eu não tiver, é isso!
- Ok mãe.
- Outra coisa , eu bati veneno na casa agora e você é alérgica, lembra? Hoje você pode demorar, mais que o normal no shopping.
- Ok mãe. Até mais ~ disse um pouco triste.
Agora eu estava molhada, suja, sem casa e com fome. Será que tinha como piorar?
Comecei a andar e a pensar para onde eu ia. A casa do Rodrigo seria a opção óbvia mas era capaz da mãe dele infartar se me visse daquele jeito.
- Wendyzinha?~ele disse passando a mão para cima e para baixo em frente meu rosto.
- Oi?
- Você ta bem? ~ele perguntou preocupado.
- Sim ~disse tentando disfarçar.
- Duas coisas. Primeira, você não sabe mentir. Segunda, seu celular é alto suficiente para eu ter escutado toda a conversa com sua mãe. E terceira, eu te conheço , gatinha! ~ele disse apertando delicadamente o meu queixo.
- Não eram só duas coisas?
- Que se foda! Quer ir lá para casa?
Eu ponderei bastante. Tentei ligar para o Rodrigo mas ele não me atendia.
- Não é como se fosse minha primeira opção, mas, eu aceito.
-Sua primeira opção era o Rodriguinho né? Porque não vai para a casa dele? ~ele saiu andando com raiva.
Eu o alcancei, puxei seu braço e aproximei nossos corpos.
- Você não pode ir Luiz... ~ele estava um pouco assustado com minha ação.
Assim que o susto passou um pouco, ele se aproximou mais de mim, acariciou minha bochecha e segurou meu rosto com delicadeza.
- E porque eu não posso ir, gatinha?
-Você ta com o único guarda-chuva, idiota! - o tirei de sua mão e sai andando como se nada tivesse acontecido. Eu gostava de implicar com o Luiz mas dessa vez eu tremi na base.
- Bora Luiz! ~eu gritei um pouco longe dele, que havia ficado parado e, talvez, em choque com a situação que acabara de ocorrer. Era até engraçado.
Ele correu e me alcançou.
Minutos depois nós estávamos na porta da sua casa.
Ele destrancou o portão e entramos.
- Quer tomar um banho? ~ele me olhou com um sorrisinho safado.
- Luiz!!! ~eu gritei com ele.
- Sozinha, um banho sozinha. Você está maliciando as coisas demais sabia?
Se eu pudesse, com certeza, teria fuzilado ele com meu olhar.
- Eu não tenho roupas aqui.
- Eu te empresto algumas, você não pode ficar molhada. Não vai te fazer bem.
- Você tem ciência de que vestimos números diferentes né ?
- Sim, gatinha. Mas eu tenho algumas roupas. Eu te mostro.
Subimos a escada e chegamos ao seu quarto.
Ele me mostrou algumas roupas que ficariam largas até em mim.
- Porque essas roupas são grandes?
- Eu fiz um pedido sem olhar a numeração e ai veio errado.
- Você é sonsinho né? ~eu ri quando disse.
Ele me olhou com uma cara levemente brava.
- Tem toalha no guarda-roupa. Pode usar meu banheiro.
Eu agradeci e pedi gentilmente para ele sumir do quarto. Ele pegou algumas roupas e saiu.
Eu tranquei a porta e fechei as janelas, tirei as roupas molhadas e sujas e coloquei em uma sacola. Entrei para o banheiro e liguei o chuveiro. Que água gostosa! Um banho quentinho era tudo que eu precisava. Lavei o cabelo com shampoo e condicionador, eu acho. Luiz tem coisas demais para o cabelo.
Felizmente, por conselho de uma amiga, eu sempre levo uma calcinha e um sutiã reserva.
Me troquei e penteei meu cabelo . Eu até que gostei das roupas.
Assim que rodei a chave e abri a porta, Luiz estava lá, prestes a bater.
- Eu vim te chamar para comer. Uau você ta linda!
- Obrigada! ~minhas bochechas queimaram.
- Por min, você poderia usar todas as minhas roupas. Ficam ótimas em você!
- Eu usaria, mas a numeração é diferente né Luiz ~disse passando por ele e descendo as escadas.
- Eu compro erradas de novo, contanto que você as use.
Eu ri um pouco da situação.
Ele desceu as escadas atrás de mim.
-Eu fiz pizza de ontem pra gente! ~ele disse animado.
- Me parece ser uma receita extremamente complexa, foi muito difícil, Sr. Masterchef?
Eu disse e reparei que ele também havia tomado banho, seu cabelo estava molhado e estava com roupas diferentes.
Ele resmungou um pouco, como de costume. Mas, comemos a pizza e ao fim ele disse:
- Um dia eu te levo para um jantar romântico, gatinha!
- E depois um porco vai voar ~eu pisquei para ele.
- Pronto. ~ele disse jogando um pedaço de bacon, que estava na pizza, "para o ar".
Eu ri da brincadeira.
- Bom Luiz, obrigada por tudo, mas eu preciso ir embora. ~assim que fechei a boca, trovejou mais forte. Será que o céu estava desabando?
- Você precisa mesmo? ~ carinha de cachorrinho sem dono.
- Não. Só mais uns 30 minutinhos. Ta bom?
Ele abriu um sorriso largo e acenou que sim com a cabeça.
- Quer ver um filme? ~ele disse animado.
- Um filme são mais de 30 minutos, Luiz.
- Essa é a intenção ~ele sorriu.
Ele começou a subir as escadas.
- Ta indo onde?
- Só tem Netflix no meu quarto. Juro que não vou fazer nada.
Eu olhei para ele com muitas dúvidas, mas subi. Eu confio nele (agora).
Assim que entramos no quarto ele pulou na cama e ligou a Netflix.
Eu, por outro lado, puxei uma cadeira e sentei próximo a ele.
- Não vai ficar comigo aqui? ~ele me perguntou apontando para a cama.
- Não, obrigada! ~eu estava com vergonha.
- Eu não vou fazer nada. ~sorriu gentilmente.
Eu pensei muito enquanto ele escolhia o filme. Assim que ele estava prestes a dar play eu resolvi sentar com ele, que estava deitado. Sentar longe.
- Eu não vou te morder pode chegar mais perto, se quiser.
Eu preferi não.
Ele escolheu um filme que, teoricamente, era comédia mas eu fiquei com medo. Era para ser uma sátira de filmes de terror mas não funcionou comigo.
Eu fiz de tudo para me mostrar forte enquanto Luiz gargalhava. Soltei algumas risadas forçadas.
No meio do filme, a luz foi embora.
Achei que não podia ficar pior aquela hora, ficou.
Eu me encolhi no meu canto com medo. Esse tipo de filme não são a minha praia.
- Ta tudo bem? ~Luiz perguntou.
Será que ele conseguia ouvir meu coração bater acelerado de medo?
- Ta sim! ~senti minha voz trêmula.
- Você odiou o filme né?
- Não é meu estilo preferido.
- Está com medo?
- Não!! - disse veementemente.
- Eu estou com um pouquinho. Não gosto de trovões, muito menos quando a luz vai embora nessas situações. O céu ainda está escuro e desmanchando de tanta chuva.
- Por isso me pediu pra ficar? ~meu coração começava a se acalmar.
- Sim! ~ele disse tristemente.
- Porque não me disse?
- Não queria que me visse como um fraco.
- Ter sentimentos não é ser fraco. Todo mundo tem medo de alguma coisa e isso nos torna mais humano.
Eu vi que ele estava sendo sincero. Deitei ao seu lado, frente a frente.
- Do que você tem mais medo, Luiz?
- De te perder! ~ ele disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
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Oioi gente, tudo bem aí?
Eu vim passar um final de semana na fazenda mas choveu e a estrada ficou ruim, e aqui não tem internet. Por isso demorei tanto para postar. Desculpa mores.
