Capítulo Bônus

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DOIS ANOS DEPOIS

"Parabéns, meu amor."

Pietro tomou mais um gole do vinho que ele e Júlio dividiam no quarto daquele hotel no Rio de Janeiro. Fora um dia cansativo, no qual seu "escritor favorito" fizera uma tour por vários pontos da cidade autografando cópias do seu novo livro e falando com leitores. O último encontro havia sido realizado por ali, no hotel, e o casal decidiu ficar num dos quartos do estabelecimento.

"O livro é um sucesso. E só dá pra sentir o tanto quando você vem nesses lançamentos. Todo o calor dos leitores, o carinho, as filas enormes só pra te ver... Ainda bem que eu sempre terei exclusividade, né?" Pietro piscou na sua direção.

"Você? Você é o primeiro da fila. Por todos os dias da minha vida."

"Ah? Quer dizer que tem fila pra você, bonitinho?"

Ele riu, dando-lhe um beijo.

"Só se for de vários e vários Pietros..."

Ao se erguer para beijar o pescoço do amado, Júlio acabou derrubando a taça com vinho na camisa de Pietro, que se assustou, mas acabou por terminar rindo das mãos desastradas do namorado.

"Essas mãozinhas são especialistas em derrubar vinho..."

"Derrubo umas coisas, levanto outras..." Ju deixou subentendido. "Sujou muito, amor?"

"Bem no meu coração..."

"Ah, eu não acredito que você tá usando frases do meu livro comigo. Que despautério, Pê."

"Dívida histórica, afinal, se a gente foi Luccino e Otávio e não podíamos dar apelidos carinhosos um pro outro e fazer essas coisas antes, nada mais justo... Inclusive..."

"Inclusive..."

"Tem uma coisa que quero muito fazer com você agora. É um desafio."

"E o que é?"

"Transar com você até recuperarmos o tempo perdido dessa e da outra vida."

Júlio riu tanto que os olhos ficaram pequenos e o sorriso, largo.

"Meu Deus, você existe mesmo?"

"Eu não sei." E, com isso, Pietro pegou a mão livre de Júlio e a colocou em cima da sua ereção. "Isso parece real pra você?"

Júlio largou a taça e levantou-se para colocar uma música para os dois. Em seguida, ele convidou o amado para a dança. Enquanto Eu amo você, da Céu, tocava ao fundo, Pietro e Júlio se embalavam numa valsa lenta e grudada, onde Júlio trazia a cabeça encostada ao ombro do namorado. Ju afagava aqueles cabelos com carinho, sentindo suas mãos irem e voltarem por entre a maciez dos fios. O corpo de Pietro ficava mais leve com o toque. Ele se sentia com a manha de uma criança que ia sendo embalada a um ritmo suave.

"Eu amo você, menino..." Sussurrou Pietro.

Júlio, de olhos fechados, respondeu ao pé do ouvido:

"Amo você..."

Nisso, enganchou seu corpo para perto do dele, pressionando a cintura contra a sua e lhe beijando no pescoço. Pietro gemeu com o toque quente dos lábios em sua pele. Lábios, que para ele eram doces e vermelhos. Ele colocou as mãos em garras para arranhar as costas de Júlio ainda protegidas pela camisa de algodão. Júlio pôs as suas na nuca de Pietro, observando atentamente cada uma das suas feições. Desceu a mão até o colarinho da camisa e agarrou-o para si, beijando com ardor seus lábios que ansiavam. Ia acariciando o rosto do rapaz com o polegar enquanto trocavam um beijo cada vez mais exasperado, o movimento da boca se confundia com o da respiração.

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