O movimento da Rainha Negra
J-Hope não chegou ao Egito.
Na verdade, ele nem chegou a deixar o MGM Grand Las Vegas, porque, assim que se virou para dar o primeiro passo, Suga lhe deu um pescoção, agarrou-o pelas golas da camisa e do casado e o arrastou consigo para o interior do prédio mesmo sob veemente protesto do amigo e do Hagar da Esperança e da Alegria.
— Você não vai nem até a esquina sozinho depois do que aconteceu aqui, Hoseok-ah — disse Suga enquanto o puxava pelas escadas. — E pare de cacarejar e se debater que nem uma galinha querendo fugir do abate, que não vou te soltar!
Asha-Maiura deveria obedecer às ordens de seu general — Berat-Enira mandava que o soltasse com todas as letras —, mas se absteve dessa obrigação ao se deixar enredar pela grande determinação irritadiça de seu hospedeiro e lavou suas mãos. Concordava com o ponto de vista de Suga acerca dos atos do Senhor dos Hagar, e estava mais do que contente por um deles dois ter como fazer algo a respeito. Poder ser superado pela vasta gama de sentimentos dele e ter o controle do corpo retirado de suas mãos podia ser deveras conveniente de vez em quando...
O café que Jin pediu ainda deve ser digerível, Suga pensou, ao entrarem no andar de seus quartos, e arrastou J-Hope até o que dividia com o hyung da BTS.
— Me larga, Suga! Tem gente morrendo! — esperneava Hobi, chamando a atenção de vários hóspedes do hotel que, felizmente, não entendiam nadica de nada de coreano. — Eu tenho que ir!
— Não enche o saco e entra aí — resmungou Yoongi, abrindo a porta do quarto, pondo o outro para dentro com uma pesada na bunda (porque Hobi resistia, agarrando-se às laterais da porta) e olhando de cara feia para as pessoas que tinham vindo bisbilhotar o que ocorria (por sorte, havia se recordado de fazer as chamas em seus olhos regredirem antes de adentrar a área de convivência do hotel). — Vocês não têm nada melhor para fazer, não? Ah? — Apesar de seu inglês não ser dos melhores, todos entenderam bem o recado e começaram a circular, não sem reclamações. — Bando de fofoqueiros... — Hobi tentava fugir pela sacada. — Eu não faria isso se fosse você — aconselhou, fechando a porta. Por sorte, Hoseok lhe deu ouvidos antes de pegar no puxador da porta da sacada, que incandescia e pelava de tão quente. — Viu? Eu falei...
— Ah, qual é?! Por que está fazendo isso, Suga?!
— Porque eu me preocupo com você, mesmo detestando ter dor de cabeça — alegou, colocando os jasmins e o caderno de letras sobre a mesinha de centro e apanhou o celular do bolso, já digitando uma mensagem. — Tenho certeza que você nem comeu ainda.
— E pelo visto nem você — rebateu J-Hope, fitando o carrinho com o café da manhã claramente intocado.
— Faça o que eu digo, mas não o que eu faço. Sirva-se.
— Aish... — J-Hope se sentou no sofá, emburrado, e destampou uma das travessas sem muito interesse. Um aroma delicioso subiu da comida, fazendo seu estômago roncar de imediato. Engoliu em seco, destampando as demais travessas, muito tentado, e dirigiu uma quase súplica a Hagar'miresa. Talvez uma boquinha rápida não faça mal a ninguém, né? Né?
Golpe baixo... Isso foi golpe baixo e dos mais desfaçados, retrucou Berat-Enira, igualmente oprimido por aqueles manjares desconhecidos. Que Sua Excelência nos perdoe... Vamos comer, Hoseok!
Bateram à porta, Suga foi atender (Smile Hoya já enchia a boca). Era V, atraído pelo pouco dos gritos de Hobi que o haviam alcançado no closet.
— Quem está morrendo? — indagou ele, espiando por cima dos ombros do hyung com seus olhões curiosos.
— O pouco juízo de J-Hope — disse Suga, satisfeito com a aparição espontânea de Mongtae, porque não teria mais de se dar ao trabalho de chamá-lo. — Entra.
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Yggdrasil - Demasiadamente Humano
General FictionAquela era para ser uma noite memorável para os rapazes da BTS. Era o segundo BBMA deles em dois anos consecutivos, afinal! Mas, claro, que um lacre escondido sob as areias do Egito tinha que ser rompido justo naquele dia, justo naquele momento e jo...