Capítulo VII - Ante o Inimigo

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A crueza perante mim

Para seu amigo, isso foi... muito doloroso de se ouvir, Hoseok, a voz de Berat-Enira ecoou na mente de J-Hope.

Eu sei, mas Suga é teimoso demais. O rapper parou de reprimir os sentimentos que se batiam entre si por uma chance de riscar traços em suas feições, e a tristeza e o medo levaram a prata e o ouro. Não iria se eu não dissesse isso. Vou me redimir com ele depois, pago a prenda que for... E mudou de assunto antes que cedesse a vontade de ir atrás de Suga. Mas, vem cá, esse cara que tá vindo aí é mesmo perigoso?

Hagar'miresa hesitou antes de responder.

Ontem lidemos com Vog-Xau, o mais resistente e feroz dos Lirthua'shoa, e ele quase arrancou seus braços antes de se valer de uma artimanha que quase nos matou. Zadha é duas vezes mais poderoso do que ele e sete vezes mais esperto.

Mamã-

Por favor, preste atenção ao que digo, Hoseok. Berat nem deixou que concluísse o pensamento apavorado. Seus sentimentos superam e muito os meus em número, e, por causa deles, você pode acabar tomando o comando do seu corpo de mim em alguns momentos. Então, não se esqueça: nunca deve tirar os dois pés do chão enquanto estivermos lidando com o Senhor dos Fazrat. Hobi sentiu calafrios horríveis, a espinha gelada. Ele chegou.

Mal o Hagar acabou de falar, algo apareceu no horizonte. No princípio era um mísero pontinho, mas foi crescendo e crescendo à medida que se aproximava bem depressa. O pontinho agora era um homem, pairando no ar a sua frente. Alto, de traços orientais e rosto anguloso, os cabelos pretos meio ondulados. Usava um terno slim de corte italiano e um sobretudo longo, ambos inteiramente negros. Além de estar voando — quem dera esse fosse o maior problema —, havia uma coisa esquisita. O ar se contraia ao redor dele, mas não parecia domínio sobre o vento. Era mais do que um desafio à lei da gravidade, a impressão que tinha era de que a própria gravidade se curvava à vontade dele.

Quase tudo se curva à vontade dele. Ele é o Sho da Atração.

Tenho que ficar calmo, ficar calmo! Seu coração já acelerava, a mente transbordava com milhares de pensamentos, a pessoa a sua frente lhe parecia estranhamente familiar, mas por que será...? Isso não importa, só fique calmo, Hoseok.

— Berat-Enira... Sozinho? Ouvi dizer que estava debilitado, porém, pelo que vejo, esses novos Filhos do Caos correspondem bem às habilidades da Profanação de Menora. — O senhor dos Fazrat falava na língua primeva, a língua que era mais sensação do que sonoridade, e J-Hope compreendeu a tudo. Era como se sempre tivesse sabido falá-la, assim como o coreano. — Bom... Fará desse encontro algo ainda mais interessante.

O Sho ergueu o braço para atacar.

— Espera, espera! — J-Hope fez o pedido e o reforçou com um gesto de mãos. O Sho realmente parou com uma cara de estranhamento, beirando o choque. O que está fazendo, Hoseok? Até Berat soava chocado. Não sei, não sei de nada, só que eu não quero brigar, você não quer brigar! Logo, não custa nada buscar outra maneira. — O que acha da gente tentar sair um pouco do desperta-briga-sela, desperta-briga-sela? Por que é isso que sempre acontece e sempre acaba do mesmo jeito. A gente podia... Sei lá... conversar! Conversar e... e tentar chegar num consenso que fosse interessante para todo mundo, que tal? — Sua sugestão foi correspondida com uma esfera que era feita de nada, só deu para percebê-la porque o ar tremulava a sua passagem. Hobi saiu bem a tempo da reta, uma cratera foi aberta no teto do hotel. — Ah! Bastava ter dito não!

Mais ataques vieram, J-Hope só corria que nem uma barata tonta, protegendo a cabeça. Zadha disse por cima do barulho:

— Hilário, Berat! Deixando um recipiente insignificante falar por você! Isso é a sua cara! Espero que esteja preparado para morrer, anomalia! Não vai demorar a acontecer, irei me certificar disso por ter se atrevido a me dirigir a palavra!

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