Capírulo XVI - Coração Aberto: Sem Cerimônias

35 5 36
                                    

“Esse lugar tá tão a cara do Jin…”

Giovanne estava ficando cansada daquilo.

Ela estava com fome, mas não comentou isso com RM por estar sem jeito (mesmo que não quisesse admitir para si mesma) e com vergonha de declarar que queria e tinha que comer logo (na verdade, urgentemente). Como se precisasse… A essa hora, Nam-chan já deve ter percebido. Pensou ela, aborrecida com seu estômago, que roncava a cada dois minutos (certo, não dava para ter certeza, mas o espaço de tempo a cada ronco era estreito). Calada, deixou que RM a guiasse e mostrasse o castelo.

— Vai demorar muito pra ver tudo? — Abriu a boca depois de um tempo.

— Calma. Ainda nem vimos a metade.

— É o quê? — Quantas réplicas da Penha será que cabe aqui dentro? Ficou imaginando. Sua primeira experiência com castelos estava sendo um verdadeiro choque. E pensar que vou ter que passar uns tempos aqui, inacreditável… Tanta coisa dentro do mesmo lugar a deixava tonta. Ainda mais considerando com quem…

— Essa é ala sul — Namjoon anunciou, indicando o lugar com um amplo movimento de mão. Estavam em um corredor longo e largo, iluminado por lâmpadas de formato delicado (flores de cristal semelhantes a lanternas de desejos e também gotas, tão grandes que nem ambas as mãos de Giovanne juntas poderiam abarcar uma delas completamente) presas em candelabros nas paredes de pedra perolada. — Pense nela como uma grande área de serviço. — Ele passou a enumerar nos dedos enquanto ia falando — Cozinha, adega, as despensas, os depósitos, a lavanderia… Todos se encontram aqui. A cozinha é ali. — Ele apontou para uma dupla de portas mais adiante, as primeiras à direita da escadaria onde se encontravam. Até que enfim! Giovanne festejou, e seu estômago também (com mais roncos). — Se pegar o corredor à esquerda do Salão dos Quartos, depois virar à direita e descer quatro lances de escada vai chegar exatamente onde estamos. A cozinha fica logo à direita das escadas, como você pode ver.

Então, por que não me trouxe logo pra cá?

— Quer ver o quanto é grande por dentro? — ele perguntou, e ela teve que se controlar para não sair correndo porta a dentro. Deixou que Namjoon fosse na frente.

Toda a concepção que a menina tinha de “cozinha” foi posta por terra naquele momento.

Para começar, o lugar era enorme! Com uma gigantesca bancada no centro, ladeadas por alguns daqueles banquinhos magrinhos e altos. Outras duas bancadas corriam junto às paredes de ambos os lados, interrompidas em cinco pontos: a do lado esquerdo em dois, o primeiro ocupado por uma porta de madeira e o segundo por uma geladeira, e a do direito em três, o último com mais três geladeiras enfileiradas e os outros dois com duas portas cada um — uma de madeira e uma de metal, com uma japona preta pendurada num ganchinho logo ao lado (o que fez a garota imaginar que se tratasse da entrada de um frigorífico). Armários acoplados às paredes se dispunham acima e abaixo das bancadas laterais, cada uma delas contava com uma pia. Sobre a da direita se encontravam o fogão, o forno, o micro-ondas, Giovanne também notou uma panela elétrica e uma batedeira por lá. Já coisas como liquidificador, espremedor de frutas etc. estavam arrumadas sobre a da esquerda. Todos os eletrodomésticos eram em inox, os armários, em madeira clara, e as bancadas, em mármore róseo.

Esse lugar tá tão a cara do Jin…

Luminárias fininhas, da mesma cor da pedra clara que compunha o castelo, pendiam do teto, dando a impressão de que as lâmpadas de LED flutuavam sobre suas cabeças, como estrelas de brilho suave. A copa ficava em uma área rebaixada, aos fundos do cômodo. Havia uma grande mesa, cadeiras e duas estantes finas em ambos os cantos, com alguns livros dispostos em suas prateleiras. Tudo em palha envernizada e madeira marfim. E, tomando conta de quase toda parede que ficava atrás da mesa, um grande janelão com vista para o mar. A vista do pôr-do-sol daqui deve ser de tirar o fôlego…

Yggdrasil - Demasiadamente HumanoOnde histórias criam vida. Descubra agora