Capítulo XI - Suplantado pela Égide: a Torre do Rei se Move

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Guiada pela escolha

A iridescência que fazia as cores daquele imenso cenário galáctico destrelado dançarem fazia parecer que viam tudo de dentro da barriga de uma gigantesca bolha de sabão, e V adorava bolhas de sabão. Enquanto Jungkook esperneava ao ser arrastado por Hasa-Ithor, a principal preocupação de Mongtae foi imaginar se Jimin podia criar bolhas resistentes o bastante para carregarem pessoas. Seria legal viajar por aí numa bolha, seja no interior ou montado nela...

Enfiou a mão na cestinha que trazia consigo e seus dedos tatearam o fundo, não encontrando nada além de farelos. Os biscoitos haviam acabado. Khro fez um biquinho entristecido, então Taetae umedeceu a ponta do indicador com a língua e passou a catar os farelinhos. A união com o Hagar da Amizade havia tornado o significado de "a fome é negra" bastante literal para Mongtae. Portanto, "não" ao desperdício!

A passagem se fechou às costas de Jeon Jungkook, e Jimin se virou para a direita e correu pelo caminho de poeira cósmica. V o seguiu, imaginando quão ruins deviam estar as coisas no lugar para onde se dirigiam, pois Khro havia lhe contado que Hasa-Ithor gostava de ajudar os outros, mas que custava para admitir que o ajudassem, quanto mais para pedir ajuda! O senso de dever e proteção que o ligam a Akasha sin¹-nim devem superar em muito a capacidade de Confiança, seu principal Escudo. Interessante.

— Durma, Taehyung — ordenou Khro através de sua boca, interrompendo seus pensamentos.

— O quê? — Reagiu V, sentindo uma tonteira imediata. Seus olhos pesaram e seus membros perderam o vigor, tanto que teve que interromper a corrida. Sua língua enrolava. — Não... Não!

Dooly chegou a olhar para trás, aparentando preocupação, mas logo voltou a prestar atenção a frente e apertou o passo. Devia ter entendido o que se passava e não considerava um problema. O Hagar da Amizade disse:

— É para seu bem. Não resista.

— Jimin-ah também está indo pro mesmo lugar que nós e está acordado — protestou Taetae e voltou a avançar, tropeçando nos próprios pés como um bêbedo, sua cabeça rodava —, então por que eu tenho que dormir?

— Jimin é um hospedeiro de Hagar, você não.

— Isso não foi um problema mais cedo. — V se referia ao embotamento das memórias de todos que viram marcas do embate entre Berat e o Senhor dos Farzat'shoa.

— Não tivemos que lutar mais cedo — refutou Khro. — Agora pode acontecer. Se houver um Sho lá, vai acontecer. Então, por favor, durma. Irei despertá-lo logo que tudo acabe.

— Não vai rolar — V resistiu e mordeu a língua para clarear um pouco as ideais. — Eu quero saber tudo que há para saber sobre você e não posso fazer isso dormindo na hora da ação.

— Mas você teria que ser meu hospedeiro para lutar junto comigo.

— Evidentemente, ora.

— Você... me aceita? — O Hagar foi pego de surpresa. Conversavam desde que se viram a sós no closet do quarto que V dividia com RM no hotel, mas só haviam tocado no assunto "escolha" quando explicou que ainda não estavam definitivamente ligados.

V parou, trocava tanto os pés que iria acabar caindo se continuasse, e focou toda a atenção de que podia dispor imerso em semelhante marasmo na resposta à pergunta do Hagar:

— Você me escolheu dentre todos no mundo, Khro, e considero isso uma honra. Então, claro que o aceito. Use minha vida como achar melhor, mas, por favor, não me peça para dormir. Quero ver tudo que você vê a partir de agora.

A sonolência rapidamente recuou, e uma sensação que era quente e fria a um só tempo passou a se irradiar do peito de Taetae em um pulso contínuo. Khro-Yehath falou, a voz dele emergiu do pulso e rondou a mente do rapaz, mais toque do que som:

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