Capítulo XV - Coração Aberto: Com Sofrimento

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"Por favor, estejam bem... por favor, estejam bem... por favor, estejam bem..."

Marianne estava encolhida sob as cobertas, chorando.

Tinha vontade de chorar desde que havia acordado ao lado de sua irmã naquele quarto desconhecido, não porque temesse algo, mas porque doía. Todo o seu corpo doía e qualquer movimento provocava novas ondas de dor. Era tanta dor que quase havia desmaiado uma porção de vezes enquanto sua irmã a puxava naquela corrida frenética pelo castelo. Mas, havia engolido as lágrimas e se forçado a aguentar aquele mal-estar, porque piores do que ele (ao menos, era nisso que acreditava) eram suas muitas dúvidas.

Já havia tido o suficiente da gentileza de Jimin para saber que ele se recusaria a lhe dar qualquer preocupação naquelas condições, ele iria querer que descansasse e se recuperasse antes de saber o que estava acontecendo, e Hasa-Ithor não falharia em distraí-la com galanteios e sorrisos. Mas, não podia esperar, não depois do que lhe fora revelado no oceano de vozes, não sem saber a razão daquele mal-estar. Aguentaria até que Jimin terminasse de lhe contar tudo, depois deixaria as lágrimas descerem, depois descansaria.

Mas, os minutos foram passando, e ele não apareceu. Tudo o que tinha era a lembrança da voz dele, alta e alterada, perguntando-lhe o porquê de ter feito aquilo. O que foi que eu fiz, Jimin-ssi? O que eu posso ter feito para fazer você e Taehyung chorarem daquela forma? A Gio... Você a trouxe aqui por mim, ou ela é o outro Fragmento de Ak'Mainor? Por que não vem logo?

Estava tão preocupada com a demora dele que não havia conseguido sentir nada, além de desapontamento e mais preocupação ao ver que ele não acompanhava os amigos.

Por que você não veio?

Enquanto Hobi e Berat-Enira falavam, parte dela procurou acreditar que era porque faria mais sentido o Senhor dos Hagar lhes explicar tudo. Jimin poderia não estar sendo literal ao dizer que iria responder suas questões, poderia estar simplesmente dizendo que alguém as responderia. Ou, talvez, ele até pretendesse conversar com ela, mas não tivesse podido por ele e Hasa estarem passando por algum tipo de ação disciplinar. O comandante dos Hagar de Akasha estava aborrecido com eles antes, bem lembrava. Podia ser isso, podia. No entanto, quanto mais pensava nisso, mais parecia improvável.

Marianne sentia que nada — nem mesmo uma ordem de Asha-Maiura ou do próprio Berat — poderia impedir que Hasa-Ithor fosse até ela, ainda mais estando sob uma promessa. Podia ser apenas a hospedeira de Akasha, mas ele a tratava como se fosse a própria deusa — talvez os olhos dele, capazes de cruzar infinitos espaços, pudessem enxergá-la através de sua existência insossa. Ele não se arriscaria a manchar a confiança que tinha nele, não quebraria sua promessa.

E, isso já respondia a sua pergunta, mesmo antes de Yoongi lhe revelar a razão de sua dor, a razão das lágrimas dos rapazes, o que tinha feito de errado.

Por que Jimin e Hasa não tinham vindo até ela?

Porque não podiam vir. Por causa dela... por causa das tolices dela...

Havia suportado a dor porque queria conversar com Jimin e Hasa, havia suportado porque Gio estava perdida e sem ter mais ninguém em quem pudesse se apoiar. Mas, agora que não podia mais ser o apoio dela, não depois do que tinha causado, agora que não sabia nem se veria Park Jimin e Deva'seyire novamente, não podia mais suportar nada, não tinha de onde tirar forças. Doía demais.

As lágrimas que enchiam seus olhos rolaram, e suas pernas perderam o vigor a um só tempo, pouco depois que adentraram o castelo. Teria se estatelado de cara contra o piso do corredor, se Suga não estivesse segurando sua mão e teria ficado por ali mesmo, se ele não a tivesse pegado no colo. Não prestou atenção ao caminho, não prestou atenção ao destino, não prestava atenção a nada, exceto a prece que repetia sem cessar.

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