Vissolela
Já lá se vão 3 meses desde que Grégory foi embora. A minha vida voltou ao normal. Não nego que ainda penso nele, sinto a falta dele, mas a vida continua, nunca poderíamos ficar juntos, somos muito diferentes, somos de continentes diferentes, países diferentes, classes sociais diferentes, seria impossível.
É fim de semana prolongado, vamos para a casa do meu tio. Estou neste momento passando a serra da leba, estou preocupada, pois minha mãe disse que nessa viagem tudo mudaria.
Sinto um aperto no peito, alguma coisa está errada. Chegamos no Namibe, terra em que gosto muito de estar, por ser tão linda, terra da Welwitchia, terra linda. Mas hoje era diferente, me sentia mal por estar naquela terra.
Chegamos na casa de meu tio, a tempo do almoço, sentamos a mesa com meu tio, sua mulher e seus filhos, mais tinha mais um senhor, idoso que dava calafrios.
Comemos todos em silêncio, quando terminamos, meu tio e o Senhor estranho conversaram, depois o senhor foi embora.
Minutos depois, meu tio me chamou para uma conversa, meu coração estava apertado, vi minha mãe nervosa, triste.
- Vissolela, minha filha. Senta aqui - ele apontou para o sofá.
- sim tio. - disse já me sentando.
- Visso, você conhece a tradição da nossa família? - perguntou.
- não. - respondi
- Bem, então eu conto. Na nossa tradição, eu é que decido tudo sobre o teu matrimónio, absolutamente tudo, incluindo o teu marido, pois, sou irmão da sua mãe, tenho mais direitos sobre você, do que seu pai. - disse.
- hã? - perguntei, nervosa - como? O senhor decide com quem eu me caso?- perguntei com os nervos a flor da pele.
- olha o respeito menina. - falou. - lamento te informar que sim, é verdade. Bom, eu tenho uma dívida com o soba daqui, eu te entreguei como pagamento.
- VOCÊ FEZ O QUÊ?- disse já gritando. - VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO, NÃO PODE FAZER ISSO.
- CALA ESSA BOCA, NÃO GRITA. - gritou- TANTO POSSO, COMO FIZ, VOCÊ VAI SE CASAR E PONTO.
- AI VOU? E PORQUÊ NÃO ENTREGA A TUA FILHA?- gritei com raiva.
- porque não tenho direito sobre ela, quem tem é o irmão materno de minha mulher. - disse calmamente.
- EU NÃO QUERO, E NÃO VOU ME CASAR! - gritei.
- não se case, a menos que queira desafiar um autoridade tradicional. - disse com um tom de superioridade.
O senhor, era o soba? Bem, minha vida havia acabado naquele momento.
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Breve explicaçãoSoba: nome dado a autoridade tradicional em Angola.
o soba toma decisões, organiza eventos especiais, desempenha o papel de juiz e age de forma a prevenir o aparecimento de problemas externos à comunidade, tais como a feitiçaria. As suas funções são a de fazer a ponte entre a comunidade e governo, informarem-se dos problemas, investigar as causas e obter soluções, tais como problemas relacionados com a morte, doença ou outros assuntos similares.
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É o amor ( Completo )
RomanceVissolela, é uma menina cheia de vida, alegre, linda e simpática, que vê a sua vida mudar de ao ter que se casar de repente e se mudar para os EUA. Vissolela sentirá na pele o que é racismo e preconceito, e terá que se superar para poder viver o am...