22. Um fim, particularmente, original

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Se achou que, em algum momento, iria se arrepender de ter escrito a carta para Mark, estava certo. E o momento foi minutos depois que finalizou aquele banho de sentimentos com um leve teor engraçado que lhe causava um frequente sentimento de constrangimento consigo mesmo.

E mesmo que repetisse que precisava fazer aquilo de qualquer jeito, o grande dia havia chegado regado de mais nervoso do que arrependimento. Se antes estava preocupado com a reação de Mark sobre o que havia escrito, agora estava preocupado em errar. Quais eram mesmo as chances de dar tudo, absolutamente tudo, errado?

Bom, levando em conta que teve três dias para pensar em como executaria seu plano, mas gastou se remoendo de vergonha e agora sequer sabia que horas era o jogo para estar lá depois que começasse e evitar que o loiro o visse, as chances de erro eram 98%. Os 2% era se ele desistisse.

Pensou, primeiramente, em ligar para Jisung, afinal, o garoto sabia de quase tudo, descobrir o horário de um jogo deveria ser fácil. Porém, desistiu ao lembrar que a última pessoa que poderia pedir ajuda era o Park, exatamente por que já havia esgotado sua cota emergencial com ele depois do fim de semana. E também porque queria provar que não precisava dele para pensar.

Mesmo que, no fundo, precisasse.

A segunda opção era mais confiável. Deveria ter pensado nela primeiro, inclusive. Daehee namorava Jeno, jogador de basquete também, e estava mais envolvida naquele projeto que Jisung, então, provavelmente, ela saberia a programação completa. O único problema era que a garota sequer estava em casa.

Além disso, já passava da hora do almoço, o festival já havia começado. Seu sangue gelou por longos segundos, enquanto buscava, com o olhar, onde havia deixado seu celular. Ligaria para a irmã, torcendo para que o jogo fosse mais tarde, senão seu plano, que ainda não existia completamente, iria por água abaixo.

Encontrou o aparelho no chão, quase debaixo da cama. Como diabos ele havia parado ali, pra começo de questão? Depois se perguntou o tanto que estava aéreo naquele dia para não conseguir escutar algo tão importante cair assim.

Felizmente, ao virá-lo, suspirou aliviado por não ter um só arranhão. Levou o polegar a boca, mordendo de leve a ponta dele, enquanto trabalhava rápido em busca do número da irmã. Sua ansiedade provavelmente não havia chegado ao extremo, mas já o incomodava muito. Seu maior desejo era chegar no fim daquele dia com uma boa notícia.

"Oi, Hyu" — Daehee falou descontraidamente, precisando elevar a voz, já que era evidente pelo barulho de pessoas falando e música ao fundo, que ela provavelmente não estava conseguindo nem ouvir a própria voz.

"Hee, eu preciso falar com você" — Franziu as sobrancelhas, se irritando com os ruídos externos que ouvia. Felizmente, eles diminuíam gradativamente, levando Donghyuck a pensar que a Lee estava se afastando do centro do barulho.

"Desculpa, Hyu, pode repetir?" — Ela voltou a falar quando conseguiu encontrar um lugar menos barulhento.

"Me diz que o jogo ainda não aconteceu" — Pediu quase suplicando aos céus para que a resposta fosse a que gostaria de ouvir.

"Ainda não" — Expirou o ar, sorrindo em puro alivio. — "Na verdade, falta muito tempo para que ele aconteça. Será só às 19h" — Daehee comentou e Donghyuck olhou em volta do quarto, como se quisesse ver que horas eram, apenas para confirmar que ele ainda tinha tempo. "Por quê? Você vem?" — A voz da garota não escondia a animação de imaginar que Donghyuck planejava agir para recuperar Mark.

"Não pra ver o jogo, mas tem a ver com o Mark" — Sentou na cama, começando a sentir sua cabeça e seu corpo esquentar devido ao dia quente. O verão estava se mostrando cada vez mais difícil de se lidar.

No WayOnde histórias criam vida. Descubra agora