Prólogo

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Prólogo

Pela primeira vez estou em um tribunal de justiça de frente, é bem semelhante aos que vejo nos comerciais de novela. Uma sala imensa, com paredes em tom azul petróleo, tem alguns quadros espalhados, parecem diplomas, as cadeiras são todas acolchoadas, porém ainda me sinto desconfortável sentada em uma delas. Olho para meus pés, eles se balançam incansavelmente, os pelos dos meus braços estão arrepiados, esta sala é realmente fria e não é apenas pelo fato do ar condicionado estar ligado, mas por estar composta de juízes com semblantes frios e rigorosos.

Quando meus olhos encontram os da mamãe, ela sorri para mim, acredito que em uma tentativa de me tranquilizar e sussurra que tudo vai ficar bem. Contudo, essa sensação me abandona assim que meu pai entra na sala do tribunal e a raiva toma seu lugar. Após notar que sua atual companheira está ao seu lado, esse sentimento se intensifica. Foi com ela que ele traiu a minha mãe, não sei como ele teve a coragem de trazê-la. Ele está vestido o seu usual terno preto, o mesmo que costuma usar para ir nos cultos, enquanto a Renata está usando um vestido vermelho curto e nos pés usa um salto preto, seus lábios está pintado com um batom vermelho extremamente extravagante.

O juiz dá início na audiência falando sobre o processo de divórcio, meu pai é o primeiro a assinar o divórcio, ao mesmo tempo em que Renata dá um sorriso satisfatório. Logo depois é a vez da mamãe, ao se dirigir para assinar também, vislumbro um ar de tristeza em seu rosto.

— Com quem gostaria de ficar garotinha? — pergunta o juiz me encarando, seu olhar me causa medo pois é frio e calculista.

— Me chamo Isabella, então por favor me chame pelo meu nome — digo isso de modo firme.

— Ok, Isabella com quem deseja ficar? — contrapõe o juiz surpreso por notar que tenho personalidade forte.

— Óbvio que quero ficar com a minha mãe, não vou abandonar ela assim, como esse homem fez — digo apontando para meu pai, sem medo nenhum de seu olhar cheio de raiva, afinal fui eu que descobri todas suas mentiras e hipocrisias.

Novamente o juiz se surpreende com minha desenvoltura decidida.

— Bella, se comporte por favor filha, não tenha mais brigas — diz mamãe em tom de súplica.

Confesso que sua postura sempre calma, me irrita. Meu pai tenta argumentar e mostrar motivos pelos quais devo ficar com ele, mas eu simplesmente não me importo.

— NADA ME FARÁ MORAR COM VOCÊ! — grito o silenciando no mesmo instante.

Neste momento todos se assustam, meu pai se levanta e vem em minha direção, sua mão aperta levemente meu braço e me olha com muita ira, no entanto, acredito que ele se esqueceu completamente que está na frente de um juiz. No mesmo instante a minha mãe vem em meu socorro, ela caminha até onde estou e me separa do meu pai, neste momento vejo seu instinto maternal tomar conta, em questão de segundos sua a mão acerta o rosto do meu pai.

— Nunca mais ouse em tocar um dedo na minha filha! — exclama ela descontrolada.

Os guardas intervêm separando os dois e decide terminar a audiência, porém sem nada definido, eu não sei se ficarei com minha mãe ou com este homem que um dia chamei de pai. 

Montanha Russa Da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora