Aviso de gatilho: Esse capítulo contém cenas de abuso sexual.
Era estranho estar ali, naquela sala de espera, sem Harry ao meu lado para me encorajar. Não que eu precisasse dele para isso, mas, me sentia melhor. Não nos falávamos desde nossa conversa, na quinta-feira. E eu não o via desde sexta, quando vi ele e Melissa juntos. As ligações pararam no sábado, e até hoje, sexta-feira, eu não havia mais recebido nada. Elissa perguntava por Harry o tempo todo, e eu já estava ficando sem respostas. À essa altura, eu só queria poder conversar com ele e resolver as coisas. Mas ele havia sumido do mapa. Seu apartamento parecia vazio, também. Eu havia ficado sabendo por Callie que essa semana completavam quatro anos da morte de Sara, então, concluí que seu sumiço deveria ser por causa disso.
– Natalie? – Ouvi Dra. Watson me chamar e me levantei, indo em direção à sua sala.
– Olá – Sorri e estendi a mão para ela, que fez o mesmo, cumprimentando-me. Entramos em sua sala e ela fechou a porta atrás de nós.
– Como passou a última semana? – Questionou.
– Ah. Tudo bem... – Dei de ombros, me sentando na poltrona que havia ali.
– Vamos continuar a falar sobre seu pai, então? – Perguntou, sentando-se em sua poltrona em minha frente.
– Hm... Dra., eu gostaria de falar sobre... É... Sobre os abusos que eu sofri – Mordi o lábio, um pouco nervosa.
Ela me encarou, surpresa, e esperou que eu continuasse.
– Eu preciso superar isso – Desabafei. – Não aguento travar em momentos de... Intimidade.
– Bom, então, falaremos sobre isso. - Disse, se ajeitando na cadeira e anotando algo em sua prancheta. – Comece me contando quantos anos você tinha, onde foi...
Instantaneamente, todas as cenas vieram a minha cabeça.
A casa estava cheia e uma música alta tocava, me deixando meio zonza. Eu já havia tomado algumas cervejas e continuava a beber mais. Havia gente em todos os cantos. Eu estava sentada uma roda com várias pessoas que eu não conhecia, e meu namorado estava ao meu lado, abraçando-me.– Ei, galera! Eu trouxe um bagulho novo – um garoto falou, tirando algo de sua mochila.
Era alguma droga, óbvio que era. Eu nunca havia usado nada e não me sentia confortável. Nunca tinha fumado nem maconha. – O cara que me deu disse que é suave – deu de ombros –, quem aí quer?
A roda inteira ergueu os braços, incluindo meu namorado. Eu fiquei quieta.
– Qual é, amor, por que não prova? – Tyler me perguntou.
– Você sabe que não curto essas coisas – Neguei, aninhando-me ao seu abraço.
– Só hoje, vai. Você precisa se animar! – Insistiu dando alguns beijos em meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse instantaneamente.
Neguei com a cabeça.
– Por favor... – Tyler pediu, mordendo o lóbulo de minha orelha. – Por mim. Abaixei os ombros, derrotada.
– Só hoje. E só um pouco – Cedi e ele abriu um sorriso enorme, me dando um selinho.
Tudo girava. Minha cabeça parecia que explodiria a qualquer momento. Algumas luzes piscavam e eu só olhava para o teto, meio tonta. Haviam algumas pessoas jogadas pelos cantos, outras dançavam, algumas estavam se beijando. Eu estava deitada no chão, observando tudo ao meu redor. Já havia parado de beber e estava arrependida de ter provado a tal droga. Eu estava um pouco enjoada, mas não queria me levantar. Olhar para o teto era muito interessante.
Senti dois braços me levantarem e logo olhei ao redor, me situando.
– Amor? É você? – perguntei, e ele riu, enquanto andava comigo em seu colo.– Claro que sim! Vamos lá pra cima – Tyler falou.
– Eu quero dormir – eu disse.
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A Place To Call Home
RomanceUma mãe solteira, de apenas 22 anos, resolve mudar de cidade para começar uma vida nova com sua filha de três anos, após sua mãe, que era quem a ajudava com tudo, perder a batalha para o câncer. Sua vida começa a mudar já no trem a caminho de Londre...