Encarei meu reflexo no espelho, satisfeita com o resultado de algumas horas de arrumação. O tecido branco envolvia meu corpo perfeitamente, minha pequena barriga de três meses de gravidez quase não aparecia por baixo do pano. Era curto, um pouco abaixo dos joelhos, e tinha alguns detalhes em renda, mas nada excessivo. Meu cabelo estava solto, com leves ondulações nas pontas, e minha maquiagem seguia o estilo clássico - perfeita para um casamento no civil.Harry e eu decidimos não fazer uma festa grande, era por isso que íamos nos casar apenas no civil, no quintal de nossa nova casa, na companhia somente de nossos familiares e amigos mais próximos. Não sentíamos necessidade de casar na igreja ou de fazer uma festa grande, pelo contrário, queríamos algo bem íntimo, e assim seria.
Havíamos comprado a casa no mês passado, com o dinheiro da venda de nossos apartamentos. Harold encontrou a casa perfeita, na vizinhança onde Callie e Ian moravam, então a localização era muito boa. Tinha dois andares, quatro quartos, piscina e um quintal nos fundos. Já estávamos morando ali, mesmo a mobília não estando completamente pronta. Era ótima para nossa pequena grande família, que em breve cresceria ainda mais. Tinha espaço para Leia e Panqueca, que, apesar de se estranharem no início, agora já se davam bem, e também para Bóris, que corria pelo quintal inteiro, até esgotar suas energias.
Minha faculdade estava quase no fim, eu a terminaria antes mesmo de o bebê nascer e Callie já tinha me oferecido um cargo fixo como designer de interiores em sua empresa. Eu ficaria responsável por todo o setor de decoração, e ela cuidaria da parte estrutural, juntamente com seu pai.
Enfim, as coisas não poderiam estar melhores.
O barulho da porta se abrindo me tirou de meus pensamentos. Callie e Anne entraram, as duas abrindo sorrisos enormes ao me ver.
- Você tá muito linda, amiga! - Callie disse ao se aproximar, segurando em minha mão para que eu girasse e elas pudessem ver todos os detalhes. - Quase nem dá pra ver sua barriguinha, mas... Eu ainda não sei lidar com fato de que você tá grávida do irmão do meu marido!
- Pois é. - Eu ri, levando as mãos até minha pequena barriga.
- Ai, Nat, seu cabelo, a maquiagem... Nossa, você tá maravilhosa! - Anne elogiou, aproximando-se para me dar um abraço rápido.
Olhei para as duas, me sentindo extremamente grata por tê-las em minha vida. Há um ano atrás, quando encontrei com Call e Ian no vagão do trem para Londres, não podia imaginar que construiria um elo tão forte com ela e com sua família. Acima de tudo, eu tinha ganho duas amigas, que levaria para a vida inteira.
- Acho que nunca agradeci a vocês por tudo, né? - Comentei, vendo as duas sorrirem para mim. - Então, eu quero agradecer, por todos os momentos, por tudo que já fizeram por mim e, principalmente, por nossa amizade. Eu amo muito vocês.
- Ah, meu Deus! - Callie exclamou, puxando-me para mais um abraço.
- Amamos você, Nat. - Anne disse ao se juntar a nós no abraço. - Você é, tipo, nossa irmãzinha mais nova.
Eu ri baixo e me afastei, ainda olhando para as duas. Call sorriu e ajeitou meu cabelo, que havia bagunçado um pouco devido ao abraço.
- Me contem, como Harry está? - Perguntei, não contendo minha ansiedade.
- Lindo, como sempre. - Callie contou e eu sorri, mordendo meus lábios internamente. - Estão todos prontos, só te esperando. Vamos?
- Nick e Elissa? - Perguntei enquanto andávamos até a porta do quarto.
- Estão prontos também. - Anne contou, sorrindo brevemente.
Sorri para elas e respirei fundo, começando a descer as escadas, o nervosismo começando a me atingir. Só então me dei conta de que eu iria andar até o pequeno altar de nosso casamento sozinha. Sem minha mãe, e obviamente, sem meu pai. A dor de não ter mais Angie comigo diminuía a cada dia, mas a saudade parecia só aumentar. Se eu tivesse direito a um desejo somente, eu pediria que ela estivesse ali, comigo, naquele dia, mesmo sabendo que, de uma maneira ou outra, ela estava. Porém, no momento, aquele pensamento não me confortou nem um pouco.
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A Place To Call Home
عاطفيةUma mãe solteira, de apenas 22 anos, resolve mudar de cidade para começar uma vida nova com sua filha de três anos, após sua mãe, que era quem a ajudava com tudo, perder a batalha para o câncer. Sua vida começa a mudar já no trem a caminho de Londre...