TRINTA E UM:
Não consegui digerir aquilo. Era demais para mim. Quis ter forças para consolar Harry e lhe dizer que estava tudo bem, mas eu sabia que não estava.
Meu amigo chorava sobre o corpo do diretor e todos faziam silêncio.
Senti o ar se esvair de meus pulmões enquanto eu cambaleava para trás completamente desnorteado sentindo o chão sob meus pés tremer. Náuseas me golpeavam fazendo com que eu curvasse o corpo sentindo minha visão ficar turva. Era a pior situação que eu já havia presenciado.
Senti a mesma coisa que senti no dia que briguei com Fred, porém isso era muito pior. Meu corpo estava dolorido e eu estava cheia de machucados. O ar não ficava em meus pulmões, podia sentir o desespero me preencher enquanto eu sentia o gosto amargo de minhas lágrimas. Meu mal estar era tanto que eu não conseguia manter-me em pé. Afastei-me de todos e cambaleei até um corredor vazio.
Eu não conseguia ser tão forte.
Minhas pernas estavam trêmulas e eu sentia uma náusea esmagadora sobre meu peito gerando-me ânsias e tirando-me o pouco oxigênio dos pulmões.
Mal deu tempo de inclinar a cabeça para fora da janela e pude sentir toda a podridão de meu âmago subir pela garganta enquanto eu vomitava e sentia que a qualquer momento meu coração fosse explodir.
Quem sabe se eu tivesse ido junto Dumbledore estivesse vivo.
Sentia os músculos de minhas pernas tremerem convulsivamente a ponto de não sustentar mais meu peso. Caí no chão sentindo minha visão turva e odiando cada célula do meu corpo por ser tão fraca.
- Hermione! – ouvi a voz chegar até mim.
Não respondi nada apenas deixei que toda a aflição, tristeza, dor, desgosto, amargura e culpa se esvaíssem por meus olhos na forma de lágrimas.
Reconfortantes braços me acolheram e eu senti seus dedos acariciarem meus cabelos desgrenhados e sujos com sangue e suor.
- Já passou. – ele murmurou beijando minha testa.
- Eu devia ter ido com eles. – murmurei enquanto soluçava em seu peito. – Dumbledore... Ele... Eu devia... – fortes soluços faziam meu corpo tremer enquanto eu balbuciava coisas sem sentido.
Fred agora embalava meu corpo e segurava meu corpo acariciando meu rosto e sussurrando alguma melodia em meus ouvidos.
- Vai ficar tudo bem. – ele murmurou quase que silenciosamente em meus ouvidos.
Fiquei ali parada, apenas sentindo o martelar de seu peito ser acompanhado pelo som da sua respiração que estava calma e tranqüila. Sentia o calor dele perto de mim enquanto eu sentia meu coração desacelerar.
"- Vai ficar tudo bem. – a voz apaziguadora soou enquanto ele afagava meus cabelos."
Dumbledore havia dito para mim. Ele usara o mesmo tom que uma mãe usa com seu filho. O mesmo tom de voz que se usa quando uma mãe quer proteger seu filho e mente para ele dizendo que "Vai ficar tudo bem".
Eu agora estava calma e as náuseas iam se dissipando. A dor física agora era branda quando comparada à dor espiritual. Aos poucos tudo passou. A dor. A angústia. O desespero. Apenas sobrou o pesar e a tristeza.
Não sei se já perderam alguém muito querido. Não é algo que se explica. Não é algo sequer comensurado, e sinto informar que minhas palavras foram inúteis ao tentar descrever a sensação que preenchia meu peito.
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Escolhas | Fred & Hermione
Hayran KurguAmor. Opostos. Desejo. Contradições. Carinho. Antônimos. Misture tudo. Isso resulta em nós. Nesse doido paradoxo que é nosso relacionamento. Resulta em algo impossível, que só existe conosco. O desejo é o que torna o irreal possível. E ainda assim...