Deixe-me tentar

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Gaetano deixou a panela de massa no fogão e correu para atender a porta, quando ouviu batidas tímidas, já imaginando quem estava do outro lado.

- Meu genro! – Ele exclamou em um tom brincalhão, cumprimentando Otávio com um aperto de mãos razoavelmente forte.

- Boa noite, Seu Gaetano. – O cumprimento do capitão veio de forma mais contida, quase encabulado. – Eu queria ver o Luccino e, como o senhor pediu, estou entrando pela porta da frente.

- Fica à vontade. – Ele abriu espaço para que o militar entrasse e, logo em seguida, fechou a porta. – Eu vou chamar o Luccino. Ele se enfiou no quarto desde que chegou, fica mandando áudio para Dona Mariana e, só porque a porta está fechada, pensa que eu não escuto. – O italiano se aproximou do genro e continuou em um tom mais baixo. – Os dois estão bem animados com o namoro de vocês.

Otávio riu nervosamente, sem saber se aquilo era uma ameaça ou uma informação privilegiada que deveria ser usada com muito cuidado.

- Eu peço desculpas por vir desse jeito. – Na pressa de se aprontar, o militar não se deu ao trabalho de procurar uma roupa e vestiu o primeiro uniforme limpo que encontrou. – É que eu quis chegar o quanto antes.

- Imagina. Vai se preocupar com isso, capitão? O senhor fica bonitão de qualquer jeito. – Gaetano riu e foi até a porta do quarto do filho mais novo, deixando para trás um Otávio formado por um misto de nervosismo e alívio.

Alguns segundos se passaram até que a porta se abriu, revelando um Luccino sem camisa, porém com a bermuda que usava como pijama. Os cabelos que começavam a crescer estavam desajeitados e o sorriso que fazia morada em seu rosto, desde o momento em que pôs a cabeça para fora do quarto, se alargou quando o pai terminou de falar.

Pai e filho saíram do quarto, Seu Gaetano foi direto à cozinha, só então, lembrando da panela que estava no fogão. Luccino caminhou apressadamente até Otávio, sem cumprimentá-lo ou dizer qualquer coisa, pediu que o acompanhasse até o quarto, com a desculpa de que poderiam ficar mais à vontade no cômodo.

No exato segundo após a porta ser fechada, o capitão se viu empurrado contra a parede, com o corpo do italiano fazendo força sobre o seu, e Luccino tomando seu rosto em um beijo, com a mão puxando de leve os cabelos em sua nuca. Sem se sequer pensar, o militar retribuiu, apertando as mãos nas costas do mecânico, puxando-o para ainda mais perto.

Quando ambos se deram por satisfeitos, seus rostos se afastaram lentamente. Luccino possuía um olhar encantado e, certamente, se não estivesse tão encabulado, teria o mais doce dos sorrisos em seus lábios. Por sua vez, Otávio estava incrédulo, com olhos e boca igualmente abertos.

- Que loucura que eu fiz. – O militar soltou em um sussurro, tendo sua mão tocando os próprios lábios lentamente. – Onde é que estava com a cabeça, Luccino?

- Eu sei que parece loucura, mas quem se importa? – O mecânico disse da maneira mais gentil que era capaz. – Não estamos fazendo nada de errado e... – Ele parou sua fala ao se dar conta de uma possibilidade que não havia considerado. – Otávio, eu fui muito rápido? É isso? Você não estava confortável para fazer algo assim?

O capitão respondeu-lhe com um beijo. Novamente, puxando-o para si, transformando a preocupação no semblante do italiano em contentamento. Os dois rindo entre os beijos, percebendo que, realmente, não havia motivos para se preocuparem.

- Desculpe, às vezes, é difícil conter o receio. – O militar falou em um tom calmo, colando sua testa na do outro, ainda de olhos fechados, respirando lentamente.

2019 - Uma história LutávioWhere stories live. Discover now