Uma boa notícia

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Otávio acordou com a luz da manhã começando a passar pela janela do quarto do namorado e fez uma careta ao perceber que já era dia, mas a expressão em seu rosto mudou completamente quando se virou e encontrou Luccino vestindo uma blusa cinza que possuía uma mancha preta em sua lateral.

- Bom dia, flor do dia. – O militar brincou, ainda com uma voz sonolenta.

- Bom dia, capitão. – O mecânico respondeu sem tirar os olhos do espelho, conforme tentava arrumar os fios de cabelo que estavam crescendo e se recusavam a ficar parados. – Eu pensei em te acordar, mas você estava dormindo tão bonitinho que não tive coragem.

- Tudo bem. – Ele soltou junto de um bocejo, espreguiçando o corpo, ainda deitado. – Que hora é?

- Seis e quarenta e alguma coisa. – O italiano disse em um tom despreocupado, finalmente, virando-se e oferecendo um sorriso doce ao namorado.

- Puta merda! – O capitão exclamou em um susto e, logo em seguida, impulsionou o corpo para frente, levantando-se o mais rápido que pôde, já procurando suas roupas. – Tenho que estar no quartel às sete. O coronel vai me matar.

- Diga que fui eu quem te atrasou, ele vai entender. – O rapaz soltou em um tom que era tranquilo e sugestivo ao mesmo tempo, sequer sendo contagiado pela pressa do outro.

- Eu vou tentar. – Otávio anunciou após fechar o último botão de sua farda. Então, se aproximou de Luccino e roubou-lhe um beijo rápido. – Mas se eu tiver que pagar flexões, vou cobrar de você.

- Que imagem estimulante. – Ele comentou encarando o chão, como se estivesse analisando a cena em sua cabeça. – E eu posso pagar parcelado? – O questionamento veio acompanhado de uma piscadela audaciosa.


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O capitão passou pelos portões do quartel, torcendo para que Brandão estivesse em seu gabinete, extremamente ocupado e sequer desse conta da falta de seu subordinado.

- Isso são horas, capitão? – O coronel estava em seu gabinete, sim, mas estava de olhos bem atentos na janela. A pergunta saiu em um tom quase paternal, como se quisesse repreender o filho mais velho que, agora, resolvera lhe causar problemas.

- Eu peço desculpas, coronel. – Otávio disse ao ficar em posição de sentido, mesmo com o susto que levara.

- Entre, preciso conversar com o senhor. – Brandão falou em um tom ainda mais firme, coisa que fez o outro militar se perguntar se havia cometido algum outro erro.

Otávio voltou alguns passos e abriu a porta que dava direto no gabinete de Brandão, entrando no local rapidamente, pois não queria deixar o superior esperando mais do que já o fizera. O coronel estava apoiado em sua mesa ao lado da cadeira reservada ao visitante. Ele fez um sinal para que o capitão sentasse.

- Vejo que passou a noite fora. – Victor começou em um tom mais amigável. – No entanto, não parece estar de ressaca, o que me faz pensar que o motivo do atraso tem nome italiano.

- Sim, coronel. – O capitão respondeu com um tom encabulado, baixando o rosto e contendo um sorriso. – Eu dormi na casa do Luccino, mas foi um convite dos pais dele. – A voz tornou-se um tanto nervosa.

- Calma, capitão. Não precisa justificar porque dormiu com o namorado. Eu soube que é o que vocês são agora. – Ele colocou uma mão no ombro do subordinado. – Fico feliz. Luccino é um menino de ouro, acredito que esse relacionamento lhe fará bem, Otávio.

2019 - Uma história LutávioWhere stories live. Discover now