Agatha estacionou em frente ao muro colorido, já tão conhecido em sua rotina. Observou a pequena sentada em sua cadeirinha no banco traseiro, seus olhos corriam hipnotizados pelas páginas do livro infantil que segurava em suas mãos gordinhas, seus cabelos escuros presos com o laço azul que ela mais gostava caíam levemente sobre os olhos, mas nem isso tirava a atenção da pequena, que até nas expressões era escrita o pai, tirando os olhos verdes brilhantes e as pequenas sardas que pintavam seu rosto, Manu era Rodrigo inteirinho.
Rodrigo Simas, lembrava vividamente quando tudo começou, da época em que ela insistia em não rotular o que tinham, mas estava completamente rendida por ele, quando finalmente cedeu ao turbilhão de sentimentos que ele era, e a fazia sentir, quando decidiram morar juntos e quando perceberam que já estavam praticamente casados, eles eram tão deles, que em pouco tempo oficializaram a união, ter um bebê não era o plano, Agatha pensava em sua carreira, em todas as oportunidades que ainda teria, Rodrigo não ficava atrás, estava crescendo cada vez mais na profissão, pensavam em viajar o mundo juntos, conhecer tudo o que pudessem e só então pensar em aumentar a família.
Mas parece que os planos que estavam reservados para os dois não eram esses, e em um exame de rotina, ela descobriu que já não andava mais sozinha. Foi numa quinta feira, 16 de Outubro, que Manuella Moreira Simas nasceu em um parto prematuro, de uma gravidez difícil, considerada de risco desde o inicio ela veio contrariando todos os diagnósticos, nasceu forte e linda, e logo recebeu o nome escolhido por seu pai, que significava "Deus é conosco" tudo em que Rodrigo e Agatha haviam se apegado naqueles momentos difíceis, e ele realmente era, Manu era perfeita.
Apesar de não estar em seus planos, a maternidade havia feito muito bem a ela, e durante todo o primeiro ano da pequena, ela havia se dedicado inteiramente a ela e a família, Rodrigo era um pai maravilhoso, completamente apaixonado e presente em todos os momentos, eles eram felizes, até o dia em que tudo desandou. Com um ano e quatro meses de Manu, ela resolveu voltar a se dedicar a sua profissão, a menina já não era mais tão dependente dela, e desde que havia nascido ela tinha Dona Cátia ao seu lado, que a ajudaria com a menina, mas a rotina foi ficando cansativa demais, e o relacionamento foi ficando em segundo, terceiro e as vezes até quarto plano para os dois, ela não podia dizer que não tentou salvar o que eles tinham, mas infelizmente o fim havia chegado para os dois, Rodrigo voltou para seu apartamento, deixando saudade e um vazio imenso.
-Filha, vamos? Já chegamos na escolinha. –Ela sorriu observando pequena desviar sua atenção e deixar o livrinho no banco.
Manu agora, no auge de seus quase quatro anos e inteligente que só ela, havia pegado o costume de perguntar tantas vezes quanto podia, porque ela e o papai não namoravam. Não era algo que ela gostava de tocar, ainda mais quando ela lembrava de como ele ainda a balançava, ela já tinha perdido a conta de quantas vezes eles se enrolaram de novo depois do "fim" era sempre assim, a saudade gritava, o corpo pedia, eles cediam e se amavam como nunca, pra no dia seguinte agirem como sempre. Juras de amor que eles fingiam não ouvir, promessas de que tudo aquilo acabaria bem que nenhum dos dois conseguia acreditar, e os pedidos de desculpas que eram sussurrados tão baixos que passavam despercebidos pelos ouvidos saudosos de seus ápices, para na manhã seguinte, eles fingirem que nada daquilo aconteceu, e se machucarem ainda mais com as palavras que não gostariam de dizer.
-Mas eu não quero ir hoje mamãezinha, me deixa no papai? –A pequena sorriu de canto, aquele sorriso que só não era mais ele, porque ele existia.
-Papai tá trabalhando filha, e você sabe que não pode faltar a escolinha né? A mamãe promete que tenta te buscar mais cedo hoje.
Manu suspirou ruidosamente e levou as mãos ao rosto, era como Ana sempre dizia, filha de peixe, peixinha era, a menina tinha um dom nato para atuação, melhor até que seus pais se deixasse. No meio deles, e de todos os sentimentos embaralhados, e questões mal resolvidas, tinha ela, Manuella, a princesinha de Rodrigo, o amor da vida de Agatha, ela era a única que conseguia reunir os pais em um mesmo ambiente sem que eles tentassem se agredir por meio de palavras ásperas, a única que os fazia esquecer do que havia passado.
-Mas só porque o Caio disse que ia me dar uma bala... –Ela rolou os olhos e se soltou de sua cadeirinha.
-Ai minha filha... você me acaba. A mamãe vai deixar você na sua salinha. E vê se não implica com o seu pai falando do Caio viu, sabe que ele não gosta. –Ela riu e tirou seu cinto saindo do carro, deu a volta e foi até a porta traseira a abrindo e pegou a pequena em seu colo.
-Podemos tomar sorvetinho hoje?
-Claro que podemos. Assim que a mamãe sair do projac eu te busco e a gente vai tomar um sorvetinho e brincar no parquinho.
-Tá bom. Mas promete de dedinho mãe. Porque se não depois você esquece e me deixa com cara de tacho...
-O que Manuella? –Agatha gargalhou observando a menina em seus braços, quem ensinava aquelas coisas para ela?
-Ah mãe... anda, promete de dedinho que vamos tomar sorvete. –Ela esticou o mindinho e observou a mãe que riu e entrelaçou seu dedo ao dela.
-Prometido sua coisinha... agora vamos vai. Mamãe vai te deixar lá e sair correndo pra não chegar atrasada.
-Se encontrar com o papai não seja malcriada viu... fala com ele e dá beijinho.
Agatha respirou fundo tentando não pirar, era impossível esquecê-lo daquele jeito, era impossível esquecê-lo tendo Manu que os aproximava tanto, e o lembrava tanto, era impossível esquecê-lo quando ela ainda o amava, o desejava, o precisava e era simplesmente impossivel esquecê-lo quando ela não queria esquecer.
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Olha eu postando outra fanfic mal tendo tempo pra atualizar a que já tem, êh vida!! MAAAAS espero de verdade que vocês gostem viu! Me deixem saber o que acharam. Beijinhos.
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Todo amor que houver nessa vida
RomanceUm história diferente, do nosso casal mais amado da vida! Por: Liv M