Thirteen

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Agatha havia estado no automático na última hora, havia pedido para o motorista trocar a rota e foi direto para a emergência pediátrica mais próxima, não tinha cabeça para lidar com aquela febre tão alta sem ajuda. Mandou uma mensagem rápida para Rodrigo, a filha merecia ter o pai por perto, apesar de sentir que bateria nele até cansar.

Observou a pequena adormecida naquele quarto de hospital e desejou fechar os olhos e abri-los novamente  quando tudo tivesse passado. Como odiava sua pequena daquele jeito, Manuella brilhava de longe, mas naquele dia era como se nada fizesse sentido. A porta do quarto abriu devagar a tirando de suas divagações e ela sorriu quando viu Ana entrar junto de sua mãe.

-Querida... -Agatha sentiu mais lágrimas virem quando foi envolvida pelo abraço da mãe, sentia-se uma criança sem rumo naquele momento.

-Tá tudo desmoronando de novo mãe, eu não sei pra onde correr... -Ela suspirou e sorriu quando sentiu Ana acariciar seus cabelos.

-Vai ficar tudo bem, sempre fica. O que o médico disse? -Ela perguntou.

-Nada ainda, fez alguns exames, pediu pra observar ela e pra dar bastante líquido. Mas ela dormiu... não quis comer, nem água quis tomar.

-Crianças ficam doentes mesmo filha, quantas vezes eu já fiquei doida com você de madrugada nos hospitais, mas passa... e ela vai ficar bem. -Enilda sorriu e caminhou até a neta, beijando a pequena mãozinha.

Agatha assentiu ainda que contrariada e suspirou, só restava esperar a filha acordar agora, e o resultado dos exames

Rodrigo respirou fundo quando entrou no quarto, ele havia pedido ajuda da mãe e da sogra quando recebeu mensagem de Agatha, precisaria de forças para passar por aquilo, estava quebrado, mas precisava se recompor pela filha.

-Filho... -Ana sorriu ao ve-lo.

-Como ela tá? -Ele caminhou até a pequena, tocando sua testinha.

-Descansando pra se recuperar... daqui a pouco tá espoleta ai de novo. -A mulher respondeu acariciando o rostinho da neta

-O que o médico disse? -Ele perguntou e fitou Agatha

-Ainda nada...

-Pai? -Manu abriu os olhos e observou as pessoas que estavam ali. -Já é festa?

Enilda riu acompanhada de Ana.

-Não meu amor, a gente veio cuidar de você. -Ana sorriu.

-Quero meu papai. -Ela esticou os bracinhos e foi prontamente atendida. Rodrigo a trouxe para seu colo e a abraçou apertado.

-Quero a mamãe... -Manu sorriu fitando a mulher.

-Cê não quer coisa demais não é? -Agatha sorriu indo até a filha e beijou seu bracinho, sentiu Manuella envolvê-la num abraço, e logo estava ali, colada a ele.

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Ela odiava hospitais, desde que havia trazido Manu ao mundo então, era fato consumado. As horas dentro daquele lugar se arrastavam tanto que ela sentia que estava a dias esperando o resultado do exame da filha.

-Querida, porque você não vai comer algo? -Ana sorriu se aproximando dela.

-Estou sem fome nenhuma... preciso de uma resposta Ana. -Ela suspirou.

-Saco vazio não para em pé... Como quer cuidar de Manu se não está se cuidando?

-Eu só preciso da minha filha em casa comigo... o resto não importa. -Ela sorriu e se levantou do pequeno sofá que havia no quarto, sua cabeça rodou no instante seguinte, e ela precisou se apoiar na sogra.

-Agatha? -Ana segurou os braços da mulher rapidamente e fitou o filho num pedido mudo por ajuda.

Ele se levantou correndo e apoiou o corpo dela.

-O que você tá sentindo?

-Uma tontura estranha, mas tá passando. Foi rápido...

-Precisa comer filha, está fraca. -Enilda se aproximou também.

-Não mãe... estou enjoada. Não quero comer nada... -Ela bufou passando as mãos pelo rosto.

-Enjoada, hum... vai buscar um suco pra ela Rodrigo. -Ana observou o filho.

-Vou, senta ai e fica quietinha que eu já venho. -Rodrigo a ajudou a se sentar e saiu do quarto.

-Fala pra ele que não precisa... estou sem fome... -Ela suspirou se deitando ali.

-Só um suco. -Enilda se sentou no sofá colocando as pernas da filha em seu colo.

Rodrigo voltou tempo depois e caminhou até a mulher que agora cochilava.

-Senta pra tomar o suco vai. -Ele pediu acariciando os cabelos dela.

-Eu não quero...

-Por favor. Me ajuda a te ajudar, não quero você mal também. -Ele suspirou.

-É de que o suco? -Ela se sentou o fitando.

-Laranja, nem vem de manha porque você gosta. Toma, toma tudo. -Ele entregou o copo a ela.

Ele a observou tomar o suco, agora as coisas estavam mais calmas em sua mente, ele não havia escutado o que ela tinha pra dizer, ele não havia deixado ela falar, e ele sabia que havia errado feio. Mais uma vez.

-O que? -Ela o fitou.

-Nada, bebe logo. -Ele se levantou e caminhou até Manu que havia voltado a dormir, acariciou o rostinho da pequena que ainda queimava e suspirou.

-Filho, vamos precisar ir. Só podem ficar dois acompanhantes durante a noite, vamos deixar você e a Agatha mais a vontade. -Ana sorriu beijando a testa da nora e foi até o filho o abraçando.

-Obrigada mãe. Por tudo. -Ele sorriu.

-De nada... se cuida e cuida delas... sem brigas, sem estresses. Por favor...

-Tudo bem. Obrigada viu sogra... -Ele riu abraçando a mulher e fitou Agatha que o observava confusa.

As mães se retiraram do quarto, deixando os dois sozinhos.

-Ainda tá bebendo isso? -Ele rolou os olhos.

-Eu nem queria... estou enjoada.

-Quanto mais tempo você demorar, mais enjoada vai ficar...

-Eu devia perceber que ela não tava bem né? Eu sou mãe dela Rodrigo...

-Sim, e não vidente. Crianças ficam doentes o tempo todo Agatha, faz parte. E ela vai ficar bem logo menos. -Ele sorriu e cobriu a filha indo até a mulher.

-Me assusta você conversando comigo assim sabia? Depois de... de hoje. -Ela suspirou e deixou o copo pela metade na mesa.

-Existem coisas mais importantes do que essa briga besta. Somos duas pessoas quebradas tentando se encaixar de novo, mas precisamos nos aceitar de volta primeiro...

-Eu não ia sem você...

-Eu não ficaria aqui sem você... -Ele suspirou e envolveu o corpo dela em seus braços, ainda não era o que eles mereciam um do outro, mas por hora, era o que precisavam.

Todo amor que houver nessa vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora