Todo amor que houver nessa vida

Two

Agatha já devia imaginar que aquele dia seria difícil assim que acordou, seu cansaço tanto físico quanto emocional já estava ficando mais do que evidente, trabalhar e tentar ser tudo o que Manuella precisava lhe exigia demais, lembrava das muitas brigas que havia tido com Rodrigo quando o relacionamento já estava no fim, que ele costumava dizer que quase não a via mais em casa, não queria que Manu vivesse isso também, e apesar de saber que se doava o máximo para a filha, seu maior medo era não conseguir ser presente na vida dela.

-Vamos Agatha, só mais essa vez e eu prometo que libero você pra descansar. –O diretor gritou e ela voltou a se posicionar para fazer a cena de novo.

Ela suspirou e passou o texto novamente na cabeça, sendo tirada de seus pensamentos quando uma voz conhecida soou pelo estúdio, as vezes tinha vontade de bater em Rodrigo quando ele aparecia do nada em seu set, talvez porque não gostava de interrupções, talvez porque ele não era daquela novela ou talvez porque ela se perdia inteirinha na presença dele, chegava a ser ridículo.

-Vamos, em 1, 2, 3 e gravando... –O diretor gritou e o estúdio ficou em silêncio.

"Mas você sabe que não podemos fazer isso enquan..."

-Ai desculpa... –Ela passou a mão pelo rosto tentando lembrar do texto.

-Pausa... vai beber uma água e clarear esses pensamentos, ou a gente não sai daqui hoje. –O diretor disse e saiu dali.

-Estressada Moreira? –Aquela voz soou em seus ouvidos e ela quis sair correndo, será que seria maduro da parte dela deixar ele falando sozinho?

-Cansada, é diferente...

-Sei,quer dizer, tô vendo. Parece que um caminhão passou por cima de você. –Ele riu

-Obrigada pela parte que me toca. Agora da licença que eu vou beber uma água pra terminar de gravar que eu prometi de dedinho que levaria sua filha no parquinho.

-Nossa filha... Não fiz sozinho. –Ele rolou os olhos. –Se você quiser eu vou com vocês. Minha mãe pediu para eu levar ela lá em casa final de semana,Joca, Maria e Madá estarão lá, ela quer reunir os netos.

-Tudo bem, quer dizer. Se você não se importar, já que esse fim de semana é o meu.

-Eu não me importo com nada que envolva a Manuella, Agatha. Você sabe disso, e eu não sou um monstro também, estou vendo que você está cansada, aproveita e vê se dorme... –Ele disse e fez sinal positivo com os dedos.

-Muito caridoso você... tudo bem, fala com a sua mãe que ela vai e... –Ela parou de falar quando "Você quer brincar na neve" começou a tocar no ambiente, e tirou seu telefone do bolso.

-Alguém andou trocando o toque do seu telefone de novo... –Rodrigo riu e observou ela atender.

Agatha escutou o que a outra pessoa dizia do outro lado, suas mãos suaram frio e sua cabeça girou, ela devia saber que aquele dia não estava legal. Desligou o telefone rapidamente e respirou fundo.

-Manuella tá passando mal, a professora ligou e pediu para eu ir correndo.

-Vamos... –Ele segurou o braço dela e os dois saíram juntos pelo estúdio.

-Eu vou pegar meu carro e te encontro na saída...

-Eu levo você, depois peço pra alguém levar teu carro. Vamos logo...

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Rodrigo estacionou em frente ao colégio de Manu, e Agatha nem esperou ele desligar o carro, soltou seu cinto e saiu de lá indo até o portão tocar o interfone do colégio.