Como nem tudo eram flores, a dificuldade que ele estava tendo em voltar a uma rotina com Agatha e Manuella era quase difícil de acreditar, seu trabalho não ajudava nos últimos dias, seus horários distantes de serem dignos de um pai e marido, e principalmente ela, que parecia nadar contra a maré para que finalmente aquela tormenta passasse.
Fazia quase um mês que Rodrigo tentava mudar de vez para o apartamento deles, sem qualquer sucesso. Agatha parecia indisposta a deixar que as coisas fluíssem de maneira leve, e sempre havia uma desculpa, um porquê, um perdão, mas nunca um resultado. Não que ele precisasse de mais algo, já que ficava mais com elas do que em seu apartamento que havia alugado assim que se separaram, mas a ideia de permanente parecia assusta-la.
-Acho que hoje consigo chegar mais cedo e a gente pode sair para fazer alguma coisa, o que acha? -Ele a observou enquanto almoçavam, dividiam uma mesa no refeitório dos estúdios, mas a velocidade com que ela digitava sem parar em seu telefone o incomodava.
-Sim, perfeito. Manu vai ficar feliz, tem tempo que não conseguimos aproveitar...
-Só a Manu? -Ele suspirou.-E eu também amor, é claro que vou...
-O que tanto de tira de mim nesse celular? Poxa Agatha, eu me enrolei todo para estar aqui almoçando com você. -Ele segurou as mãos dela que ainda se moviam freneticamente.
-Desculpa eu... tudo bem. São só, problemas. Mas eu paro, vamos aproveitar esses momentinhos que temos juntos... e então? Como andam as gravações? -Ela sorriu entrelaçando seus dedos aos dele.
-Bem... muito bem. E a senhora? Como anda se saindo no papel da vilã sem escrupulos?
-Não é fácil não sentir em algumas cenas, o olho enche d'água a voz embarga, mas eu tô conseguindo. Eu acho... -Ela o fitou, e toda a insegurança que lhe era tão presente transbordou pra ele.-Eu sou suspeito pra dizer, é claro. Mas você é incrível, fazendo tudo o que você faz. -Ele sorriu beijando cada dedo dela, mania antiga que ele havia adquirido depois do nascimento da filha, e não conseguia conter a euforia com aqueles mini dedinhos.
-As críticas tem sido boas... mas algumas coisas me levam a Manu, a você. É dificil imaginar que existam pessoas assuim sabe, vazias...
-Não pensa nisso... pelo menos não agora. Que tal se a gente for comer no outback hoje? Manuella ama aquele lugar, você também... imagina que delícia vai ser passar esse tempinho com vocês. -Ele sorriu.
-Eu acho que você não poderia ter tido ideia melhor... -Ela riu segurando as bochechas dele e lhe deixou um selinho nos lábios.
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Como era de se esperar, as novas roupas que ele havia levado para deixar no apartmento naquela noite antes de saírem haviam causado uma comoção muito maior do que ele esperava, alguma peça no quebra cabeças que Agatha se tornava as vezes não estava encaixando.
Ao mesmo tempo em que aqueles cristais que ela carregava nos olhos passavam toda a ansiedade deles voltarem a serem o que eram, suas reações contrárias ao fato o confundiam.
-Eu ainda não entendi o que te chocou tanto, se eu vou vir de vez pra cá, eu preciso das minhas coisas Agatha... me explica que tá difícil de te entender...
-Você tem roupas aqui já amor... foi só isso que eu quis dizer.
-Eu preciso esvaziar o apartamento para entregar ele pro dono, e se eu vou vir morar aqui, tenho que trazer pra cá né? Ou não é o que você quer?
-Claro que é... eu só. Só não sei, desculpa, não faz sentido nenhum. Pode trazer as suas coisas, aqui é a sua casa de novo. -Ela sorriu e respirou fundo, precisava acalmar o turbilhão de coisas que passavam em sua mente.
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Todo amor que houver nessa vida
DragosteUm história diferente, do nosso casal mais amado da vida! Por: Liv M