Five

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A semana passou voando, Manu sarou tão rápido quanto adoeceu, para a alegria de Agatha, e logo o aniversário da pequena chegou. A mulher se dividia entre, felicidade plena por mais um ano de vida da filha, e estresse total com os preparativos que como já era de costume, ela sempre acompanhava de perto. Manu era a própria ansiedade, passava o dia falando sobre como sua festa ia ser linda, e sobre sua fantasia de Elsa com bastante glitter azul. E Rodrigo se dividia entre não deixar a filha explodir de euforia, e entre equilibrar o humor de Agatha, que uma hora se encontrava chorando de saudade de sua bebezinha, e na outra querendo voar no pescoço de alguém.

-Eu acho que nós devíamos tomar um sorvete no parque! -Ele disse cortando o silêncio que havia se instalado na sala do apartamento da mulher.

Manu estava sentada no tapete, quieta demais para que ele pudesse acreditar, e Agatha estava ao seu lado, olhando pela milésima vez as fotos dos personalizados da festa no tablet.

-Eu quero sorvete. -A pequena foi a primeira a se pronunciar e se levantou indo até o pai.

-Rodrigo, não dá ideia. -A mulher rolou os olhos e bufou.

-Manu é a aniversariante e se ela quer sorvete, ela vai tomar sorvete. -Ele riu e se levantou com a filha no colo.

-Então vão vocês dois, eu vou ficar. Tenho muita coisa pra resolver.

-Não vamos sem a mamãe... -Manu disse decidida e cruzou os bracinhos.

-Não vamos sem a mamãe... -Rodrigo repetiu a frase da filha, rindo em seguida, o gênio era herança de Agatha também.

Desde o dia em que haviam dormido juntos as coisas pareciam ter se acalmado entre eles, e depois de todos os anos que passaram entre idas e vindas nunca declaradas ele finalmente pôde colocar suas ideias em claro, ele ainda amava Agatha, nem o tempo, e nem mesmo as palavras pesadas que haviam usado um contra o outro havia destruído isso. Precisaram sentir na pele a dor de uma separação, de viver uma nova vida, de não se verem e se sentirem todos os dias para poderem entender aquilo. Apesar de não terem conversado sobre o que havia acontecido, e o que poderia acontecer, Rodrigo pela primeira vez se sentia em paz.

-Ah filha, mas a mamãe tá arrumando sua festa.

-Não vou sem a mamãe e pronto acabou...

-Tá. Ah, depois se ficar feio não vai poder reclamar ein... -A mulher se levantou caminhando até o quarto.

-Quero sorvete de morango e chocolate. E você pai? -Manu segurou o rosto do pai entre suas mãozinhas e sorriu.

-Hum... morango. Com bastante calda de morango.

-Eca... eu não gosto de calda de morango. Sabia que eu gosto de sorvete de chiclete também? É o único chiclete que eu posso comer... mamãe que disse.

-Mamãe que disse o que? -Agatha voltou e sorriu ao ver os dois.

-Que o papai é o mais lindo do mundo e tals... -Rodrigo disse e gargalhou ao ver a mulher rolar os olhos e a puxou para junto de si afundando seu nariz na curva do pescoço dela, ele era viciado naquele cheiro.

-Mamãe já disse isso também.

-Manuella... -Agatha gargalhou e se afastou deles.

-Viu, ela era meus ouvidos aqui. Ela me conta tudo!

-Tô vendo, isso é complô contra a minha pessoa linda...

-Complô não sei, linda concordo. -Ele riu ao vê-la corar diante de seu comentário e pegou as chaves do carro na mesa.

-Vamos logo? Eu tô com uma fome do tamanho do universo. -Manu rolou os olhos e entrelaçou os dedos nos cabelos do pai.

-É? Sua gordinha. Essa fome que você só sente quando é sorvete...

-Porque sorvete é gostoso mamãe, e não coisinhas verdes. Né pai!

-Não posso opinar sobre esse assunto ou eu vou ficar de castigo amor... -Ele disse e riu.

-Coisinhas verdes fazem bem a saúde. -Agatha disse saindo do apartamento quando ele abriu a porta.

-Sorvetinho também. De morango e chocolate. Com granulado e marshmallow.

-Eu vou ter que concordar com a aniversariante mais linda desse mundo. Já é amanhã... -Rodrigo sorriu e encheu o rosto da pequena de beijos.

-Quatro anos, cresceu...

-Já vai chorar de novo mamãe? -Manu perguntou observando mãe.

Rodrigo gargalhou, as vezes ele pegava se questionando quando foi que deixar tudo isso para trás pareceu uma boa ideia.

-Mamãe não vai chorar não filha, não de novo. -Ele riu e trancou a porta indo até a mulher e a envolvendo em seus braços.

-É que a mamãe fica emocionada vendo você crescer bebê. E então você já escolheu o seu presente? -Ela sorriu acariciando o rostinho da pequena que sorria.

-Sim! E eu já ganhei.

-Já? E o que foi? -Rodrigo sorriu.

-Eu tinha pedido pro papai Noel, pro coelhinho da páscoa, pra fada do dente e pro papai do céu pra que você e a mamãe namorassem de novo. E eles me deram de presente de aniversário. Não é legal? -Ela sorriu e bateu palmas eufórica.

Agatha riu e deitou sua cabeça no ombro de Rodrigo assentindo, não negaria, nem poderia, que estava plena tendo novamente o homem que lhe tirava de seu juízo. Não tinham trocado uma palavra sobre o que tinha acontecido, mas acordar nos braços dele durante toda aquela semana havia quebrado qualquer vontade sem noção que já havia tido de querer largá-lo. A verdade era simples e única, amava Rodrigo, amava a família que eles formavam, amava ser dele.

-Mas não era mais fácil pedir uma boneca? -Rodrigo riu e beijou a testa de Agatha.

-Não papai... eu não quero uma boneca. Agora eu quero um irmãozinho.

-O que? -Agatha levantou rapidamente e observou a filha que sorria esperançosa e em seguida observou Rodrigo que gargalhava alto, seus olhos pequenos pelo sorriso em seus lábios, até que não era tão louco pensar em um menininho com aquele sorriso.

-Podemos chamá-lo de Olaf! -Manu bateu palmas e sorriu acompanhando o pai.

-Ai não, eu tô ferrada na mão de vocês. -Ela riu e entrou no elevador assim que ele abriu.

-Vamos ter que ver esse irmãozinho viu, você perguntou o que ela queria. -Rodrigo a seguiu e se encostou na parede da caixa metálica.

-Não me mata Rodrigo, por favor... -Ela riu, mas seu coração batia descompassado com a insinuação que ele havia feito, sobre eles voltarem a ser tudo de novo.

Todo amor que houver nessa vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora