Ogum(Ògún)

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Ògún na África:

Ogum, como personagem histórico, teria sido filho mais velho de Odùduà, o fundador de Ifé.Era um temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos.Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos.Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu.Saqueou e devastou muitos outros estados e apossou-se da cidade de Irê, matou o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Oníìré, ¨Rei de Irê¨.Por razões que ignoramos, Ogum nunca teve direito a usar uma coroa (adé), feita com pequenas contas de vidro e ornada por franjas de miçangas, dissimulando o rosto, emblema de realeza para os iorubás.Foi autorizado a usar apenas um simples diadema, chamado àkòró, e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os nomes de Ògún Oníìré  e Ògún Aláàkòró inclusive no Novo Mundo, tanto no Brasil como em Cuba, pelos descendentes dos iorubás trazidos para esses lugares.

Ogum teria sido o mais enérgico dos filhos de Odùduà e foi ele que se tornou o regente do reino de Ifé quando Odùduà ficou temporariamente cego.

Ogum decidiu, depois de numerosos anos ausente de Irê, voltar para visitar seu filho.Infelizmente, as pessoas da cidade celebravam, no dia da sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum pretexto.Ogum tinha fome e sede; viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que estivessem vazios.Ninguém o havia saudado ou respondido às suas perguntas.Ele não era reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo.Ogum, cuja paciência é pequena, enfureceu-se com silêncio geral, por ele considerado ofensivo.Começou a quebrar com golpes de sabre os potes e, logo depois, sem poder se conter, passou a cortar as cabeças das pessoas mais próximas, até seu filho apareceu, oferecendo-lhe as suas comidas prediletas, como cães e caramujos, feijão regado com azeite-de-dendê e potes de vinho de palma.Enquanto saciava a sua fome e a sua sede, os habitantes de Irê cantavam louvores onde não faltava a menção a Ògúnjajá, que vem da frase Ògún je ajá(¨Ogum come cachorro¨), o que lhe valeu o nome de Ògúnjajá .Satisfeito e acalmado, Ogum lamentou seus atos de violência e declarou que já vivera bastante.Baixou a ponta de seu sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra adentro com uma barulheira assustadora.Antes de desaparecer, entretanto, ele pronunciou algumas palavras.A essas palavras, ditas durante uma batalha, Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou.Porém, elas não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, se não encontra inimigos diante de si, é sobre o imprudente que Ogum se lançará.

Como orixá, Ogum é o deus do ferro, dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores.Desde o início do século, os mecânicos, os condutores de automóveis ou de trens, os reparadores de velocípedes e de máquinas de costura vieram juntar-se ao grupo de seus fiéis.

Ogum é único, mas, em Irê, diz-se que ele é composto de sete partes .Ògún méjeje lóòde Ìré, frase que fa alusão às sete aldeias, hoje desaparecidas, que existiriam em volta de Irê.O número 7 é, pois, associado a Ogum e ele é representado, nos lugares que lhe são consagrados, por instrumentos de ferro, em número de sete, catorze ou vinte e um, pendurados numa haste horizontal, também de ferro:lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha e enxó, símbolos de suas atividaDes.

Uma história de Ifá, explica como o número 7 foi relacionado a Ogum e o número 9 a Oiá-Iansã .Conta a lenda:

¨Oiá era a companheira de Ogum antes de se tornar a mulher de Xangô.Ela ajudava o deus dos ferreiros no seu trabalho; carregava docilmente seus instrumentos, da casa à oficina, e aí ela manejava o fole para ativar o fogo da forja.Um dia, Ogum ofereceu a Oiá uma vara de ferro, semelhante a uma de sua propriedade, e que tinha o dom de dividir em sete partes os homens e em nove as mulheres que por ela fossem tocados no decorrer de uma briga.

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