Cerimônias (Parte 2)

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Cerimônias no Novo Mundo:

Terreiros de candomblé no Brasil:

Na Bahia, no início do século, os terreiros dedicados aos cultos dos orixás eram freqüentemente instalados longe do centro da cidade.Com o crescimento da população e a extensão tomada pelos novos bairros, eles progressivamente encontraram-se incluídos na zona urbana.

Esses terreiros são geralmente compostos de uma construção, denominada barracão, com grande sala para as danças e cerimônias públicas, de uma série de casas, onde são instalados os "pejís", consagrados aos diversos orixás, e de casas destinadas à residência das pessoas que fazem parte do candomblé.

A responsabilidade do culto repousa sobre o pai ou mãe-de-santo, correspondentes aos nomes, de origem iorubá, babalorixá ou ialorixá.São chamados também de "zelador" ou "zeladora", termos equivalentes aos de "babalaxé" ou "ialaxé", pai ou mãe encarregados de cuidar do "axé", do poder do orixá.

Os pais ou as mães-de-santo são assistidos por pais ou mães pequenos, "babá" ou "ia kekerê", e por toda uma série de ajudantes, com papéis e atividades diversos e definidos.Assinalamos a "dagan", que, antes das cerimônias públicas, encarrega-se, com a ajuda de "iamorô", do "padê" ou "despacho de Exu", do qual falaremos mais adiante; a "iatebexê", que assiste o pai ou a mãe-de-santo na direção da seqüência dos cânticos dos orixás, no decorrer das cerimônias públicas; a "iabassê", que supervisiona a preparação das comidas destinadas aos deuses e aos seres humanos; as "ekedis", que são encarregadas de cuidar dos "iaôs" logo que estes entram em transe; o "sarepebê", que leva as mensagens para a sociedade do terreiro.Encontramos anda o "axogum", encarregado de fazer os sacrifícios dos animais oferecidos aos orixás, e o "alabê", chefe dos tocadores de atabaques.

Certos dignitários chamados "ogãs" não têm funções religiosas especiais, mas ajudam materialmente o terreiro e contribuem para protegê-lo.Formam uma sociedade civil de ajuda mútua, colocada sob a invocação de um santo católico.Alguns "orgãs" levam o título prestigioso de obá, no Terreiro Axé Opô Afonjá, e o título de "mangbá", no Axê Opô Aganju, como lembrança de acontecimentos que, na África, deram nascimento ao culto de Xangô.

Existem, enfim, os "iaôs", "mulheres" dos orixás", que são os filhos e as filhas-de-santo.

Nos dias de cerimônia pública, chamada "xirê dos Orixás" - a festa, a distração dos orixás-, o barracão é decorado com guirlandas de papel, nas cores do deus festejado.O chão é cuidadosamente varrido, salpicado de perfumados folhas de pitanga, e grandes palmas atadas com fitas decoram as paredes.

O pai ou mãe-de-santo, cercado por seus ajudantes, fica sentado próximo dos atabaques, que são colocados sobre um pequeno estrado enquadrado por palmas trançadas.Os orgãs são instalados em cadeiras ornamentadas e marcadas com seus nomes, onde só eles têm o direito de se sentar; os visitantes importantes sentam-se em bancos e cadeiras e o resto do público fica dividido em dois grupos, homens de um lado e mulheres do outro, todos separados da parte central, onde dançam os filhos e filhas-de-santo.Antigamente, o piso do barracão devia ser de terra batida, e os iaôs dançavam descalços a fim de que o contato com a terra e o mundo do além, onde residem os orixás, fosse mais direto.Por razões de prestígio, o piso do barracão é atualmente de cimento e, algumas vezes, recoberto com assoalho de madeira.

No início da festa, três atabaques de tamanhos diferentes, denominados rum, rumpi e lé, acompanhados de um sino de percussão, o agogô, tocam apelos ritmados às diversas divindades.Esses atabaques apresentam uma forma cônica e são feitos com uma única pele, fixada e esticada por um sistema de cravelhos para os nagôs e os gêges, e por cunhas de madeira para os tambores ngomas, de origem congolesa e angolana.

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