Capítulo II - Helena

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  Com harmonia deu-se a paz, com a paz veio a prosperidade humana. Reinos foram criados, junto com ordem e governo. O maior desses reinos, o mais belo e o mais influente era o Reino de Lureate, governado pelo Rei Luanni XVI. O mesmo acreditava que a localização do reino se aproximava a cidade dos Deuses e graças a esse conto acreditava-se que Lureate detinha de todas as bençãos.
  A influência para a mesma era boa, vantajosa e interessante à nobreza, composta de toda linhagem da família de Luanni XVI.
  Rei jovem, com apenas dezesseis anos governara o reino mais poderoso, mas mesmo com a pouca idade tinha pulso firme, bondade, justiça, e um coração puro. Nunca entendera o porquê de tanta disparidade em sociedade, onde poucos detinham de luxo e riquezas e muitos não podiam adquirir um mero punhado de ouro para comer, beber ou dormir. Apesar de não aceitar, tolerava essa realidade por influência de Concilieres, uma classe de pessoas de extrema intelectualidade que auxiliavam o rei em suas decisões.
  Passeatas eram organizadas quase todos os dias em nome do rei, enaltecendo-o, engrandecendo-o e o adorando. Iludindo o plebe com o ideal de que a nobreza era descendente direta de Argnoph. Com a ilusão veio o culto, com o culto formou-se uma religião, intitulada os Solophians e liderada pelo duque e posteriormente padre Mikal Lopheus, parte também da alta nobreza escolhido a dedo pelos Concilieres para manter o plebe em seu devido lugar.
  Em um desses eventos proporcionados pela igreja, o rei ao longe avistara uma mulher, peculiar, a moça com cabelos brancos que iam até o seus pés, pálida, porém bela e delicada, olhos negros e grandes, transmitiam vazio e tristeza, ao mesmo tempo bondade e esperança. Marcas negras se encontravam em seu rosto e por conta disso a moça era repudiada por pessoas próximas, sendo intitulada como pestilenta, era sempre humilhada. Com seus dois filhos Ermeu e Talin, viviam em extrema miséria. Fome, frio, sofrimento, sensações que gritavam em seus corpos, porém lealdade e esperança gritavam em seus corações. Helena era seu nome, moça que apesar de todo o sofrimento era extremamente gentil, mesmo mal vista por seu povo nunca derramou-se em prantos e enfrentava tudo com um sorriso que transmitia esperança, a mesma que ela queria dar ao seus dois filhos. Os queria fortes, com coragem para enfrentar dragões, bruxas e até mesmo deuses.
  Uma noite fria, uma noite aonde a lua não aparecera, foi nessa noite que tudo mudou. O medo do espalho de uma peste levou a caça Helena e seus dois filhos. Após tanta fuga pelas terras aos arredores do reino, foram pegos, espancados, torturados, Ermeu e Talin queimados vivos, Helena foi abandonada próximo ao local onde virou o túmulo de seus filhos, e em meio ao cheiro de corpos queimados, seu sorriso desapareceu, seus olhos transmitiam o vazio. Na noite jamais esquecida por Helena, ajoelhou-se, abraçou-se junto a seus filhos e sussurrou :
"Meus filhos, o único motivo de meu mundo.... Agora percebo que o outro mundo não tem propósito e nem quem os habita. Meus filhos... Eu os farei lembrados, irei governar essa enorme rocha vazia...."
  Luanni avista a estranha moça em meio a multidão, e algo nela lhe chama a atenção.
— Parem a carruagem! - Diz luanni.
  Desceu de sua carruagem e começou a andar em direção a moça, escoltado por um corredor de cavaleiros com belas armaduras banhadas ao mais fino e autêntico ouro. A multidão fica em silêncio enquanto o rei caminhava, nenhum se atreveu olhar diretamente a ele, exceto a moça. Aproximou-se com um sorriso puro e sincero, estendeu sua mão e disse:
— Que belos cabelos, tão grandes,
poderia me dizer seu nome?
A moça se levanta, olha nos olhos de Luanni com uma expressão de susto, seguido de um delicado sorriso:
— H-Helena, esse é o meu nome...
— Lindo nome, combina com seus traços. Por quê estas a usar essas vestes sujas? Não parece-me apropriado para uma moça tão encantadora como você. - disse em um tom amigável e dando leves risadas.
  Helena não diz nada, espantada com a carisma do jovem rei, ela ri.. levemente.
— Poderia vir comigo?... Gostaria de te levar ao castelo... - pergunta o rei, com o mesmo sorriso e ternura.
— E-eu?... Ficaria honrada, porém uma mera plebéia não merece tal tratamento. Ainda mais vindo de vossa divindade...
— Bobagem, venha me acompanhe.

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