Capítulo III - Luanni

140 8 6
                                    

  A caminho do castelo, Helena avista ao longe a grande muralha que o protegia separado a nobreza do plebe, a grande muralha branca com cavaleiros de Loreate esculpidos a ouro na mesma, brilhava, era intimidante e ao mesmo tempo estonteante, parecia de fato algo divinal, muitos diziam que os próprios deuses abraçaram aquelas terras. Próximo aos portões dois monumentos podiam ser vistos, também extremamente gigantescos e belos, representavam os fundadores do reino, um mostrava Merolis localizando-se a esquerda da entrada, o outro a direita era Letiriah umas da primeiras guerreiras mulheres do mundo.
  A carruagem foi recebida com o ajoelhar de centenas de cavaleiros organizados em um corredor em frente ao portão. O Sol aquele dia brilhava como nunca, seus raios contrastavam nas armaduras daqueles nobres cavaleiros leais e de coração fervilhante.
— Viviatee!!! Viviatee!!! - gritavam em um lindo coral, com vozes firmes de coragem.
— " Viviatee"? Perdão a pergunta vossa alteza...mas...o que significa?.. - Pergunta Helena..
— Hora! Achei que não ouviria sua voz novamente hahaha!... Bem, é simplesmente uma saudação de lealdade a mim e a igreja, como um grito de guerra, isso os encoraja creio eu... Haha... - Luanni responde, com bom humor e um tom de voz esperançoso.
  Luanni desce da carruagem dando a mão e auxiliando Helena na sua descida. Nesse momento o rei a olha nos olhos, a troca de olhares mais intensa de sua vida, porém sua expressão não muda, mantendo sempre seu sorriso belo, inocente e gentil.
  No lindo campo onde a grama era a mais verde, onde haviam arbustos cuidadosamente esculpidos na forma do rosto do rei, os cavaleiros sempre bem disciplinados e com uma postura exemplar, ergueram-se levantaram suas espadas em direção ao Sol ficando em silêncio enquanto o rei caminhava junto a Helena. Os Portões se abriram, revelando algo do mais belo. O verde da grama, o branco das escadarias que levavam ao castelo, o dourado do brilho do Sol e de todo o ouro que confeccionava os detalhes de tal construção, era monumental, suas gigantescas portas traziam talhados as figuras de Ornone e Graakio, ambos fundadores da igreja. Dentro dos castelo... Quadros, riquezas, lustres enormes, e um piso que de tão reluzente era possível ver o próprio reflexo, a imponência, beleza e grandeza eram transmitidos tanto dentro quanto fora.
  A chegada de Helena não foi bem vista pelos membros dos Concilieres, imediatamente já a olharam com estranheza e alguns mais arrogantes com puro repúdio.
— Como esta pedinte entrou aqui? Que vestes são essas? Vossa majestade responde-me por favor! - disse um dos Concilieres, com um tom de voz rude e uma expressão de arrogância.
— Acalme-se Leroy, ordeno-lhe mais respeito, está és minha convidada. E sobre as veste da mesma, isso não lhe diz respeito, obviamente providenciarei a ela veste novas...- retruca o rei, com um tom de imponência.
  Helena observa tudo em silêncio, olha ao redor do gigantesco salão com espanto. Algo lhe chama a atenção, ela caminha até uma armadura que ficara exposta, na mesma há uma espada, Helena então passa sua mão delicadamente sobre o fio da lâmpada.
— NÃO TOQ...!!! - grita Leroy mas é interrompido.
— Bela espada, as mãos cujo manuseiam a forja são de uma maestria incrível.... - diz Helena com uma voz fria a mais fria de qualquer inverno, interrompendo Leroy.
— C-como ousas...? S-sua mera pedin....- Leroy retruca, mas é interrompido novamente
— CONCILIERE!! Estas a insultar minha convidada??? - Luanni responde com fúria e autoridade deixando Leroy estático. O mesmo se retira do salão, deixando Helena e o rei a sós, Luanni caminha até Helena, curioso pelo o que ela falara.
— Então... Você gosta de espadas?... - Luanni pergunta com uma voz calma que ecoa pela nuca de Helena.
— Acho fascinante, sempre quis aprender a domina-las.
A resposta de Helena transpassou coragem aos ouvidos do rei, encantando com suas palavras e curioso perguntou:
— Bem... Se não for um infortúnio... Bem... Gostaria de conhece-la melhor, diga-me sobre você, seu passado me interessa... Mas antes... Fique com a espada, ela é sua.
  Helena o olha com agradecimento, e com um sorriso, ela o presenteia. A mesma tira a espada das mãos da armadura e a abraça. Ambos vão para o salão aonde são realizados os banquetes, uma mesa enorme lá se encontrara, extremamente linda e polida. Logo em seguida serviçais levam a mesa, inúmeros pratos, ocupando toda aquela enorme mesa.
— Parece-me faminta, aparenta-te que não comes a dias. Fique a vontade é tudo para você. Vamos coma hahah. - Luanni diz, com uma voz acolhedora e uma expressão de encanto.
  Mesmo estando de fato extremamente faminta, Helena comeu com extrema calma, delicadeza e formalidade, o rei a observava comer em silêncio, encantando com sua beleza. Helena não come muito, quando terminou sua refeição ajoelhou-se perante Luanni lhe agradecendo inúmeras vezes, mas sua voz era fria, sem emoção, o rei intrigado com sua  atitude, ajoelhou-se também, de frete a ela, bota a mão em seus ombros e a olha nos olhos.
— Levante-se haha. Dar comida a pessoas não devia ser um ato digno de veneração, deveria ser algo comum entre as pessoas, você não acha? Vamos sente-se você ainda não me disse nada sobre você, estou curiosíssimo! - Luanni diz com uma voz esperançosa.
— Bem... Sobre mim? Sou uma mera pertencente do plebe, trabalho em troca de moedas para comer, vivo sozinha, sempre vivi. Meus pais morreram repentinamente decorrente de doenças. Basicamente é isso, não sou tão interessante quanto tu imaginas. - responde objetivamente, permanecendo com a frieza no tom de voz.
— E seu peculiar gosto por espadas veio de onde? - pergunta Luanni com um entusiasmo na voz.
— Empunhar uma espada te dá segurança, e saber maneja-la causa medo em seus inimigos... - com frieza e objetividade ela responde.
— ...B-bem, gostaria de dormir aqui? Ah! Não aceito um "não" como resposta. Vamos vou te mostrar seu quarto.
  A caminho de seu quarto Helena percebe os olhares que vão em direção a ela. Serviçais, faxineiras, Camareiras, todas a olhavam com estranheza, alguns com raiva, ou repúdio. O quarto era belíssimo, enorme, decorado com os mais finos tesouros, uma cama alta, escondida por um véu dourado, extremamente macia e quente. Vendo isso, Helena novamente ajoelhou-se aos pés do rei. O rei novamente tornou-se a ergue-la, olhou-a com um sorriso e saiu do quarto. A noite caiu, Helena, permanecera em seu quarto o tempo todo, deitada e abraçada junto a espada que lhe foi dada de presente. Os Concilieres discutiam entre si, sobre o que ocorrera no dia, e sobre a decisão inusitada do rei, em um tom de desaprovação um debate entre eles foi feito. Todos se perguntavam o por quê acolher a tal moça, alguns debochavam da decisão, enaltecendo a pouca idade do rei para justificar tal ato, que para eles era tolice.
— Como o rei comete tal imprudência e ousadia, mostrando a essa mendiga o nosso reinado?
— Isso é uma calúnia a igreja!!! Blasfêmia ao nome de Argnoph!!! Blasfêmia!!! Essa mera indigente interrompeu minha fala mais cedo, acreditam? - Leroy grita à mesa.
— O que deu na cabeça daquele Jovem?
— Vocês viram as peculiares marcas no rosto daquela mulher? Praga! Praga!
— Hahaha! Um mero jovem aproveitando seu governo, não se preocupem, todos nós faremos com que ele volte a essa decisão... - com tom de deboche diz um dos Concilieres.
— Mas há a possibilidade do rei não nos ouvir, e nesse caso.... Teremos de chamar senhor Lopheus...
  Um novo dia nasce, o sol novamente brilha forte e com imponência sobre o castelo, Luanni derije-se até o quarto de Helena. Acordada mesmo antes da chegada do rei a seu quarto, ela observava a imensidão de dentro e fora da grande muralha branca, sorrindo. O rei abre lentamente a porta dos aposentados de Helena e a pede para que ela pegasse a espada em sua cama e o seguisse , pede isso apenas gesticulando com suas mãos. Helena atende seu pedido em silêncio, desce as escadas e chegando no salão, luanni a presenteia novamente com vestes limpas, um vestido simples, delicado e leve. Ela aceita em silêncio, retribuindo-o com um sorriso. Vestiu-se, e desceu novamente as escadas. O rei a leva até o jardim fora do castelo.
— Você disse que tinha vontade de manejar uma espada, hoje é o dia que sua vontade será saciada. - Luanni diz. Com um tom convidativo.
— Me ataque senhorita Helena. Eu apenas defenderei seu golpes, vamos nos aquecer, tudo bem?
  Helena impõe-se em postura de batalha, como um experiente guerreiro... Corre em direção ao rei. Inúmeros golpes são desferidos com força contra sua espada. Helena recua... Sorri com desprezo.. empunha sua espada com as duas mãos e torna a ataca-lo... Golpes rápidos, o rei entra em desespero... Ela não para, ataca com fúria, sequência de cortes, atrito fio à fio, lâmina à lâmina. Com seu braço esquerdo já exausto o rei adota rapidamente uma postura ofensiva, disfere um golpe contra Helena... Ela se esquiva saltando... Ainda no ar, gira em seu próprio eixo, assim dando impulso ao lançar de sua espada contra o rei... Ele também de esquiva dando passos rápidos para trás. Helena desce ao chão feito uma pena em leveza, mas como um raio em velocidade, pega sua espada cravada no chão e em um piscar de olhos a ponta de sua espada acerta o rosto de Luanni, fazendo-lhe um leve corte... Impressionado, confuso e desnorteado ele se desequilibra e cai... Helena ri. Prestes a dar seu golpe de misericórdia... Luanni grita....:
— HELENAAA!!! PAREE!! - grita Luanni, com lágrimas sobre o rosto.
  Com sua espada a milímetros do peito de Luanni, Helena fica estática...da passos para trás, aparentemente volta a si, larga a espada e corre do jardim até seus aposentos. Luanni vai atrás dela, contudo no meio do caminho um dos Concilieres vê seu rosto machucado, o segura pelo braço, e pergunta-lhe o que acontecera. Luanni o empurra e continua a correr, mas sua tentativa de acompanha-la foi em vão, a mesma trancou a porta de seu quarto e não respondia nenhum de seus chamados.
  Mais tarde todos os onze Concilieres convocaram o rei para uma reunião, o corte no rosto de Luanni chamara a atenção dos onze. O salão da resolução eram onde as reuniões realizavam-se, uma enorme mesa redonda com dose lugares eram reservadas para assuntos nos quais os onze partilhassem de curiosidade ou descontentamento. A reunião começou conturbada, uns falavam em cima dos outros...
— Este corte em seu rosto!? Meu rei.. foi aquela pestilenta não foi???
— Como isso!? Como ela ousa ferir vossa divindade!? Ela merece que se arranque os membros!!!
— Meu rei como pode fazer tal tolice? Aquela mulher não é ninguém...
— Chamem Lopheus!!! Ela merece punição!!!
  O rei enfurecido de tanto ouvir calúnias.... De repente fecha seu punho dando um golpe na mesa... Todos param... E ele retruca:
— Seus velhos imbecis!!! Como podem!!! Como ousam!? Questionando minhas decisões??? Eu sou o rei!! Eu tomo as decisões !!! A única função de vocês é de auxílio, ENTENDERAM!!!???
  Luanni retira-se da sala, dando passos duros com fúria com destino ao seus aposentos. Todos os onze continuaram na sala da resolução, pensativos, confusos e ao mesmo tempo enfurecidos chamam Lopheus que logo se dirige ao quarto de Helena.
— Abra a porta! - Lopheus ordena a Helena, com batidas fortes na porta.
Ela abre com calma...
— Entre por favor - diz Helena, com uma voz serena, de costas para Lopheus.
— Olhe para mim sua mendiga blasfemadora!!! Como ousas machucar ao rei??? A bondade e a misericórdia dele te salvaram de uma punição severa e dolorosa. Mas eu não sou misericordioso apesar de ser um padre - diz Lopheus , com ódio ao mesmo tempo desprezo e malícia.
  Lopheus aproxima-se de Helena com olhos poluídos pela tentação da carne, tentando troca-la...
— Se tocar em mim eu a matarei... Pense bem, um velho tentando se aproveitar de uma mulher, ainda mais a mulher na qual o rei tem interesse... Eu poderia mata-lo aqui, o rei ainda me protegeria. Aceite. Eu virarei rainha, e só ai você verá a real falta de misericórdia. - Helena diz essas palavras com frieza, vira-se para Lopheus e sorri...

Nin.Onde histórias criam vida. Descubra agora