Capítulo 2

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De certa forma, Henry assumiu o papel de Sam, apesar de não conhecê-la tão bem quanto o velho amigo. Cait sabia que Henry logo arrumaria outra namorada, mas enquanto isso não acontecia, eles pareciam estar se dando muito melhor no papel de bons amigos do que de namorados.

Um dia, quando haviam ido ao teatro, deram de cara com Sam e Kathryn no bar, Aflita, Cait agarrara a manga de Henry na tentativa de fugir. Sam, por outro lado, ficou muito feliz ao vê-la.
_Balfe, Onde você andou se escondendo?. Era evidente que ele não estava com o coração disparado como o dela, a ponto de ter conseguido inclinar-se para beijá-la, sem soltar os copos. _ Faz tempo que não a vejo! disse. Então, seus olhos pousaram em Henry e sua expressão endureceu._ Ah, você voltou.
_Voltei? _ perguntou Henry, sem compreender.
_ Segundo Cait, você estava gravando um filme no Marrocos.
enquanto o resto de nós, mortais, íamos ao casamento de um amigo.
_ Com certeza se estivesse aqui, teria ido.- Disse Henry modesto. _ Mas trabalho é trabalho.
_Quando você voltou? perguntou Sam, seco.
_Faz algum tempo...
_Eu lamento não ter ligado para você. _ interrompeu Cait, passando o braço pelo braço de Henry e inclinando-se para ele._ mas você sabe como é quando um de nós se afasta prosseguiu, apertando Henry de leve. _Nós não temos ligado para ninguém, não é, querido?
Meio confuso, O homem passou o braço em torno da cintura dela e confirmou suas palavras.
_Fico satisfeito que esteja tudo bem entre vocês.- disse Sam, mas seu tom e seu olhar diziam o contrário.
_Ah, está tudo perfeito, não é, Henry?
_Perfeito.- ecoou ele.
_Mas chega de falar em nós. Como vão vocês? - perguntou Cait, alegremente.
Sam entregou um dos copos a Kathryn para poder abraçá-la como Henry e Cait estavam.
_Estamos Ótimos. - disse.
Seria imaginação dela, ou havia um tom defensivo na voz dele?
_Você não costuma vir ao teatro, Caitriona.- disse Kathryn. _ Sam estava justamente dizendo que você sempre foi estrela demais para querer dividir as atenções com outra pessoa no palco.
Cait podia imaginar Sam dizendo aquilo, mas não da forma como Kathryn fazia parecer.
_Bem, eu também estou surpresa em encontrar vocês dois respondeu ela, docemente. _ Eu pensei que preferissem ficar ao ar livre, competindo para ver quem fica mais sujo.
_Nós somos assim mesmo.- disse a Loira com um sorriso tão forçado quanto o de Cait. _ Mas também apreciamos cultura.
Sam não parecia estar se divertindo nenhum pouco. Cait ergueu as sobrancelhas, mas antes que pudesse responder, Henry puxou-a.
_Se você quer uma bebida, querida, é melhor irmos logo.
E claro ela concordou com um sorriso. _ Vejo-os depois!

Cultura! explodiu ela, no momento em que se afastaram._ É só um musical! E Sam vai odiar.
_ Você vai me contar o que foi aquilo tudo?.- perguntou Henry, estendendo um drink para Cait.
_Eu não queria que Sam soubesse que terminamos. - disse ela, sem tentar disfarçar.
_Isso, eu percebi.
_Obrigada por me ajudar. - Henry olhou-a, curioso.
_Eu pensei que Sam fosse o seu melhor amigo. Achei que ele seria a primeira pessoa a saber.
_Normalmente, seria.- admitiu ela. _ Além disso...
_Além disso, o quê? - perguntou Henry, curioso.
_Nada. - Ela não saberia explicar por que lhe parecera uma boa idéia fingir para Sam que continuavam juntos.
Henry ergueu as sobrancelhas.
_Deve fazer umas seis semanas que o amigo de ambos se casou. Você está me dizendo que ele ainda não sabe?
_Eu não tive chance de contar a ele. - Cait explicou, na defensiva.
_Você fez mais que isso agora. Mentiu para que ele pensasse que continuávamos juntos.
_ Eu sei.- ela admitiu, cheia de culpa. _ É que eu não suporto a idéia de Kathryn sentir superior a mim. Você viu como ela é. Ela bancaria a simpática e a boazinha, só porque está toda feliz com Sam. - Ela disfarçou a pontada de dor com um gole de sua bebida. _ Você sabe que eles estão morando juntos?
_Ah...
_ O que isso quer dizer? perguntou ela, baixando o copo.
_Isso explica por que você está tão aborrecida.
_Eu não estou aborrecida. É que não gosto dela. Sam e eu nos dávamos muito bem antes dela aparecer.
_Mas o problema não é ela. É você.
_Eu?
_Você está apaixonada pelo Sam
Cait abriu a boca para negar veementemente. Estava determinada a dizer a Henry que ele era maluco e que Sam era apenas um bom velho amigo e nada mais. Mas, por algum motivo, as palavras não saíram. Insegura, ela baixou os olhos e engoliu em seco.
_Eu estou certo, não estou? perguntou Henry, ao mesmo tempo que tocava o sinal para indicar o início iminente da peça.
Sorridente, ele pegou o copo das mãos dela e colocou-o sobre uma mesa próxima. Então, pegou-a pelo braço e conduziu-a pela escada.
_Pobre Cait. Parece que você foi atropelada por um caminhão.
Era exatamente assim que ela se sentia. Atordoada, ela deixou Henry guiá-la até a cadeira. Depois de resistir por tanto tempo, ficara horrorizada ao ser confrontada com a verdade.
Como aquilo podia ter acontecido? Ela nunca amara Sam, pelo menos, não daquela forma nova e assustadora e não havia motivo algum para começar a amá-lo.
Ela não queria aquilo. Queria voltar para o que tinham antes, mas sabia que era impossível. Enquanto se recusara a aceitar, estivera tudo bem, mas agora que Henry atirara a verdade no rosto dela, não havia como recuar.
A verdade era implacável e inegável: depois de todos aqueles anos, estava apaixonada por Sam.

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