Enquanto esperavam o musical começar, Cait lembrou-se do que sua mãe havia dito anos atrás:
"Você vai saber quando encontrá-lo"
Mas ela não havia percebido. Fora preciso a interferência de seu ex namorado, que estava longe de ser o homem mais perceptivo, para mostrar o óbvio e agora a vida dela mudara para sempre.
O que faria? Todas as outras vezes em que não soubera o que fazer, ela falara com Sam. Ela temia estragar a amizade para sempre. Ele estava com Kathryn, lembrou-se. E ela teria que aceitar o fato de serem apenas amigos e fazer um esforço para conviver com aquela criatura insuportável, Não seria fácil, mas ela tentaria.
Talvez não conseguisse dizer a Sam como a sua vida havia mudado, mas contaria a ele sobre Henry. Era idiota continuar fingindo. Nunca mentira para ele antes e aquilo a deixava encomodada. Se fossem amigos, como sempre haviam sido, ela simplesmente admitiria que Henry não era o homem ideal, que havia sido só uma aventura.
Mas nas semanas que se seguiram, não pareceu haver oportunidade. E apesar da determinação de tentar aturar a namorada do amigo, achava que não seria capaz de agüentar a compaixão da outra. Ou, ainda pior: sua compreensão.
Assim, quando recebeu uma mensagem de Sam dizendo que Kathryn ia sair com velhos amigos e sugerindo que eles dois se encontrassem para um drinque na noite seguinte, Cait concluiu que seria sua melhor chance de endireitar as coisas. Algumas delas, pelo menos.
Perfeitamente, respondeu ela:📩"Parece que faz anos que não conversamos e eu tenho muito o que te contar. A hora de sempre, no lugar de sempre?"
📩"Também tenho novidades", respondeu Sam na mesma hora." Até amanhã".No dia seguinte, excepcionalmente, chegou ao bar dez minutos adiantada. Enquanto esperava, pediu uma bebida e sentou-se, girando o copo nervosamente nas mãos.
Ela sentiu o coração disparar. Era uma sorte que ele não tivesse ido direto para ela porque ela não teria conseguido nem falar. Torcerá tanto para que aquilo fosse uma ilusão, mas a verdade era que estava mesmo apaixonada por ele.
sua presença transpirava poder e ele foi servido em bem menos tempo que ela. No instante seguinte, virou-se, com uma garrafa de cerveja na mão, em busca de uma mesa.
Ela engoliu em seco e acenou para atrair a atenção dele.
_Cait! exclamou ele, surpreso, inclinando-se para beijá-la. _Você chegou na hora? O que aconteceu?"Eu estou apaixonada por você."
Ela sentiu o rosto formigar onde ele beijara.
_Estava.. estava por aqui perto, resolvendo umas coisas. - disse ela_ Você está ótima.
_Você também.
_Como vai você? perguntou ele.
_Ótima. E você?
_Bem.
Aquilo era terrível. Ela sentiu vontade de chorar. Sempre havia sido tão fácil conversar com ele. Eles pediam uma bebida e passavam o resto da noite rindo, falando e se provocando e agora estavam ali, sendo educados um com o outro.
_ Você ainda vai para Tailândia?
Sam assentiu. Era evidente que estava sentindo o clima estranho.
_Em duas semanas. - disse.
_Sorte a sua. Eu gostaria de poder dar uma fugida em novembro. Fica tão cinzento por aqui.
Agora estavam reduzidos a falar do tempo! Sam nem tentou entrar naquele assunto. Em vez disso, bebeu um gole da cerveja e deixou um silêncio incômodo se instalar.
Cait brincou com o copo. Deveria estar contando a ele sobre Henry, mas não sabia como fazê-lo sem dizer-lhe que seus sentimentos haviam mudado e se ele insistisse muito no assunto, logo perceberia o que havia mudado e o porquê e... Deus... talvez fosse melhor não dizer nada...
_E então?.- perguntou ele meio tenso. _Quais são as novidades? Você disse que tinha muito o que me contar.
_ Comece você.- disse ela rapidamente. _ Você disse que também tinha novidades.
_É. E tenho.
Ele parecia quase tão hesitante quanto ela. Era evidente que também não sabia por onde começar. Cait sentiu um ligeiro frio no estômago.
_É bom ou ruim?.- perguntou, tentando suavizar as coisas.
_Bom.- disse Sam depois de uma pequena hesitação.
_Pela sua cara.
_ Mas é bom. Definitivamente bom.
_Tem algo a ver com trabalho? perguntou ela, curiosa.
_Não. - respondeu ele, dando mais um gole na cerveja.
_E então? pressionou, soando como a velha Cait e não a aquela tímida e retraída, sentada diante dele apenas um momento antes. _Você vai me contar ou eu vou ter que adivinhar?
_Kathyn e eu vamos nos casar.
Sam estremeceu ao ver que pronunciara a frase como se sentisse culpa ou algo assim. Devia ter falado com mais cuidado.Ele olhou para Cait, sem saber como ela reagiria. Ela parecia petrificada e por um segundo ou dois, sua expressão era totalmente neutra. Então, os olhos azuis baixaram para o vinho e ela olhou a taça alguns momentos até Sam começar a imaginar se ela o ouvira.
_Cait?.- chamou. Mas ela já havia erguido os olhos e havia um sorriso radiante em seu rosto.
_Ora... parabéns!.- exclamou, num tom que combinava com o sorriso. Em seguida, debruçou-se na mesa para beijá-lo.
_Quando isso aconteceu?.- perguntou ela, recostando-se na cadeira. Apesar do sorriso que começava a incomodar ele, ela parecia exatamente a mesma.
Havia algo errado naquele sorriso, mas Sam não saberia dizer o quê.
_ Na semana passada.
Cait continuava a sorrir mais havia algo nos olhos dela que ele não conseguia indentificar.
_ Estou feliz por você, Heughan.- disse se ajeitando na cadeira.Cait olhava para ele, com dor nos olhos azuis.
_ Por que você não me contou?
_ Eu quis falar pessoalmente. - disse Sam, num tom estranho._ Ainda não contei para ninguém.
_Por que não?
_Eu queria que você fosse a primeira a saber. Ele olhou-a, ansioso. _ Eu sei que é um pouco repentino, mas o que você acha?
O sorriso dela oscilou um pouco mas ela respirou fundo e disse:
_ Eu acho que é uma ótima notícia, Sam. Fico muito feliz por vocês.
_Você vai com a cara dela, não é?
_ E claro. mentiu ela, com o sorriso cada vez mais fixo no rosto. De repente, um novo silêncio ameaçador se instalou. _ E quando vai ser o casamento? perguntou ela, apressada.
_Nós ainda não marcamos a data.
_E vocês vão fazer uma cerimônia tradicional ou algo diferente?
_ Isso depende dela, Mas acho que ela ainda não planejou nada.
Ela estava começando a sentir o maxilar doer pelo esforço de manter o sorriso.
_Eu posso ser sua madrinha? É um bom papel para a melhor amiga, não?
Sam olhou-a e sorriu, assentindo.
_Bem, isso exige mais um drinque. Ela esvaziou o copo com uma ponta de desespero. _ Desta vez, eu vou tomar algo mais forte!
_Eu vou buscar.- disse Sam, levantando-se. _ Já venho.
Cait sentiu um alívio imenso por poder parar de sorrir. Também estava tremendo. Precisara de todas as suas forças para parecer feliz quando se sentia tão arrasada por dentro.
Ela sabia que aquilo estava para acontecer. No momento em que ele hesitará em contar as novidades, havia pressentido. Mas em vez de gritar de desespero, ela mantivera o sorriso, por mais difícil que fosse.
Ele não podia saber o que ela estava sentindo. Não podia nem desconfiar. Ele ficaria constrangido, e apesar de aquilo não mudar seus sentimentos por Kathryn, talvez não se sentisse à vontade para comemorar e ela não achava aquilo justo. Assim, quando Sam retornou com uma garrafa de Whisky, ela voltou a estampar o sorriso no rosto.
_Pronto. Agora estamos entrando no clima. - disse ela._ Parabéns, Sammy. - disse brindando.
_Obrigado, Cait. - disse ele, relaxando._ Eu sei que é besteira, mas estava preocupado em contar-lhe.
_Não devia. Você sabe que eu só quero a sua felicidade.
_Nós ainda vamos ser amigos, não é?
_É claro, Sammy Mas agora, quem vai se casar comigo quando eu fizer quarenta e cinco anos e ninguém mais me quiser?. Cait manteve o sorriso para mostrar que estava brincando._ Eu tinha confiado em você!
_Isso não vai acontecer.- respondeu ele. _ Desde que eu a conheço, sempre houve uma fila de homens desesperados para mostrar o quanto a desejam. E quanto a Henry?
Cait estudou o líquido marrom.
_Ah, bem, digamos que o primeiro lugar da fila está vago. A expressão de Sam mudou e ele colocou o copo na mesa.
_Como?
_Eu lamento mas as minhas notícias não são tão emocionantes como as suas. Henry e eu terminamos.
_Mas você parecia tão feliz com ele. Você o achava perfeito! O que aconteceu?
_Ora, você sabe... Cait deu de ombros.
_Não - disse Sam. _Conte-me.
_ Não foi nada em especial disse ela, evitando olhá-lo.Havia decidido contar a Sam a verdade sobre Henry, mas aquilo havia sido antes de ele dizer que ia se casar com Kathryn. Agora, tudo havia mudado. Se ele achasse que a decisão havia sido mútua, começaria a se perguntar por que ela estava tão infeliz e ela não queria que ele entrasse nesse terreno. Elena conhecia bem demais.
Era melhor que ele achasse que ela ainda amava Henry. Isso explicaria por que ela estava diferente e lhe daria uma boa desculpa para parar de sorrir, o que seria um alívio imenso.
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Melhores Amigos •
FanfictionCait e Sam são amigos há muitos anos, mas de repente Cait começa a enxergar Sam de uma forma muito diferente. Por mais louco que seja, ela está apaixonanda por ele! E como se isso já não fosse confuso o bastante, para piorar, Sam acaba de lhe cont...