Capítulo 04 | fugindo da quadra

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   – Peço o silêncio de vocês, pois junto a vice-diretora, irei explicar o porquê de estarem aqui, quem são os novos professores contratados e outras coisas que irão acontecer na próxima semana [...].

   – Só pra deixar claro, não comi a pipoca sozinho.

   – Sério isso?!

   – Que foi Diana? Você perguntou e agora te respondi.

   – A parte do silêncio, você e a Di não entenderam?

   – É gente, a Verena tá estressada! haha — Lia tá se revelando uma grande abusada, amo.

   – Até você, Lia?

   – A turminha aí tem algo para compartilhar com o colégio?!

   Diretora chamou atenção, que gafe!

   – Não, senhora...

   – Então façam silêncio, por favor.

   Ano passado estava muito mais organizado que este ano.

   Era de se esperar com a mudança de diretores e o não esclarecimento durante as férias se todos os professores já haviam ou não sido contratados.

   Tudo isso foi resolvido na primeira semana ano passado, enquanto esse ano... Já se passou um mês e só agora que estão começando a organizar e nem é uma organização para o resto do ano — só para as primeiras semanas... do segundo mês letivo.

   – Boa tarde alunos, alunas e professores presentes.
   Bom, provavelmente muitos não nos conhecem. Sou a vice-diretora Lídia e ela é a diretora de fato.

   – Me chamo Sabrina, é um grande prazer estar com vocês esse ano.
   Peço perdão à vocês e aos seus pais por toda essa desorganização, também já deixando claro que estamos melhorando [...].

   – Temos que ficar por aqui, Lia? — Diana perguntou.

   – A gente também existe. Nossa opinião também conta.

   – Realmente estamos todas aqui. Mas sua opinião não conta.

   – Não sei, a Nah que deveria nos dizer. Você acha que dá pra sair?

   Quase não respondi por ter focado tanto em seus olhos que agora brilhavam.

   – Já chama de "Nah", hum...

   – Pedro?

   – Oi?

   – Cala a boquinha anjo.
  
   – Mas então, é que talvez não seja uma boa. Ano passado foi muito sútil e rápido.
   Sem dizer que não conheço muito bem essa quadra, não frequentava muito aqui — a cara de decepcionados deles me decepcionou?

   – Vocês não sabem mesmo fazer silêncio?! — disse o professor. — Se querem mesmo sair, subam toda essa arquibancada e vão para o lado direito.

   – Sério? — Lia perguntou surpresa.

   – Sim — confirmou com cochicho. — Vem cá! — pediu pra nos aproximarmos e o Pedro ficou com seu rosto muito próximo do professor. — Afasta só um pouco o seu rosto, por favor — a pedofilia é real.

   – Ele tá com bafo de pipoca... você realmente comeu toda minha pipoca!

   A cara da Diana dizendo isso foi a melhor!

   – Nem é pelo cheiro, enfim... Crianças, prestem atenção! — revirou os olhos. — Vocês vão ver uma escada, desçam por ela e procurem por uma porta não muito grande, fica perto de uns desenhos que tem aqui embaixo da arquibancada, e cuidem para não serem pegos!

   – Mas... e se perdermos algo importante?

   – Tem sempre alguém pra estregar o rolê!

   – Calma, não vão perder nada. Irão apresentar os professores e formarão equipes para uma gincana. Digo que vocês são da minha equipe — sorriu e notei que até o professor tem um lindo sorriso. O QUE TÁ ACONTECENDO?! — se faltar pessoas, coloco aqueles garotos... — apontou pro trio de babacas.

   – Okay, vamos um de cada vez.

   – Você vai primeiro.

   – Por que eu?

   – Diana, você é a pessoa mais cara de pau daqui!

   – Então... lá vou eu!!!

   Rimos e seguimos ela.

   – Pedro! Você pisou na minha mão.

   – Não vou nem pedir desculpas... E não puxa minha perna!

   – Anda Lia, essa escada não é tão grande assim.

   – Diana, você nem fala nada. Desceu sem ninguém pisar na sua mão.

   – O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO? —  perguntei enquanto o Pedro pulava.

   – Tá tudo bem!

   – Mas você acabou de pular por cima da Lia!

   – Lia, pula!

   – Não vou pular!

   – Não tá alto, eu pego você!

   – Se afasta! — gritou Verena que pulou em seguida.

   – Agora só falta a Nah pular por cima de você!

   Talvez eu pulasse em cima dela em outra situação, mesmo que sejamos crianças puras & inocentes, risos.

   Lia demorou. Mas topou pular, foi bonitinho. Talvez ele goste dela. Talvez eu esteja com ciúmes por toda essa situação.

   – Relaxa!

   Pedro cochichou no meu ouvido e depois passou o braço pela Lia dando um meio abraço nela e saiu andando com ela assim.

   – EI!
   O que fazem aí em baixo?!

   – Devemos correr?

   – Sim, é o zelador... — respondi tentando não surtar com o Pedro — espera... SIM, VAMOS, O ZELADOR!

   Depois resolvo isso, agora preciso correr!

   – CORRAM POR AQUI!!!

   Por sorte, Diana encontrou um portão e fez sinal pra que a gente fosse até ela, assim fugiriamos todas juntas.

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