Capítulo 16 | belo rapaz

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  — Enfim... Eu entro com você, uma cueca já tá bom!

   — Decidiu confiar?

   — Nada mais sensato que correr o risco de você me mamar.

   — Quantos anos você tem mesmo? — ele ri e tenho a impressão de estar focado na minha garganta(?) — Só pra confirmar até onde eu posso aguentar.

   — Aguentar o que? — chego mais perto.

   — Essa quase tortura que você tá me fazendo passar desde a pracinha — abre a porta e segue pra dentro. — Ainda quer entrar?

   Dou uma rodada com a cabeça rindo e entro também.

   — Pode dar uma bisbilhotada e tirar um pouco das suas dúvidas — começa a subir a escada — vou buscar a melhor cueca que eu tiver.

   — Com toda certeza, será um prazer bisbilhotar — digo da ponta da escada.

   — Eu diria privilégio! Foram poucos os que entraram aqui — ele afirma.
   Quanto ao prazer... — pausa dramática. — Deixamos pra um outro dia.

    — Ou pra agora! Não me importaria de com sua cueca ir embora.

   — Mesmo? — diz soltando a corda do moletom.

   — Mesmo! — subo os degraus até ele e pego na corda. — Eu ajudo a tirar se quiser.

   — Se você no mínimo conseguisse se segurar — ri recuando.

   — E voltamos ao início — recuo também.
   Vou estar no sofá da sua sala.

   Depois de alguns minutos, ouço descer as escadas.
   Agora, sem blusa e com uma bermuda pra jogar futebol, como a minha. O que difere é que ele está de cueca — não que eu tenha conferido.

   Me levanto do sofá e ele chega mais perto pra entregar. Mãos quentes, pra minha surpresa.

   — Andou dando uma aliviada?

   — Não hesitaria em te chamar se fosse o caso.

   — Assim como não hesitarei em vestir a cueca na sua frente — digo enquanto tiro a minha bermuda. — Sabe? Pra ver se você aprova em mim.

   Pra minha infelicidade, ele cobre os olhos com uma das mãos.

   Sou novo, não tô morto. Do mesmo jeito que abriu minha boca pra por o beck, com um dedo afastei os seus pra que pudesse me ver. Ver onde em outro momento irá colocar a boca, e estarei eu com o beck na minha boca.

   O bom desse short, é que agora eu também podia ver o corpo dele reagir.

   — Parece que mais alguém tá animado aqui.

   — Tá na hora da gente ver se sua mãe chegou — se abaixa e ainda com os olhos meio fechados, me veste a bermuda — e também já tá ficando tarde.

   Saímos de sua casa e no caminho ele ficou mais quieto do que antes.
   Agora não mais com o beck em mãos, os olhos seguem vermelhos, mas a fala não tá mais tão atrasada quando pergunto se ele tem mesmo dezenove anos, ele confirma.

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