QUATORZE - Ponto sem retorno

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Jase e eu trocamos olhares cautelosos.

— Estivemos monitorando as ações da ordem por um tempo, agora... — Gava falou.

— Lusano?

Ela assentiu, e eu franzi os lábios até mesmo o diretor era um espião.

— Ficamos sabendo de testes que estavam fazendo com crianças refugiadas, uma versão modificada do soro. — O olhar de Gava foi de meu pai para mim. — Tudo o que sabemos é que ainda não tinha dado certo, todos nossos cientistas nos asseguraram que era algo impossível. Quando foi que lhe deram o soro? E por que com você foi diferente?

Levantei uma das sobrancelhas. Aquela mulher estava me achando com cara de profeta ou algo assim?

— A única coisa que posso garantir é que não tomei soro algum. — Falei fazendo Gava soltar um som exasperado.

— Quando Theodora chegou na mansão ela já tinha uma habilidade secundária mental. Provavelmente ela já tinha o segundo elemento escondido em algum lugar. — Jase falou, e a curandeira concordou.

Gava engoliu.

— Certo. Precisamos fazer alguns testes então. — Ela falou.

— É claro que não vão fazer teste algum em minha filha. — Jase interveio.

A mulher deu um sorriso de lado, e encostou levemente no ombro de Jase.

— Não temos escolha, e não será nada invasivo. É a única maneira de descobrir como isso é possível, no sangue de Theodora tem a chave da vitória da ordem, o que quer que tenha dado certo com ela, precisam saber como replicar, por isso devem estar atrás dela nesse momento. É a única maneira de criar o super soldado perfeito, que não enlouqueça na terceira semana. Ela é o super soldado.

Eu engoli. Não sei onde viam algo super em mim. Mal conseguia controlar um elemento.

— Então é isso que quer também Gava? A receita para um melhoramento genético? Quer ter seus próprios soldados perfeitos? — Retruquei antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa. — Meu sangue vai ficar bem exatamente onde ele está.

Jase se virou para mim com um sorriso divertido.

— Não tenho certeza que sabem da gravidade da situação... Cinquenta pessoas morreram nos ataques ao centro político, os soldados da ordem estão completamente modificados pelo soro, são insanos, e incrivelmente mais poderosos.

— Tenho certeza que vamos encontrar uma maneira, que não seja realizar testes e mais testes em pessoas. — Foi a vez de Jase falar.

Gava torceu os lábios mas não falou mais.

— Não vamos forçá-la a nada.  — Ka deixou escapar com um suspiro. — Não somos eles. Cinquenta morreram apenas no ataque ao centro político, e eles então nesse momento acabando com qualquer um que pareça suspeito nos moquifos. Antes, muitos mais morreram ou enlouqueceram nas mãos desses lunáticos. Não puderam fugir da luta por muito mais tempo.

— Ka, eles são jovens demais... — Jase começou.

— Não os subestime, Jase, na idade deles você salvou centenas de refugiados em sua primeira missão fora da mansão. — Gava o lembrou. — Raphael impediu um massacre do governo durante as verificações no ano passado, e também tinha a idade dela. Tenho certeza de que alguém que foi criada nos moquifos não é feita de porcelana.

— Algo que também não estava muito de acordo.

— Foi a escolha dele. Raphael quis seguir o caminho de seus pais, lembra-se deles, Jase, seus melhores amigos?

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