(Livro dois da série "os Soldados da Luz")
Sinopse: Uma manipuladora do caos. Depois de lutar contra o curandeiro da mansão dos soldados da luz, a origem de seu verdadeiro poder era apenas um dos mistérios que Theodora terá que enfrentar. A guerra c...
- A combinação de elementos não é completa e perfeita, como é a união de seus dois elementos, mas mesmo assim pode se tornar bem complicada. - Raphael falou, e eu me mantive concentrada na esfera de caos que pulsava a minha frente.
Raphael chamou seu próprio elemento. Pude sentir o ar se aquecer assim que escutei o som característico da manipulação de fogo. A esfera flamejante rodopiou tão rápido ao nosso redor que mal pude ver claramente seu trajeto luminoso.
- Como vamos fazer isso? - Perguntei.
- Provavelmente deve fazer algo muito semelhante como quando une a luz com a escuridão. - Ele respondeu. - Prendendo seu olhar no meu, deixando um sorriso divertido em seu rosto.
- Provavelmente?
- Eu fiz isso poucas vezes com Stefano. - Ele explicou, antes que eu pudesse formular a pergunta. - Dois elementos físicos combinados não é tão eficiente, e bem mais fácil de se fazer.
- Por que mais fácil?
- Por que durante os segundos de combinação vamos manipular juntamente, nossas mentes e corpos vão estar ligados por uma corda frágil, por um impulso quase imperceptível, que temos que nos agarrar e segurar firmemente. Isso só pode ser possível quando uma parte entende como funciona a manipulação da outra.
Eu entendia como acontecia a manipulação física, podia sentir agora mesmo o formigamento interessante que a manipulação da escuridão deixava pelos meus músculos ao drenar sua força. Mas Raphael não entendia a manipulação mental.
- Eu tive que ler um pouco sobre a manipulação da luz para isso ser possível. - Contou. - Não sei se entendi muito bem, mas... bom... vamos ver em que isso vai dar.
Assenti. Começando a ficar nervosa, eu não tinha muito ideia de como começar.
- Como essa conexão entre nós vai acontecer?
- No momento em que nossos elementos se chocarem. É importante que se mantenha firme com a intenção. Quando lutou contra Paula ou Jessè, o que sentiu quando o seu elemento se encontrou com o deles?
Parei para pensar um pouco.
- Era como se eu sentisse o ataque, sentisse uma dor incomoda mesmo que Jesse não realmente conseguisse me atingir. - Expliquei, e Raphael assentiu.
- É exatamente isso o que vai acontecer se não deixar claro para sua manipulação a sua intenção. - Raphael continuou. - Pense em unificação e não em ataque. Está pronta?
Assenti. E lentamente Raphael empurrou sua esfera de fogo para frente, em direção a minha.
Eu estava completamente concentrada, e controlando minha respiração a medida que minha esfera de caos também avançou, devagar.
Quando as duas estavam próximas o suficiente para se encostarem eu prendi a respiração. União. Pensei, transformando aquela palavra em manipulação. Assim como juntava luz e escuridão, permiti o caos a se abrir, a aceitar, quando o fogo tocou sua superfície. Eu arfei. Raphael suspirou. A intrusão do elemento dele no meu imediatamente deixando minhas defesas alertas, mas eu não a repeli. Manipulei mentalmente e fisicamente, quando as duas esferas finalmente se tornaram uma, pude sentir o calor da manipulação de fogo.
Assim como Raphael tinha explicado, senti o impulso, um que provavelmente estava vindo dele, para que pudéssemos empurrar os elementos ligados para frente.
Eu o fiz, meus olhos analisando a cor estranha que a esfera tinha se tornado. Algumas partes a energia roxa pura, e em outras o fogo laranja-azulado de Raphael, eles não tinham se ligado totalmente. A esfera era aterrorizante, pulsava cada vez maior quando os elementos encontravam seu lugar, rodopiando entre si em uma dança mortal.
Fiquei impressionada com a quantidade de esforço que aquilo estava demandando. Duas manipulações físicas sugando o meu corpo, e uma manipulação mental tirando suas forças de minha concentração.
Empurrei para frente, respirando calmamente, sentido todo o meu corpo latejar, e formigar. A esfera tinia e zunia, seu tamanho crescendo mais e mais.
Engoli seco, tentando controlar o poder, que começava a ameaçar sair de forma, moldá-lo, deixar a esfera mais condensada, mas aquilo era tão difícil quanto segurar água. Se estava tão complicado assim para mim, que já estava começando a me familiarizar com a união de manipulações opostas imagine para Raphael.
Senti que iria sair de controle apenas quando o manipulador de fogo já tinha erguido um enorme escudo de fogo ao redor da sala. A esfera que manipulávamos cresceu ainda mais rapidamente e o poder perdeu a forma. Escuridão já tinha se envolvido ao meu redor, quando eu tentava fazer com que o caos se formasse para envolver Raphael.
Nossa combinação bateu dura contra o escudo de fogo que protegia as paredes da sala, com um som ensurdecedor de uma explosão. A parede de fogo de Raphael pareceu diminuir contra a força da combinação e eu a reforcei com escuridão, ainda não certa que poderia manipular tanto caos em tão pouco tempo.
A combinação continuou a crescer, fora de meu controle, enquanto lutava para dissipá-la. Conseguir controle da manipulação agora que ela já tinha me escapado, era ainda mais dificil, por conta do fogo no meio do meu caos.
As paredes em torno da sala não iriam aguentar, percebi quando os elementos combinados se expandiram novamente. O som no lugar era incrivelmente assustador, e eu não tinha ideia do que poderia acontecer com tudo aquilo se aquela sala desabasse.
Meu corpo doía, cada pancada firme entre os elementos reverberando nos meus ossos e nervos. Quando pensei que a parede não fosse mais aguentar, a porta se escancarou. Luz, água, escuridão, terra, e ar se juntaram a nossa parede. Os elementos protegeram a sala da pressão da dilatação da combinação, até que finalmente tudo se dissipou. O barulho, sendo substituído por silêncio.
Gava. José. Jase. Stefano. Yara. Ka. Felipa, e Lura nos olhavam descrentes.
- Foi uma boa combinação. - Gava falou, para minha surpresa. - Se conseguirem fazer isso direito, vai ser um incrível trunfo em batalha.
Novamente, o silêncio que se seguiu foi desconfortável.
- Da próxima vez Jase e eu vamos ajudá-los, para evitar que algo assim aconteça. - José falou. - Mas realmente, isso foi incrível.
Aquilo estava acontecendo de verdade? Me perguntei. Nenhum bronca enfurecida por termos quase destruído o subsolo? Procurei por raiva nos rostos de cada um deles, e encontrei, Lura me encarava com além de fúria do olhar. Minha busca despertou. Todo o ódio que ela disparava sobre mim, com a certeza que eu podia sentir cada pedaço dele.
Encarei os olhos da garota, e franzi o cenho. Resolvi não comentar, apesar de não saber exatamente o porquê de toda a raiva. Quando Raphael e eu nos aproximamos do grupo, um tapa forte e rápido em meu rosto me pegou de surpresa. Levei a mão para minha bochecha em chamas, disparando meu olhar para Lura.
Eu ia quebrar a cara dela.
Antes que eu eu mesma pudesse fazer algo, Felipa já tinha se jogado contra a manipuladora da escuridão.
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