VINTE - Opostos - Parte I

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— Pode ser uma armadilha. — Gava falou assim que Raphael explicou o que tínhamos combinado por rádio.

Jase e José não responderam, eles pareciam concordar.

— Sabemos. — Stefano falou.

Felipa balançou a cabeça e resmungou algo. Ela parecia irritada, e quando Gava a olhou com a sobrancelha erguida, me preparei para entrar em uma briga.

— Quer dizer algo Felipa? — Meu pai perguntou, antes que a tensão se agravasse.

O olhar de Felipa saiu de Gava para Jase.

— Não é uma armadilha. — Ela falou certa.

— Como sabe? — Gava perguntou, torcendo os lábios. — Não espera que eu mande meu pessoal para morrer, não é?

— Pensei que queria se aliar aos anti. — Felipa retrucou.

— Em nossos termos, não nos deles. 

Por alguns segundos as duas se encararam, em uma briga silenciosa de vontades. Minha busca percebeu a certeza nas palavras de Felipa. Ela minutos atrás não tinha se oposto a ideia de que, talvez, aquilo tudo pudesse ser uma armadilha, o que tinha mudado?

— Não faz sentido. — Falei, começando a entender os pensamentos de minha amiga. — Os anti odeiam os manipuladores, e a ordem é o que tem de pior em nós. 

Felipa me deu um sorriso tímido, e assentiu.

— Pelo que percebi, estão com feridos, devem ter escapado por pouco dos moquifos, temos um inimigo em comum. Não vejo uma razão para que queiram fazer uma armadilha. — A manipuladora de luz continuou.

Stefano levou gentilmente a mão em suas costas.

— Ela está certa. — Meu irmão falou. — E mesmo que seja uma armadilha, mesmo que eles estejam desesperados o suficiente para isso, não vão ter chances contra nós. 

Eu ri, e podia jurar que até mesmo Gava deu um pequeno sorriso.

— Não vamos subestimá-los. — O treinador falou pela primeira vez. — Mas vamos atrás deles, se preparem para sair amanhã às 3h. Estamos a horas do lugar e ainda precisamos observar como estão as coisas naquela parte. Os anti podem não estar preparando uma armadilha, mas a ordem está em toda parte agora.

Jase assentiu.

— Acho que nós. — Meu pai falou apontando para todos menos Gava. — E talvez, Julliam, Gabieno e Lorena, podemos dar conta disso.

Se a mulher tinha levado aquilo como um insulto, não demonstrou.

— Certo. — Ela falou por fim. — Podem agora, e se preparem.

Estava quase deixando o lugar quando, senti a mão de Raphael tocar levemente meu braço.

— Não vá para seu dormitório ainda. — Pediu. — Quero treinar algo com você antes de irmos.

Hmm... Posso até imaginar o que é esse treinamento... Parece que o elemento de Raphael não é a única coisa q vai pegar fogo aqui... Escutei a voz de Felipa na minha cabeça

Lancei a ela um olhar zangado, e então segui o manipulador de fogo gostosão.


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— Acho que deve se lembrar da forma em que seu pai e o treinador uniram seus elementos enquanto tentávamos sair da mansão, não é? — O manipulador de fogo falou assim que entramos em uma sala de treinamento vazia.

Eu assenti, apesar da quantidade astronômica que todos nós tínhamos usados nossa manipulação, eu me lembrava de cada detalhe, pelo menos até que enlouqueci no trem.

— Você quer tentar? — Ele perguntou. — A combinação pode ser bem trabalhosa, mas o poder dos dois elementos unidos é bom maior.

Eu levantei a sobrancelha, apenas agora estava começando a pegar o jeito da manipulação da luz e do caos, não via como poderia aprender mais alguma coisa.

— Eu e você? — Perguntei.  — Já fez isso antes com outra pessoa?

Raphael soltou uma risadinha.

— Eu e Stefano já fizemos algumas vezes, mas tudo funciona muito melhor quando é entre um elemento físico e outro mental, a combinação fica muito mais forte. Esse é um dos motivos pra sua manipulação ser tão poderosa, além da escuridão ser um elemento físico, e a luz, um mental, ainda consegue juntar dois elementos plenamente opostos.

Franzi o cenho, pensando nas informações que ele tinha falado.

— Conseguir fazer uma combinação, seja usando a luz, ou o caos, pode deixar sua manipulação da luz e escuridão ainda mais sincronizada. — Ele explicou. — E não deverá ser dificil para você, equilibrar elementos plenamente opostos é centenas de vezes mais complicado do que apenas um físico e um mental.

Pensei cuidadosamente no que Raphael tinha dito. Eu sabia o tamanho da habilidade do manipulador de fogo, e se ele penava que aquilo de alguma forma ajudaria, eu estava disposta a fazer.

— Tudo bem. — Respondi, e ele sorriu, levando a mão rapidamente para ajeitar seus cabelos ruivos e um pouco maiores de quanto o tinha visto pela primeira vez. — O que devo fazer.

— Fique bem ai. — Ele apontou para o centro da sala. — E crie uma pequena esfera de caos.

As esferas não funcionavam muito bem com a escuridão, e consequentemente não eram a melhor maneira de manipular o caos, pode todas as vezes que tinha usado o elemento de forma involuntária ele tinha se manifestado sem forma, apenas poder bruto e selvagem.

Raphael percebeu minha hesitação

— Esferas não são a melhor forma de manipular fogo também, mas são ótimas para aprendermos auto controle e sutileza.

Aquilo realmente era algo que precisava.

Procurei o elemento dentro de mim, e a escuridão se manifestou rapidamente, sem que eu tivesse que fazer qualquer esforço. A luz, contudo, me deu um pouco mais de trabalho, mas graças as aulas de Tomás, aquilo estava cada vez menos dificil.

Não sei quanto tempo exatamente se passou, até que a esfera roxa estivesse rodopiando a minha frente, o elemento, pulsando por todo o poder condensado.

— Ótimo. — Ouvi Raphael elogiar. — Está cada vez melhor, Theo. Agora a parte dificil, vamos combinar.


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