Os tímidos raios de sol invadem o espaço onde me encontro e praticamente me obrigam a abrir os olhos. Olho em meu redor e lembro-me a quem pertence este quarto. Sorrio ao reviver na minha memória cada momento da noite que passou.
Foi tudo tão natural, que o facto de apenas nos termos conhecido horas antes pareceu não interessar.Vejo o Rúben sair da casa de banho, em tronco nú e apenas com uns calções vestidos, e não consigo evitar observar cada pormenor seu. Há melhor maneira de começar o dia?
- Bom dia!- Profiro, sorrindo.
- Bom dia.
- Então... dormiste bem?- pergunto a sorrir.
- Vitória, é melhor começares a vestir-te... já está a ficar tarde.- Engulo em seco devido o quão diferente ele está em relação a ontem.
- Isso é tudo mau humor matinal ou passa-se alguma coisa?
- Vitória, vá lá... tens de ir embora.
Deixo escapar um riso irónico e volto a encarar Rúben, talvez para ter a certeza de que ele quer realmente que eu vá embora. E, infelizmente, tive essa certeza.
Saio da cama e visto a minha roupa interior de forma apressada, sempre sob o olhar atento do Rúben.- Mas quem é que tu pensas que és?- Falo, aproximando-me do jogador.- Aliás, quem é que tu pensas que eu sou? Levas-me para a cama, fazes o que te apetece comigo e depois mandas-me embora como se não tivesse acontecido nada?!
- Não estavas à espera que ficássemos apaixonados um pelo outro depois de uma noite de sexo, pois não?
- É claro que não. Mas nós estávamos a entender-nos bem e...
- Vitória.- Ele profere o meu nome, interrompendo-me.- Foi uma noite... apenas e só uma noite. Desculpa se te dei falsas esperanças... mas isto não pode voltar a acontecer. Foi só desta vez...
- Se não querias que isto acontecesse, porque é que te aproximaste de mim?! Porque é que me trouxeste até aqui?!
- Porque sou um homem como todos os outros... tenho as minhas fragilidades. E a forma como olhavas para mim deixou-me completamente atordoado... eu não consegui resistir.
- Fragilidades, Rúben? Estás a gozar com a minha cara? O que tu fizeste foi acrescentar mais um nome à tua longa lista de conquistas... e não tenho dúvidas de que vais fazer uso disso para te gabares entre os teus amigos.
As minhas forças, para continuar com esta postura firme e para não deixar as minhas emoções transparecerem, ameaçavam chegar ao fim. A intensidade do olhar do Rúben tornava o meu interior uma montanha russa de sentimentos tão diferentes.
Visto as minhas roupas de forma rápida e respiro fundo antes de voltar a encarar o Rúben.
- Tu não foste mais uma...- Ele murmura, concentrando o seu olhar no chão.
- Não gozes mais comigo, Rúben. Conseguiste o que querias... levaste-me para a cama no dia em que nos conhecemos. Estás feliz?
- Vitória, não é nada disso.- O jogador aproxima-se de mim e pega na minha mão, provocando-me um arrepio por todo o corpo.- É impossível negar a química que existe entre nós... mas... não dá.
- Tens outra pessoa?- Questiono, num sussurro. O medo da resposta percorre cada milímetro do meu corpo. No entanto, esta era a única explicação para o típico 'não dá'.
O seu silêncio foi a resposta mais clara que obtive. Senti um autêntico murro no estômago. Em apenas algumas horas, o Rúben fez-me vivenciar sentimentos que nunca ninguém o tinha feito. E sentimentos tão diferentes.
- Desculpa.- O jogador sussurra.- Eu não queria colocar-te nesta posição... mas, ontem, eu simplesmente não consegui resistir-te. O ambiente entre nós era tão intenso... foi como se algo me atraísse até ti. Mas eu não posso magoar a...
- Prefiro não saber o nome dela.- Profiro, interrompendo-o.- Tens razão quando falas na intensidade que existe entre nós... mas tudo o que é intenso, acaba demasiado rápido, não é?
O silêncio reinou entre nós durante breves segundos. Apenas nos olhávamos. Deixo escapar um suspiro e tomo a difícil decisão de ir embora e esquecer tudo aquilo que se tinha passado. Encaminho-me para a porta do quarto, mas sou impedida de o fazer quando o Rúben agarra no meu braço. Volto a encará-lo e o meu coração acelera como um louco quando tomo consciência dos escassos milímetros que nos separam.
- Não contes nada disto a ninguém, por favor. Fica só entre nós. Um segredo só nosso.
- Não precisavas de me dizer isso. Eu nunca iria falar disto a alguém.
Consigo reparar na sua respiração um tanto descontrolada. Fecho os olhos ao sentir uma leve carícia no meu rosto e estou prestes a perder a pouca capacidade de ser racional que ainda me restava.
- Eu não percebo que efeito é que tens em mim... mas é algo que eu não consigo controlar. Foda-se... tu consegues deixar-me completamente desnorteado só com um simples olhar... isto nunca me aconteceu.
- Então é melhor te controlares. Pensa na tua namorada e não magoes mais ninguém. Agora deixa-me ir embora... já chega.
- Estás a pedir-me para me controlar, mas e tu? Vais conseguir controlar-te?
A resposta a esta pergunta é óbvia. Não. Só o facto de estar tão próxima dele, deixa-me com uma enorme vontade de o beijar e esquecer tudo o que ele me havia dito.
- Se continuar perto de ti, não o irei conseguir fazer. Tudo o que me fizeste sentir, nunca ninguém o fez... em poucas horas, conseguiste conhecer-me como ninguém. Mas do que depender de mim, nunca mais nos vamos ver.
Olhamos uma última vez um para o outro durante breves instantes. Nós precisávamos um do outro. Os nossos olhares diziam isso.
A vida colocou o Rúben no meu caminho, mas rapidamente decidiu retirá-lo. No entanto, não deixa de ser bom pensar que o tive comigo mesmo que por apenas algumas horas. A vida decidiu dar-nos a oportunidade de experimentar o quão mágico seria se nos pudéssemos ter um ao outro... e, sim, foi mágico.Espero que tenham gostado!
Desculpem a demora a publicar, mas como devem perceber, a faculdade deixa-me praticamente sem tempo para nada!
Bom, falando da história... estou super entusiasmada com este projeto e espero que tenham gostado tanto deste capítulo como eu gostei de o escrever! ❤
O que acharam? A vossa opinião é muito importante! ❤
Até ao próximo capítulo!
Beijinhos
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