Capítulo X

2.3K 222 3
                                    

JUSTIN LAWFORD

Toda a alegria desapareceu, a luz se transformou em trevas, as cores ficaram mortas. Tudo de bom se foi desde o dia em que ela me desprezou.

Não voltei a vê-la, vou respeitar sua vontade, mesmo que a minha seja invadir seu quarto e possui-la novamente.

Não abro mais minhas janelas, não quero mais ver a luz, não quero ver a alegria, já que nunca mais poderei senti-la.

Ela não voltou ao meu quarto, nem para saber como estou, a meses não ouço sua doce voz, e ainda não entendo o motivo da mudança.

Talvez eu não mereça ser feliz. Deus deve estar me punindo pela morte de minha mãe.

Mas não entendo como poderia ter evitado isso. Não pedi para ser gerado.

Foram meses na escuridão total. Dentro do quarto e do meu coração.

Hoje fui informado que meus sogros chegaram para uma visita rápida à filha, e que lorde Bawdrick queria falar comigo.

Me forcei a me levantar da cama e me banhar, já que nem me lembro da última vez em que fiz isso.

—SPENCER. — grito por meu criado.

Logo a porta se abre.

— Pois não.

— Diga ao meu sogro que o aguardo.

— Como queira lorde.

Logo ele volta acompanhado do homem que gerou a criatura mais bela que conheço.

— Boa tarde meu genro.

— Boa tarde. Sente-se por favor. Pode se retirar Spencer.

— Com licença, senhores.

Ouço a porta se fechar.

— Como estão as coisas por aqui?

— Tudo como sempre. E no seu castelo? Não recebi mais notícias, conseguiu reverter a situação difícil?

— Sim. Graças a Deus e ao lorde tudo está melhorando. Pelo caminhar das coisas logo mais teremos uma das melhores colheitas, desde quando meu menino nasceu.

— Fico muito feliz em ouvir isso. Saiba que se precisar mais alguma coisa, ficarei feliz em ajudar.

— Obrigado. O senhor tem um bom coração. Saiba que apesar das circunstâncias, fico feliz que minha filha tenha se casado com um homem como um senhor.

Me limito a agradecer pelas palavras.

— Está feliz com a chegada do primeiro filho? Passei no quarto de Bea a pouco, ela estava um pouco indisposta, mas mesmo assim, está muito bonita grávida. Esta tão diferente, antes era só uma menina, agora está tão mulher.

Tento esconder a tristeza, como gostaria de ver minha esposa, saber como ela está.

— Estou feliz sim, sempre quis ser pai...

O barulho da porta chama minha atenção. Ouço passos apressados pelo piso do quarto.

— Nossa, mas para que tanta escuridão? — uma voz melodiosa desconhecida ecoa pelo ambiente.

— Minha querida, que modos são esses? Lorde Lawford não pode ficar à luz por problemas de saúde, como já te disse. Peço desculpa pois isso lorde.

— Tudo bem. Minha sogra, fico feliz em finalmente poder gozar de sua presença. Mas peço para que dá próxima vez que precisar falar comigo, anuncie-se antes.

— Peço perdão meu genro, mas o que tenho para falar não pode esperar. Tenho medo do que pode acontecer à minha filha. Nunca a vi tão triste.

— Do que está falando Ellen? Falei com ela a pouco, e me pareceu muito bem. Um pouco cansada apenas.

— Meu marido, você não a conhecê como eu. Ela me contou tudo. — Sua voz está chorosa — Se puder me responder lorde— se dirige a mim — Por que quer mandar minha filha de volta? Alguma coisa o desagradou?

Meu coração acelera. Como ela sabe dos meus planos? Ninguém sabe deles além de Spencer, e sei que ele jamais trairia minha confiança.

— Como a senhora sabe disso? — Não deixo der revelar espanto em minha voz.

— Então é verdade? — meu sogro se manifesta. — Eu não entendo, qualquer homem ficaria feliz em ter Beatriz como esposa. Ela é bela, prendada, um pouco teimosa e tagarela, mas também é doce e carinhosa. O que desagradou o senhor?

— Minha menina está aos pedaços lorde, conversei com sua aia, ela me disse que, nos últimos dias Bea mal se levanta da cama, não sai do quarto, não se alimenta direito e só faz chorar. Perguntei para minha filha o motivo da tristeza que vi em seus olhos, ela me confidenciou que ouviu uma conversa sua com seu mordomo. Disse que o senhor quer devolve-la. Te peço, pelo bem do bebê que ela carrega que fale com ela. Se quiser cancelar o casamento não posso impedi-lo, mas pelo menos pense em seu filho.

Meu coração se aperta em meu peito. Então foi esse o motivo da mudança. Lembro-me que pouco antes de Bea me contar sobre a gravidez, falei com Spencer sobre isso. Ela deve ter ouvido, deve ter entendido tudo errado.

Mesmo preocupado com ela, me sinto feliz. Então ela não me despreza, só está magoada pensando que não a quero mais.

— Meus sogros, peço que se acalmem. Se penso em abrir mão do meu casamento é pelo bem de Beatriz. Vivo trancado em meu quarto, na escuridão, não quero que ela viva o resto da vida dessa forma. Ela é uma ótima esposa, uma mulher bela e admirável, seria egoísmo de minha parte obriga-la a viver desse jeito.

— Então meu lorde, peço que reconsidere. Minha filha seria infeliz longe do senhor. — Minha sogra segura minha mão. — ela me confidenciou que o ama.

Sinto o ar faltar em meus pulmões. Ela me ama. Deus, ela me ama. Mesmo vivendo nessa situação ela foi capaz de me amar, não posso deixa-la ir.

— Reconsiderarei. Eu amo sua filha, e farei tudo para vê-la feliz. Essa noite irei falar com ela.

— Agradeço Lorde. Agora se me permite irei repousar um pouco, nossa visita será breve, então preciso descansar antes de partir.

Ela se retira, me deixando novamente sozinho com meu sogro.

Marcados pelo Amor (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora