Capítulo XIV

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BEATRIZ LAWFORD

Já fazem duas semanas que Ethan está no Castelo, pensei muito em tudo e decidi não arriscar, tenho medo do que esse louco é capaz.

Justin nos viu conversando no jardim, mas não deve ter visto ele segurando meus braços com violência, pois só perguntou o que achei do homem.

Mesmo odiando mentir, disse que o achei uma boa pessoa.

Desde então minha vida tem sido um terror. Sinto medo o tempo todo, o único momento em que me sinto segura é quando os dois estão em minha presença.

Essa noite acordei com Ethan dentro do meu quarto, me observando enquanto dormia.

Quando viu que eu tinha acordado sorriu de forma doentia e saiu sem dizer nada.

Está ficando impossível viver assim, com medo dentro da minha própria casa.

Essa noite vou conversar com meu marido. Ele saberá como agir.

Saio do quarto e vou em direção ao quarto de Joseph, como em todas as manhãs.

Assim que abro a porta meu coração despara. Seu berço está vazio. Me aproximo rápido e encontro um bilhete.

“Se quiser seu filho de volta terá que cooperar. Me encontre na clareira da floresta, ao entardecer, dessa vez você não vai fugir de mim. Venha sozinha, ou o menino morre.

                                 Do seu Ethan.”

Minhas pernas fraquejam e meu corpo cai ao chão. Eu entro em desespero, meu bebê, ele deve estar com fome, assustado e com um louco. A culpa é toda minha. Se eu tivesse falado com Justin isso não teria acontecido.

Depois de muito chorar corro até o quarto de Justin e entro sem bater. Estava tudo escuro.

— Justin — o chamo aos prantos.

Sinto mãos me segurarem e meu corpo desaba em seus braços.

— O que aconteceu Beatriz? Porque você está chorando assim?

— Me perdoe Justin, é culpa minha. Ele levou Joseph e eu não sei o que fazer.

— Do que você está falando? Quem levou nosso filho? Me explica o que aconteceu?

Ele tenta soar calmo, mas percebo sua aflição.
Me sento na cama e começo a contar.

— Eu conhecia Ethan, menti para você. Ele era meu amigo de infância e se apaixonou por mim, mas sempre o vi como um irmão. No dia em que saí de Eymor, ele me pediu para fugir com ele e eu neguei. Desde aquele dia não tive mais notícias, até o dia em que ele apareceu aqui. — Respiro fundo, Justin me ouve em silêncio.— Quando o vi, percebi que não era mais o meu amigo, ele estava perturbado, com raiva e me  agrediu. — ouço quando ele levanta da cama de uma vez.

— Como assim te agrediu Beatriz? E porque você não me falou nada?

— Ele queria que eu fugisse com ele e nosso filho, quando eu me neguei ele apertou meu braço com força, disse a ele que falaria para você e ele ameaçou te matar. Eu fiquei com medo, ele está doente Justin e não duvido que tentaria matar você.  — meu choro aumenta— Essa noite, acordei e o vi em meu quarto, ele não fez nada e saiu assim que percebeu que estava acordada, mas hoje, quando fui ao quarto de Joseph ele não estava no berço, em seu lugar estava isso.— Estendo o bilhete— ai está escrito que se eu quiser ver Joseph denovo tenho que me encontrar com ele sozinha na floresta hoje a tarde. Me perdoe Justin, estou com tanto medo.

Ele me abraça e seca meu rosto.

— Calma meu amor, você só fez o que achou certo. Você vai se encontrar com ele, mas não vai sozinha. Mandarei alguns guardas te acompanharem.

— Mas ele disse que vai mata-lo se eu levar alguém.

— Eles ficarão escondidos na floresta. Também estou com medo Bea, mas não adianta nos desesperarmos, nosso filho depende de nós,  e se é como você disse, Ethan está doente, não está pensando direito. Temos essa vantagem. Você confia em mim?

— Sim.

Ele puxa minha cabeça em seu peito enquanto afaga meus cabelos.

— Então fique calma, tudo ficará bem.

Fico quietinha sentindo seu cheiro e ouvindo sua respiração. Ainda estou com medo, mas me sinto mais segura com ele ao meu lado.

Chegou a hora de encontrar Ethan e resgatar meu filho. O plano era eu ir na frente e quando Joseph estivesse seguro em meus braços os guardas atacariam.

Quando cheguei na clareira ele já me aguardava.

— Fico feliz que tenha vindo meu amor.

— Acho que você não me deu escolha não é? Cadê meu filho?

— Calma. Ele está seguro. Como disse, se você cooperar o verá em breve.

— Quero vê-lo Ethan. Não terá nada de mim antes disso. Já vi do que é capaz, não vou arriscar mais. Eu fujo com você.— menti e seus olhos brilharam.

—Eu sabia que você ia perceber que na verdade me ama, só precisava de um incentivo.

— Sim, Ethan, me perdoe. Demorei para perceber. Mas se me ama de verdade, me deixe ver meu filho, ele deve estar com fome.

— Sim. Mas antes quero um beijo.

Sem ter o que fazer acinto e ele se aproxima.

Seus lábios tocam os meus e logo sua língua pede passagem. Sinto nojo e me seguro para não morder sua língua com força, mostrando minha repulsa.

Depois da sessão de tortura ele se afasta e entra na floresta. Logo volta com uma cesta e me entrega.

Vejo meu menino dormindo tranquilo e solto um suspiro.

O pego em meus braços e respiro fundo, sorvendo seu cheirinho.

— Agora vamos, não temos tempo a perder. Pode levar o garoto, ele até que é bonitinho e quase não chora.

Esse é o momento. Respiro fundo e grito a plenos pulmões.

— AGORA.

Assim que grito seis homens armados de suas espadas saem do meio da mata.

— Você me traiu. Sua vagabunda.

— Você sequestrou meu filho. Ethan, não queria que fosse assim. Você era um irmão para mim, mas você não me deu escolha. — Lágrimas molham meu rosto.

Ele me olha com ódio e retira um punhal da bainha que carregava na cintura.

— Você não será minha, mas também não será dele.

Foi tudo muito rápido, sinto uma dor aguda em meu ventre. Os guardas correm em nossa direção, Christopher atravessa a espada no peito de Ethan, que cai de joelhos. Sinto mãos tirando meu filho de mim, toco minha barriga e sinto algo molhado e quente.

Sangue. Minha vista fica turva, minhas pernas amolecem. Braços amparam meu corpo e a escuridão toma conta de mim.

Marcados pelo Amor (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora