Capítulo VII

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JUSTIN LAWFORD

Essa noite não consegui dormir. Meu cérebro não desligava. Eu queria adormecer sentindo seu calor e que seu lindo rosto fosse a primeira coisa que visse ao acordar.

Mas o que me restou foi sentir seu cheiro nos lençóis.

Eu queria que ela ficasse, mas praticamente a expulsei daqui depois de fazermos amor.

Não poderia correr o risco, se ela acordasse antes de mim, iria ver meu rosto.

Senti vontade de acertar um soco em mim mesmo quando percebi sua decepção. Ela tinha acabado de se entregar a mim. Que tipo de homem insensível eu sou?

É muito difícil viver assim, sou um infeliz deformado, e farei com que ela seja infeliz também.

BEATRIZ LAWFORD

Acordei com a luz do sol banhando minha face. Me levanto e me olho no espelho, olhos inchados denunciando o quanto chorei na noite anterior.

Não me arrependo de ter me entregado a ele. Foi bom. Mas não deixo de ficar triste por acordar sozinha na minha cama.

Peço para que tragam água quente e tomo um banho.

A água morna e a mistura de sais e ervas relacham meus músculos, me sinto bem melhor quando termino. Coloco um vestido verde com decote quadrado e mangas longas.

A porta se abre e Ivy coloca a cabeça para dentro.

— Posso entrar Bea?

— Sim. Teminei de me banhar agora. Poderia me ajudar a trançar meus cabelos?

— Claro.

Ela entra, pega a escova e começa a desembaraçar os fios cor de cobre.

— Você andou chorando? Se algo tiver a incomodadando sabe que pode desabafar comigo. Não posso fazer muita coisa, mas faz bem colocar para fora.

Não tenho segredos com ela. Não a vejo como empregada, mas sim como uma boa amiga.

— Essa noite me entreguei a meu marido.

— Até que enfim. Mas então porque está triste assim? Ele a machucou?

Rio sem humor.

— Não. Muito pelo contrário. Foi maravilhoso. Mas assim que terminamos ele mandou que eu saísse do quarto.

Ela para os movimentos da escova e encara meu rosto no espelho.

— Bea, moro nesse Reino desde que nasci. Quando era pequena, o lorde do castelo ainda era seu finado sogro. Desde aquela época, ninguém via seu marido fora do castelo. As pessoas dizem que ele nunca sai daquele quarto, não deixa ninguém vê-lo . Não sei o motivo dele, mas apesar de você ser sua esposa, é muito recente. Tenha paciência.

— Eu sei. Mas não consigo deixar de ficar triste.

— Entendo. Mas não pense mais nisso. Quando estava subindo para ca, encontrei com o senhor Spencer. Ele pediu para avisa-la que o lorde deseja vê-la.

Sinto uma pontada de felicidade.

— Então termine isso de uma vez.

Ela ri de minha animação repentina, enquanto termina de arrumar meus cabelos.

Passo um pouco de perfume atrás das orelhas e vou para o quarto ao lado.

Bato na porta e meu marido me manda entrar.

— Spencer disse que queria me ver.

— Sim, queria lhe desejar um bom dia e me desculpar por ontem, sei que ficou triste.

— Tudo bem meu marido. Não posso negar que gostaria de ter passado a noite toda ao seu lado, mas como já disse, respeito seus costumes.

Sinto seu corpo se aproximar do meu. Seus braços rodeiam minha cintura e ele beija meus lábios com ternura.

— Então posso procura-la a noite em seus aposentos?

— Sim. Cumprirei com meus deveres de esposa.

— Não quero que faça isso por obrigação, quero que deseje isso, tanto quanto eu.

— Eu desejo meu marido. Tenha certeza disso.

Ele sela nossos lábios novamente e depois se afasta.

— Você vai sair?

— Pensei em ir ao vilarejo falar de meus planos de dar aulas. Tudo bem?

— Claro. Se precisar de algo não deixe de me avisar.

— Sim. Com licença.

São do quarto mais animada do que entrei.

Dessa vez Ivy me acompanhou, aproveitou para visitar a mãe e os irmãos.

A maioria dos moradores concordaram com meus planos. A partir da próxima semana enviarão seus filhos ao castelo todos os dias pela manhã.

Voltei para meu lar mais confiante. É bom se sentir útil e fazer algo bom para os outros.

Marcados pelo Amor (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora