CAPÍTULO 3

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— Tenham uma ótima semana senhora e senhorita Cliverfild! – eu me despedi das duas damas, que desciam as escadas da igreja enquanto acenavam para mim sorridentes.

Agradeci por finalmente ter me livrado daquelas duas tagarelas, que não paravam de falar um minuto sobre o quanto a celebração de hoje havia sido produtiva a ponto de deixar os fiéis concentrados na palavra de Deus. Embora elas não deixaram de levantar que me observaram um tanto distraído e inquieto em alguns momentos.

De certa forma, elas não estavam erradas quanto a esse detalhe, eu nunca quis tanto que todas aquelas pessoas fossem embora da igreja. Pra sincero, resumi uma missa de uma hora e meia à uma hora, ou menos que isso.

Angustiado com a batina que eu vestia, eu fechei as portas e desci para o quartinho nos fundos da sacristia, ansiando por um banho refrescante de banheira e roupas mais leves.

Depois de me despir de todo aquele tecido pesado, eu pus a banheira para encher. A água quente parecia no ponto, então deixei que o conteúdo transparente preenchesse o fundo da banheira e voltei ao quartinho para relaxar um pouco sobre minha cama. Que por sinal não era lá de muito conforto.

Eu me estiquei por cima dos lençóis e alcancei a gaveta de cima do criado-mudo, pescando do interior uma carteira de cigarros lacrada.

Comprei já faz um tempo em uma lojinha de conveniências aqui perto, parecia tão errado fumar na época que acabei desistindo. Eu me perguntava sempre o motivo de eu ter comprado aquilo se não iria me beneficiar em nada. E agora eu sabia a resposta, estava guardando para o dia em que eu tivesse coragem.

Assim que encontrei um esqueiro, abri a embalagem retirando um cigarro que pus entre os dentes, quando ascendi, a ponta queimou devagar vertendo uma fumaça branca e espessa. É, até que não demostrava ser tão ruim quanto imaginei. Eu dei uma forte tragada no cigarro que no mesmo segundo encheu meus pulmões de nicotina e monóxido de carbono.

A sensação térmica me fez engasgar e a tossir por conta da fumaça que inalei.

— Puta merda. – baforejei tossindo em descontrole, em seguida me recuperando.

Apesar do gosto amargo e abafado, tinha um toque especial manter àquele pedacinho cilíndrico na boca. Aliás, não existiam no mundo muitos padres que fumavam, existiam?

Eu me levantei da cama, completamente despido, a umidade do quarto me fez estremecer ainda que a temperatura estivesse regular. Ao andar para frente, paro diante do espelho, que me permite ver meu reflexo da cabeça aos pés. Meus olhos foram diretamente nos contornos salientes do meu tórax, que estampa a tatuagem da cabeça do  bode.

Por mais que eu me esforça-se para lembrar quando foi que eu a fiz, as tentativas eram inúteis. Uma ou duas vagas lembranças, ou seriam sonhos que eu mal podia lembrar? A verdade é que eu nem me importava mais com essa questão. Olhando assim, a tatuagem me fazia parecer mais atraente, apesar de ser incrivelmente assustadora não saber como ela foi parar alí.

Eu recém havia tocado aquela região com as pontas dos dedos e cada toque provocou uma vibração gostosa nos músculos rígidos do meu corpo. Meu mastro parecia uma tora ereta de tão duro que estava, as veias em volta pulsavam e minhas bolas doiam na vontade de receber carícias.

Às lembranças das sessões de sexo com Katarina retornavam constantemente na minha cabeça. Aquela vadia insistia em invadir os meus pensamentos o tempo inteiro. Mas nem tudo era sexo e eu precisava manter o controle.

Dando uma última tragada no cigarro, eu soprei fumaça e lancei a bituca na lata de lixo, depois caminhei para o banheiro e me afundei na água morna da banheira.

O Padre:(+18) COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora