CAPÍTULO 15

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“Dedicatória especial a leitora lidiajosefa. Obrigado por encontrar o Henry perfeito. Espero que este capítulo preencha todas as suas dúvidas.”♡

— O que você andou tomando, Henry? – Oliver perguntou, fazendo-me travar os passos na metade do caminho até o carro.

Eu me viro para ele, encarando sua pose de interrogatório e preocupação. Com as mãos nos bolsos da blusa ele anda devagar até mim. Estamos em frente ao hospital central de Sioux Falls, são sete da manhã de sábado. Após precisar passar a noite aqui eu finalmente havia sido liberado para voltar para casa. Foi um alívio para mim saber que o meu repentino desmaio havia sido causado por um forte mal estar, eu definitivamente estava fora de quaisquer risco de saúde. Mas não era só isso, o médico  perguntou se nos últimos dias eu tenho andado muito estressado e também fez a mesma pergunta que Oliver.  A princípio, alguma coisa aqui dentro  me fez estremecer, então a sensação desaparecia e voltava, a culpa mesmo distante continuou, mas não tinha nada, nenhum fragmento sequer relacionado a administração de medicamentos alucinógenos.

Fiz um esforço na tentativa  de lembrar, mas era como procurar uma agulha no palheiro. Por vezes, em certas dessas ocasiões, parecia que partes da minha vida haviam sido desintegradas, apagadas. Isso com certeza me preocupou bastante, mas pode ser que eu estivesse estérico, pois ainda estava me recuperando do incidente.

Oliver balançou a cabeça, como se o meu silêncio fosse o bastante para que ele soubesse da verdade. Ele parecia tão cheio de dúvidas quanto eu.

— Tem dificuldades em pegar no sono? Não consegue dormir a noite? – Insistiu e eu não via nenhuma brecha para escapar daquela conversa.

Vasculhando minha mente, eu mais uma vez me vi perdido no centro de uma escuridão infinita. Por que eu não lembrava do que aconteceu? Por que merda Oliver se importava com essa bobagem? Por que o esforço falho me fazia sentir uma angustia incomoda no peito? Se passasse mais tempo com aquilo martelando o meu cérebro eu juro por Deus que ficaria maluco.

— Henry? – Ele chamou franzindo a testa.  — Ta tudo ok aí?

Com uma das mãos no meu ombro, Oliver se aproximou mais, encontrando meus olhos na espera de uma resposta.

— Se importa de me levar até em casa? – Foi tudo que eu disse.

Ele não discordou, nem tentou fazer outra pergunta, no geral, eu sabia que ele precisava de algumas respostas. Mas ele respeitava o meu espaço, não faria nada que me deixasse inquieto e ainda mais confuso. Talvez eu realmente estivesse precisando de um dia inteiro de descanso, quem sabe depois eu mesmo teria respostas para preencher certas lacunas.

Nós entramos no conversível e partimos pela alameda principal, fizemos uma curta pausa na cafeteria para pegar dois expressos, minutos depois já estávamos em frente ao meu prédio. Oliver parou o veículo no acostamento, ninguém disse uma só palavra  por bastante tempo. O clima lá fora tinha mudado desde o percurso do hospital até aqui. A densidade pesou no céu e as nuvens ganharam um tom mais escuro. A intensidade do sol diminuiu, cobrindo a cidade com um véu sombrio tempestuoso.

— Parece que vai chover. – Ele exclamou olhando pela janela do carro.

— Sim. – Eu disse, vislumbrando as gotinhas iniciarem sua queda lenta.

Houve um longo silêncio novamente, rompido pelo barulho intenso da chuva, que agora caia agressiva.

— Por que precisou fazer todos aqueles exames? – Ele em fim indagou.

Organizo os pensamentos antes de dizer qualquer coisa. Por que era tão difícil? Respiro fundo, lembrando do que eu precisei dizer ao médico quando acordei no hospital após quase duas horas inconsciente. Eu disse a ele sobre o que aconteceu no banheiro, a sua reação me fez perceber que logo lhe surgiu teorias. Ele passou alguns exames, incluindo tomografia e ultrassonografia dos pulmões. Eu subitamente me entreguei a um medo degradante, que desapareceu quando os resultados não revelaram nenhuma  anomalia. Fora isso, o alívio que  tive fez algum sentido...

O Padre:(+18) COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora