Capítulo 11

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Eu estava vestindo um roupão de seda cor nude. Tomava uma taça de vinho e olhava para a janela, mas era notório que eu estava perdida em meus pensamentos. Eu mexia no lábio inferior,essa é uma mania que eu tenho desde pequena. Faço isso quando estou pensativa.

Logo ouvi uma porta bater e alguns passos vindo em direção a cozinha

-- Oi, amor.- era o Caio

Olhei para ele e dei um sorriso forçado.

-- Chegou cedo hoje?

-- Sim...- eu parecia incomodada com a presença dele.

-- E o que fez? Apenas tirou as fotos pra revista?

-- É. Depois conversei com o pessoal da editora.

-- Ótimo! Já imagino. Vai ser um estouro! Esse novo livro promete. Vamos ganhar uma grana doce, Madu!- quanto entusiasmo da parte dele, já da minha, não parecia ter.

Ri como resposta. Ele beijou meu rosto e saiu da cozinha.

Demorou menos de 20 minutos e voltou. Eu estava imóvel, no mesmo lugar, ainda pensativa e prendendo o choro, dava pra perceber. Eu me observava ali e tentava entender alguma coisa. Caio se aproximou de mim:

-- Por que está tão cabisbaixa?

Silêncio

-- Madu, eu tô falando com você.- insistiu

Silêncio

Ele se aproximou e eu não consegui conter as lágrimas

-- Por que está chorando? Deveria estar feliz que..

-- Feliz?!- interrompi- você ainda pergunta porque estou cabisbaixa? Como pode fingir que nada acontece? Como?

-- Você deveria estar feliz. Aaah, deveria. E me agradecer, pois tudo que tem hoje, deve a mim.

-- Você só ajudou a destruir minha vida!- gritei

Ele virou pra mim e me segurou com um movimento brusco, apertando os meus punhos

-- Escute aqui, Madu! Não vou permitir que jogue tudo fora, entendeu? Não vou!- ele gritava

-- Você está me machucando!- falei tentando me livrar dele.

Ele me soltou, colocou as mãos no rosto

-- Bom, você sabe o que tem que fazer. - disse e saiu da cozinha me deixando só.

Fiquei de longe me observando cair no chão e chorar. Só chorar...

Eu já estava procurando a pedra quando percebi que a minha Madu do futuro levantou e foi até uma gaveta que tinha no armário, abriu e de lá tirou uma pequena agenda azul marinho. Me aproximei para tentar ver o que tinha escrito lá. Na agenda tinha algumas palavras com a minha caligrafia

Celso: quarta-feira, 18:30h
Peter: quinta-feira, 20:00h
Fernando: sábado,14:00h
Junior: sábado, 20:00h

Eu acho que estava entendendo tudo. Não podia acreditar. Eu estava me prostituindo? Em troca de quê? Por quê? Pra quê?

Me vi pegar o telefone e digitar um número:

-- Alô? Senhor Celso? Gostaria de  confirmar nosso encontro amanhã as 18:30h...

Eu não conseguia entender mais nada. Por que eu estava fazendo aquilo? E por que Caio me infuenciava tanto, por que me obrigara?

-- Tudo bem.- continuei me ouvindo falar na ligação.-E as fotos da revista?... Ótimo! Até amanhã, então.

Fechei a agenda com muito ódio.

Voltei para o chão e chorei até cansar. Aquilo era aterrorizante para mim, mas fui dar uma olhada na casa. Provavelmente era minha, pois a decoração era muito a minha cara... fiquei admirada com tudo ao meu redor, mas, de repende a pedra começou a iluminar sozinha. Droga!!


Não sei porque, mas imaginei que estava na hora de voltar. Peguei a pedra, deslizei meus dedos sobre o nome e logo a luz incandescente tomou conta de toda a minha visão. Quando abri os olhos, estava no banheiro do quiosque.

Meu Deus! O pessoal deve estar me esperando...

Antes mesmo de chegar até a mesa, percebi que já me olhavam desconfiados. Carol principalmente.

-- Onde você tava?- perguntou com cara de preocupada

-- Eu...

-- Você tá bem?- falou Caio tocando o meu braço e eu recuei com um movimento brusco. Nos olhamos por um instante e eu me dei conta da minha grosseria.

-- Tá! Me desculpa... tá tudo bem.

Eles me olhavam sem entender

-- Eu só estou um pouco tonta.- tentei tapear

-- Mas você nem bebeu tanto assim.- foi a vez de Lucas falar.

-- É, tem algo errado que eu sei.- falou Carol

Caio continuou calado. Me sentei e não bebi mais nada até o final do encontro. Eu e Caio não nos falamos mais e evitamos até contato visual. Todo mundo percebeu o climão e decidimos ir embora.

Graças aos céus!

Quando chegamos em casa, Carol já me olhou brava

-- Não, Carol. Eu não tô a fim.- antecipei

-- Só me fala o que está acontecendo, Madu.- insistiu ela

-- Nada. Não está acontecendo nada.

Ela respeitou. Fui pro ateliê e fiquei por lá mesmo. Demorei pra pegar no sono, e quando cochilei por uns trinta minutos, me lembrei e dei um pulo do sofá-cama

Droga! Porcaria! O comercial!

A Lua e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora